terça-feira, 8 de março de 2016

Compilação de argumentos ruins defendendo algo diabólico

Em defesa do homicídio
Compilação de argumentos ruins defendendo algo diabólico
Um texto de alguém consciente

1 Da realidade

     A realidade é que no Brasil o homicídio é um problema em grandes proporções. Quase 60 mil mortos em 2014. 160 mortes violentas por dia. 28,9 mortes por 100 mil habitantes. Cerca de 6 a 8% dos homicídios são punidos.
     Outra realidade é que, mesmo quando há prisões, elas não reeducam as pessoas. Obviamente, com 6 a 8% de homicídios punidos (10% resolvidos), não é possível obter dados confiáveis, mas qualquer um sabe que as prisões não reeducam as pessoas.
     Um dos problemas das prisões é a estigmatização dos presos para a vida social. Mesmo após supostamente terem pagado por seus atos, os presos não conseguem se reajustar na sociedade, tendo dificuldade em encontrar emprego, seus antecedentes criminais, que deveriam ser sigilosos, são facilmente descobertos por empregadores.

2 Dos argumentos principais

     A inevitabilidade do homicídio: Em toda comunidade humana houve homicídio. Até mesmo na bíblia, em que Caim matou Abel. Daí decorre que o homicídio é uma condição natural do ser humano. Mesmo com o Estado proibido, ele continuará ocorrendo, e nada impedirá que ocorra.
     A punição apenas piora a situação: Mesmo que muitos moralistas considerem o homicídio um pecado, e daí queiram proibir o homicídio mesmo ele sendo algo da natureza humana, como visto quando falamos da inevitabilidade do homicídio, a verdade é que a punição do homicídio apenas agrava o problema. A pessoa que mata a outra, ao perceber que poderá ser presa pela polícia, certamente poderá pensar em matar outras pessoas, como policiais, justiceiros, testemunhas, juízes e promotores pela ameaça que essas pessoas lhe oferecem. Isso somado ao fato de que a prisão não recupera o condenado, permite concluir em nosso iluminado raciocínio que proibir o homicídio apenas aumenta o número de homicídios.
     A punição gera injustiça: Todos sabem que apenas as minorias são presas no Brasil. O sistema funciona para que muitas pessoas possam violá-lo, mas só os mais fracos sejam punidos. Por exemplo, os pobres não conseguem contratar advogados bons, o que os levam a serem presos por homicídio enquanto os ricos que matam (ou pagam para matar) contratam advogados bons ou contratam pessoas eficientes para fazerem o serviço, ou mesmo subornam as autoridades e não são punidas. Isso implica que esse sistema criminal de punição do homicídio é terrivelmente discriminatório contra as minorias. É um meio da elite se manter no poder e jogar para as prisões qualquer pessoa que questione o "status quo". Daí se conclui que o sistema criminal é injusto, apesar da elite dizer que é um sistema que defende a justiça.
     A punição é um desperdício de dinheiro. Ora, se o homicídio sempre acontecerá e o sistema criminal é falho propositadamente (como explicado em "a punição gera injustiça"), além do fato de que 10% dos homicídios são resolvidos e menos são condenados, conclui-se que existe um enorme desperdício de dinheiro do governo. Em vez do governo se preocupar em dar saúde, investir em material didático de ideologia de gênero e financiar movimentos de descriminalização da pedofilia, ele emprega o dinheiro de modo a gerar sofrimento aos homicidas, mas, como visto, não a todos os homicidas, apenas aos homicidas que se opõem às elites que dominam o sistema.
     A punição gera mazelas para os presos. Os presos não conseguem encontrar emprego. As elites têm o maior interesse de vazar informações sobre quem já foi preso para que ele seja punido pelo resto de sua vida, e não apenas na prisão. Isso é um sistema maquiavélico de controle social, em que se constrói uma estrutura preconceituosa contra os presos, que são majoritariamente minorias, em preservação do sistema oligárquico opressor. Não existe preocupação na recuperação do preso durante a prisão e nem em dar apoio a ele depois, o que apenas evidencia que o sistema funciona no sentido de tornar seus inimigos em menos humanos.

3 Dos argumentos ruins usados pelos opositores

      Os moralistas teólogos irão dizer que temos que nos preocupar com a vítima. A verdade é que ninguém se preocupa com os homicidas. A vítima já está morta. O moralista deveria ficar feliz, já que ela foi para o céu. A verdade é que a estrutura de aplicar sofrimento a quem faz o mal é uma estrutura opressora em sua raiz, uma vez que se prende ao paradigma de punir, e não avança para o tratamento e nem para a aceitação.
     Outros dirão que legalizar o homicídio fará com que o homicídio aumente. Isso é um tolo engano, como demonstrado no tópico "A punição apenas piora a situação".

4 Da falácia principialista

     Argumentam os opositores da proposta que "matar é errado", apenas baseando-se em aspectos teológicos e bíblicos (mandamento do "não matarás"). Ora, matar é errado para eles, que não se abrem para a multiculturalidade dos povos. E se houver um povo em que matar não é errado? Havia povos que sacrificavam os inimigos, outros que praticavam o canibalismo, outros que davam as crianças ao fogo. Se prender ao argumento teológico é abdicar da razão e da aceitação do diferente.
     Outra forma de se contra-argumentar à alegação de que "matar é errado" é dizer que impor o sofrimento ao outro também é errado. Tirar a liberdade de outra pessoas também é errado para os principialistas. O fato é que a morte já aconteceu, então a consequência será a imposição de privação e sofrimento a uma pessoa, ou seja, tenta-se corrigir o mal com mais mal. Daí se conclui que os principialistas são incoerentes.
     O principialismo não considera o bem social. Uma vez demonstrado que a punição gera mais homicídios, que agrava a situação do condenado, que viola a liberdade religiosa das pessoas (por causa dos argumentos teológicos que querem impor que todo pecado deve ser crime), o principialismo não preserva o bem comum. Quando dizem "bem comum", uma pessoa perspicaz e iluminada como eu deve ler "bem das elites".
     A ultravalorização da vida. A verdade é que toda a construção principialista passa por uma sacralização da vida. A verdade é que em nossos tempos contemporâneos, a vida deve ceder espaço para outros valores: a liberdade dos homicidas, a saúde e a alimentação dos dependentes financeiros dos homicidas, a eficiência do sistema que não se preocupa com algo que não consegue controlar, com progresso histórico pela superação da dialética final entre as elites capitalistas e as minorias oprimidas.

5 Conclusão

     A conclusão óbvia para tudo o descrito acima de modo genial e belo ("belo" só pode ser entendido apropriadamente após se superar a imposição cultural greco-romana de beleza, sendo o belo aquilo que eu sou e aquilo que eu considero belo - se aplica para você e para todas as pessoas sorridentes do mundo) é que eu sou uma pessoa imoral e ao menos tão inteligente quanto quem elogia pais, professores e "pets" no dia da padroeira do Brasil.


Falous, descupa aí a opressaum.

     Agora falando sério, não me apeguei a nenhum tema específico, só juntei peças de um quebra cabeça que não se encaixam.