sábado, 17 de outubro de 2015

Mudei minha opinião sobre movimentos de minorias gerarem ódio

     Já dizia um sábio, que pessoas não inteligentes falam sobre pessoas, pessoas médias falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias. Dentre as ideias, ouso acrescentar, existem as que são importantes e as que não são importantes. Sinceramente, é muito triste ter que escrever sobre coisas menos importantes, eu gostaria muito de escrever agora sobre coisas importantes como a relação entre a vida e a morte, sobre amor e sentimentalismo ou sobre o perigo da vida eterna, porém é triste ter que conviver com pessoas que param em discussões já superadas, questões que, no fundo, se refletem em fazer o bem ou fazer o mal a outras pessoas, mas que por mesquinharia continuam a ser discutidas com fé cega.
     Tudo bem, sobre o que escrevo? Sobre a mudança de minha opinião a respeito de movimentos de minorias gerarem ódio, piorarem a situação. Por exemplo, eu achava que a demanda por cotas não gerava radicalismos para aqueles que eram contrários. Eu, pessoalmente, não iria ficar com ódio por haver pessoas defendendo as cotas e não compreendia por que essa discussão aumentaria radicalismo para os dois lados.
      Sangue atrai sangue, ódio atrai ódio. Quem me conhece me considera uma pessoa calma, mas, sinceramente, quando alguém aponta o dedo na minha cara e me acusa de algo que não fiz com base em um raciocínio viciado, repleto de ódio em sua voz, não há como não sentir raiva. Não deixo a raiva se transformar em ódio, mas é compreendível (não correto, mas compreensível) pessoas que não tinham ódio passarem a ter ódio de quem faz esse tipo de coisa.
     O que aconteceu? Após a pichação que dizia, diretamente ou indiretamente (não vi a pichação), que negros não são inteligentes, os negros da faculdade se uniram para realizarem um protesto. Justo? Sim, justo. O que critico são os meios. Chamar atenção é algo justo, mas prejudicar os outros não. A pessoa é livre para se expressar, mas não é livre para obrigar as pessoas a a ouvirem. Tocar um tambor para chamar atenção é justo, porém o fazer no horário de aula não. Tudo bem, teve autorização do professor, não é tão ruim, mas ao se fazer em uma sala se atrapalhava as salas ao lado. Considero isso um desrespeito.
     Após o tambor entra uma moça gritando com todo mundo que a culpa é de cada um pelo racismo, dizendo que todos tiveram um tratamento bom por ser branco, enquanto os negros não, dizendo que nós tínhamos medo de mais negros entrarem na faculdade, que deveríamos ter vergonha de estar em uma sociedade com poucos brancos. Só no final dirigiu uma palavra especialmente para a pessoa que fez a pichação. Posso, legitimamente, porém não por uma certeza lógica, deduzir que todas as outras palavras duras foram dirigidas a cada um que não escreveu a pichação, inclusive as palavras baixas que usualmente chamamos de palavrão.
     Generalização desse tipo é extremamente preconceituosa e falha. Tome o exemplo de alguém vamos supor que seja branco, mas cuja família migrou para o Brasil em 1930, por exemplo (caso hipotético), que culpa os antepassados dessa pessoa teve? Que culpa ela tem? Se disserem que ela é culpada por ser branca, então a divisão artificial da sociedade em grupos atingiu um nível de paradigma: a pessoa só consegue pensar em grupos, e não em indivíduos. Não importa se os indivíduos integral o grupo de modo coerente ou não, a realidade para essa pessoa é o grupo, e não os indivíduos. Se disserem que essa pessoa hipotética não é culpada mas que os demais são, então ela ainda é preconceituosa e deve pedir desculpas para qualquer pessoa que não se enquadre no que disse (seja o que disse verdade ou não, sejam os descendentes dos donos de escravos culpados ou não), mas por que dificilmente elas fazem isso? Por suas ideias serem ódio e seu motor ser a raiva, admitir que o que diz não se aplica a todos do grupo a que culpa é enfraquecer seu argumento pela análise racional, e isso não é possível. Admito, há exceções, e essas exceções pedem desculpas a quem ouve sem ter culpa; eu peço desculpa e eles. Pode ser que existir tais pessoas diminua a força do meu argumento, porém nunca parti de generalizações como "todos os que defendem as minorias" ou algo assim.

     O que eu acho que está acontecendo? Pegue uma sociedade razoavelmente em ordem, insira nessa sociedade que um grupo é prejudicado por conta de outro. É verdade que há questões históricas, mas crie nessa sociedade dois grupos, para ter um "nós" contra "eles". Separe essa sociedade nesses dois grupos e faça discursos de ódio, ou, pelo menos, discursos culpando um grupo pelas mazelas do outro grupo. A lógica deve deixar de ser pelos indivíduos e passar a ser pelo grupo a que se pertence. Mesmo que ninguém do grupo pense dessa forma, não importa, você está dizendo sobre o espírito daquele grupo, sobre preconceitos tão profundos que nem mesmo quem está no grupo percebe.
     Faça isso com eficiência e você incitará ódio no grupo que se diz explorado. Obviamente, não todos cairão nesse discurso, mas esses serão um grupo silencioso em meio a uma minoria barulhenta. Quando esse grupo com ódio começar a acusar o outro, pedir privilégios, reduzir todo o debate a uma discussão entre "nós" contra "vocês", entre o "bonzinho explorado" e o  "malzinho explorador", então você também incitará ódio em meio a pessoa do grupo que não é explorado, mas que se sente injustiçado pelas acusações. Esse tipo de movimento, por mais que muitos indivíduos tenham a boa fé de tentar defender quem é oprimido, gera ódio e divisão social. Não justifico os atos das pessoas que agem de boa fé nessa situação, pois embora elas queiram o melhor para o que pensam ser o grupo elas, estão começando a usar meios que fogem do respeito ao próximo, e não irei justificar o desrespeito fundado no bem comum ou algo assim.
     Em suma, movimentos pró minorias geram SIM o ódio na sociedade quando desrespeitam quem não tem nada a ver com a história.


Obrigado, foi mais a título de desabafo. Não sou uma pessoa que se deixa guiar pelas paixões, mas se começarem a me acusar de ser racista e de ter culpa pela escravidão e pela pobreza alheia, vou seguir o conselho daqueles (idiotas) que dizem "quem se omite já escolheu um lado" ou "quem está em silêncio também oprime", para, se é que já tenho um lado, defendê-lo com mais ânimo. Não vou abraçar o ódio, mas não vou ficar ouvindo calado se essa falta de respeito continuar.

sábado, 3 de outubro de 2015

[Vídeo] Resumo livro "Civilização"

https://youtu.be/kH46dPhQpz4

Resumo do livro "Civilização" de Niall Fergunson, em que ele procura explicar o motivo de o Oriente, tão avançado em tecnologia e conhecimentos, foi ultrapassado pelo Ocidente. Muito interessante.