sábado, 30 de agosto de 2014

[plebiscito] "todo o poder emana do povo"





      Só de se repetir ad nauseam uma coisa, ela não se tornará verdade. Corremos o risco de usar frases fortes para representar uma ideia, e perdemos o significado verdadeiro ao radicalizarmos o significado em uma frase de impacto.

       Falei de coisas abstratas, agora vamos para o concreto. As pessoas repetem e repetem (tornando suas línguas mais ásperas do que a do eco - só pessoas de bom gosto entenderão) que o "poder do povo" pode tudo", ele é soberano sobre tudo e todos, é autônomo, podendo criar leis para governar a si mesmo.
       Essa autonomia é tão valorizada que pensam que poderia subjugar as leis naturais e sociais. Basta o querer do povo para que qualquer utopia se realize, o que só não ocorrer por haver conspiração de pessoas gananciosas.
      De fato, parece que poucas coisas são tão poderosas quanto um exército de escravos iludidos pela promessa de que "o poder emana do povo", basta ver o poder do nazismo, do fascismo e do comunismo. Em nome do "povo", Mussolini matou opositores. Em nome do "povo" alemão, Hitler eliminou sistematicamente judeus, homossexuais, ciganos e outros grupos. "Em nome do "povo", Stálin, Lenin, Mao, dentre outros, tentaram controlar o pensamento dos cidadãos.

      "Democracia" é um governo que estabelece uma relação entre o governo (cratos) e povo (demos). A democracia não é um simples "governo do povo", em que "todo poder emana do povo e será em seu nome exercido". Regimes totalitários não são democráticos. A democracia é o espaço da liberdade, em que o poder está "no povo" (e não em um governo ou governante). Cada cidadão deve ser livre.
      Qual dessas duas situações parece haver democracia:
A - Um grupo de pessoas planta, colhe, caça, cria animais, pesca. Cada indivíduo escolhe o que comer no almoço. Cada indivíduo realiza suas atividades tendo em vista o que quer para si.
B - Um grupo de pessoas planta, colhe, caça, cria animais, pesca. No começo de cada mês, todos se reúnem para decidirem o que todos irão comer durante o mês em questão. Depois, as tarefas são dividias, e os habitantes podem se alimentar somente do que foi decidido.

     Por isso, repito: É mais importante limitar o poder do que decidir o que fazer com ele. É mais importante negar que o poder nos retire direitos fundamentais do que submetê-lo aos nossos caprichos. Os regimes totalitários são regimes de escravos, pois os cidadãos sacrificaram suas liberdades em nome de um governo todo poderoso.

      O que isso tem a ver com o plebiscito? Na verdade, eu estava lendo algumas notícias do site e me deparei com essa frase ("todo o poder emana do povo"), e resolvi criticá-la. Um plebiscito, por si só, não garante que se tenha um regime democrático ou que se preserve a liberdade. É uma mentira acreditar que do povo emana uma "vontade geral" que sempre está certa.
      A nossa constituição atual possui um núcleo com princípios basilares, as "cláusulas pétreas". O legislativo não pode alterar, por exemplo, o sistema "federativo" do Brasil ou o voto secreto. Há direitos que não podem ser removidos. Uma nova Constituição implica no risco de se mudar tais estruturas, pois não há regra que obrigue uma constituinte a escrever uma regra ou não escrever outra. O poder constituinte originário (que escreve a constituição) é ilimitado quanto ao conteúdo, poderia até mesmo transformar o Brasil em uma monarquia (não que isso vá acontecer).
     Meu alerta é o seguinte: Eles estão perguntando se você quer uma constituinte com poderes absolutos e que supostamente respeitará a "vontade do povo". Isso não é necessariamente democrático. Você não sabe o que eles farão com esse poder, e eles dizem pouca coisa sobre isso. Se for mais importante impedir abusos do poder do que determinar a finalidade do poder ("o bem comum"), então é preciso de cautela sobre esse plebiscito.


"Um estado totalitário altamente eficaz seria aquele em que o executivo todo poderoso, constituído de chefes políticos e de um exército de administradores, controlassem uma população de escravos que não precisariam ser forçados, porque teriam amor à servidão" A. Huxley.

Tenham um bom dia!


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sábado, 23 de agosto de 2014

[plebiscito constituinte] É legal?

      Imagine a seguinte situação: você é morador de um apartamento. Algumas pessoas querem reelaborar as regras referentes ao condomínio. Para isso, eles querem convocar uma reunião entre todos os moradores para realizarem uma votação se querem ou não que se mudem as regras.
      Imagine ainda que esse grupo de pessoas não conseguem realizar um convite formal a todos os moradores. Resolvem que farão uma reunião extraoficial para a votação. Observe aqui que a decisão, como não é formal, não terá força para obrigatoriamente mudar as regras, mas terá força política para forçar o síndico a fazer algo. No entanto, como não é oficial, o síndico poderia suspeitar que houve fraude.
      Em meio à correria, o grupo não consegue avisar todos os moradores. Muitos deles não sabem que há essa discussão e nem que haverá uma votação.

      A questão é: nessa situação, se você discorda da mudança, vale a pena participar? A reunião é extraoficial, não terá fiscalização adequada, é organizada por pessoas tendenciosas (quem organiza espera que o resultado seja "sim"), e nem todos ficaram sabendo. Mesmo assim, você sabe que poderá resultar em uma pressão política contra o síndico.
      Admito que estou em dúvida sobre qual o método de ação adequado. No entanto, parece-me que o mais indicado é não corroborar dessa votação. Simplesmente não votar.



Tenham um bom dia!


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[vídeo] Intervencionismo, uma terceira via?

Novo vídeo. Resumo sobre dois livros relativos ao intervencionismo. Será que o intervencionismo é uma terceira via entre o socialismo e o capitalismo?

http://cur.lv/cg0ho



Tenham um bom dia!


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sábado, 16 de agosto de 2014

[plebiscito] Sistematização

     Vou tentar aqui sistematizar o que eu penso sobre o plebiscito. Não haverá aqui necessidades lógicas, mas vestígios, se é que posso chamar assim.

1. Não temos garantia de que o plebiscito levará a resultados melhores.
1.1. Se o governo está dominado por um grupo muito forte, seja economicamente ou politicamente, (o que aparentemente a direita e a esquerda radical concordam, embora discordem de quem seja o grupo) o que impediria esse grupo de se aproveitar de uma nova constituinte?
1.2. Por que há vários grupos da situação política apoiando o plebiscito? Eles já estão no poder, se eles são grupos de pessoas abnegadas que farão o possível pela causa eles já não teriam efetuado muita mudança dentro do próprio governo?
1.3. Não é desculpa para o plebiscito dizer que a população "acordou" após as manifestações de julho. Se realmente a crença fosse essa, então não haveria tanta preocupação nessa eleição, ou se poderia discutir desde já algumas medidas.
2. O plebiscito foi feito em uma situação peculiar.
2.1. Após as manifestações de julho, para aproveitar as emoções do povo em busca de mudanças.
2.2. A ideia foi divulgada com pouco tempo após as manifestações.
2.3. O plebiscito será realizado com pouco tempo para as pessoas discutirem.
3. A pergunta do plebiscito é complicada.
3.1. A pergunta "você é a favor de uma assembleia constituinte única e soberana do sistema político?" é muito aberta. Só posso ser a favor de algo se sei quais são suas consequências, e não tenho garantias, como foi visto em 1.
4. Contexto das discussões
4.1. O próprio site ataca alguém que admite ser uma "caixa de ressonância da direita". É uma crítica "ad hominen", e não contra suas ideias.
4.2. Quando perguntado como será feito, o que será discutido, os defensores dizem que isso apenas será visto no futuro (em consonância com o item 1).
4.3. No entanto, há medidas que essas pessoas desejam, como o financiamento público de campanhas políticas. Se as medidas políticas só serão discutidas depois, por que afirmar que essa será?
5. Situações semelhantes:
5.1. Há pouco tempo, o governo argentino tentou um plebiscito contra o judiciário.
5.2. Hugo Chávez conseguiu poder com ajuda de um plebiscito
5.3. Ocorreu algo parecido nas vésperas da Revolução Russa.
Obs.: Observe que os tópicos do item 5 acima possuem tendências socialistas.
6. A conclusão que eu tiro disso é que a situação é extremamente complicada. Posso parecer uma pessoa defendendo teorias da conspiração, mas esses fatos me levam a pensar nisso. Espero estar errado, mas vou agir por o que minha razão me diz: o plebiscito é um golpe à democracia.

Links:
Vou postar direto o link que direciona ao marcador "plebiscito constituinte".

Tenham um bom dia!


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[vídeo] A lei, de Bastiat

Bom dia, vídeo sobre o livro "A lei", de Bastiat

http://cur.lv/c8cim

Bastiat explica o papel que o direito deve ter. Também faz uma crítica a uma "espoliação universal", em que cada um tenta viver à custa do outro, o que acaba gerando uma sociedade pior para todos. A solução contra a espoliação do outro é cessar a espoliação, e não espoliar outro.



Tenham uma boa tarde.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

[plebiscito constituinte] Vamos mudar o Brasil!

      Quando alguém quer mudar as regras de um jogo, eu vejo três situações:

a) A pessoa nunca concordou com as regras.
b) A pessoa não conhecia as regras no começo. Quando jogou um pouco, viu que eram injustas e resolveu mudá-las.
c) A pessoa concordou com as regras (conhecia ou não) e achou que ia ganhar. Jogou, perdeu. Resolveu culpar as regras pela sua derrota. Seu mínimo de coerência é querer mudar as regras que julga ser erradas (observe que esse tipo de pessoa, se tivesse vencido, não tentaria mudar as regras).

      Talvez uma questão que eu coloque seja a seguinte: Você quer mudar as regras, mas se você tivesse ganho o jogo, iria querer outras regras? Se essas mesmas regras contra as quais agora você luta possibilitassem que você atingisse seu objetivo, você ainda estaria contra elas?

      Sinceramente, estou irritado de falar sobre esse mesmo tema (por isso não vou me preocupar em ensinar a trilha um tanto óbvia que quero que seu pensamento chegue), mas fica a reflexão.

      Mais uma vez, para evitar mal entendidos, eu não afirmei que ninguém é a pessoa do tipo a), b) ou c). O que quero aqui é que as pessoas façam um exame de consciência - de si mesma ou dos outros. Também não disse qual conclusão ou resultado se extrai de minha reflexão - pensem se o problema está nos jogadores ou no sistema de regras.


Tenham uma boa noite!


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[vídeo] o que é inflação?

Saiu novo vídeo em que explico o que é inflação.


https://www.youtube.com/watch?v=r0wjnm5UxaU


Tenham uma boa tarde!


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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Por que discutimos tanto a má representatividade?

      Não estou com paciência para falar sobre o plebiscito constituinte. Mas vou falar algo que é importante para essa discussão: por que discutimos tanto a má representatividade?

      Há alguns lugares-comuns quando se discute algo mais político. Por exemplo, educação. Parece que qualquer tema se resolve com educação. Eis uma postagem que fala que a educação não é tão boa assim: http://observatorioconservador.com.br/educacao-e-a-solucao-nao/. Eis um vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ULE1SmvnnWs. Contudo não é educação o tema. O tema é outro lugar comum para as discussões: a má representação do povo.
       Para evitar mal entendidos, eu não estou dizendo que sou contra educação ou melhor representação, nem estou dizendo que esses não são problemas na nossa realidade. O que digo é que essas soluções não são milagrosas.

       Quais são as situações em que se costuma recorrer a esse lugar-comum? Geralmente, quando se discute sobre algum "direito" garantido pelo nosso amoroso Leviathan, como saúde, educação, transporte público, segurança, para citar os pontos mais normais. Como esses serviços públicos estão tão longe de um padrão adequado quanto o liberalismo está do Brasil, a população reclama. Inconscientemente (ou mesmo conscientemente) cada cidadão pensa: "Se eu estivesse no governo, daria mais atenção à saúde, educação, segurança etc.". Ora, qualquer pessoa sabe que o Brasil está com enormes problemas, e nós pagamos muitos, muitos, muitos tributos. A conclusão que se tira é: Os políticos são incompetentes e não representam os verdadeiros anseios do povo.
      Pronto, fiz um panorama do raciocínio que nos leva (ou pelo menos me leva) a pensar na representação como um grande problema, e de fato é.

     Mas, Lucas, se conseguirmos eleger políticos abnegados e benevolentes que escutem ao menos as demandas óbvias do povo, não resolveremos todos os problema do nosso Brasil? (Tudo bem, estou exagerando um pouco)
      Não é bem assim. Nenhum ser humano e nem mesmo um computador conseguiriam organizar a estrutura do estado para garantir todos os nossos "direitos". Não há inteligência terrena que consiga juntar todas as variáveis inerentes à existência e as processem de forma a administrar satisfatoriamente nossa sociedade. Quanto mais papéis o governo quer interpretar (de médico, professor, banco, guarda...), pior será seu desempenho em todos os outros. Ao tentar abarcar tudo, ele não abarca nada. Há um provérbio em inglês que diz "if you chase two rabbits, you will lose them both" (se você caçar dois coelhos, você perderá ambos), quanto mais você mais coisas você tiver, menos atenção poderá dedicar a ela. É preferível ter um único coelho que você consegue cuidar do que dois que você não consegue.
      Se levarmos todas as nossa demandas para um estado central superpoderoso, ele não conseguirá processar devidamente tudo. E também será muito mais difícil fiscalizar esse governo. É fácil fiscalizar um governo que cuide de três ou quatro funções. É humanamente impossível fiscalizar um governo que tente cuidar de trinta funções.
       A falácia da democracia é difícil de ser derrubada. Hoje há uma crença de que a democracia (democracia aqui entendida como participação/representação do povo) irá nos livrar de todos os nossos males. Isso não é verdade. A única maneira de resolver seu problema não é delegar a outro, é você pegar em armas e lutar. Por favor, não entendam que eu sou contrário à democracia. O que digo é que a democracia é um falso deus, uma ideologia, que acredita poder levar a um paraíso temporal. O que digo é que não podemos idealizara a democracia. Mesmo assim, podemos amá-la e defendê-la, mas não podemos manter uma fé cega nela.

         Acima foi minha primeira crítica à ideia da representação. Outra crítica se segue abaixo:
      Há alguns anos, defenderam que deveríamos reduzir a pobreza para reduzir a criminalidade. Isso parecia fazer sentido. Hoje, diminuímos a pobreza, mas a criminalidade não diminuiu. É claro que há outros fatores envolvidos, mas essa "experiência" frustou as ideias de muitos intelectuais. Não sei se essa foi a opinião dominante, mas ela prova que as pessoas se enganam. Não existe na coletividade nenhum ganho que qualidade que garanta o sucesso. A democracia não leva necessariamente ao bem, ao melhor.
       Então, Lucas, você defende a monarquia, oligarquia ou algo assim? Não, eu gosto muito da democracia, mas acho que ela está sendo louvada como um deus sendo que não é tão milagrosa. Parece que é o governo mais juto. Contudo, a forma de governo me é uma questão secundária. A questão principal é discutirmos o que o governo pode fazer e o que o governo deve fazer.

      Voltando para minha primeira crítica, vou elucidar alguns aspectos:
1 - as pessoas pensam que a representação é a solução para os grandes problemas.
2 - o governo não consegue resolver os grandes problemas.
3 - Portanto, o governo não está representando a população.
      Eis um silogismo válido com uma premissa errada. O problema é que queremos que o governo resolva nossos problemas sendo que ele não consegue ou não é responsabilidade dele. Queremos que ele nos dê segurança, mas não queremos nos armar. Queremos que ele seja fraternal, mas não o somos. Queremos que ele regule a economia, mas ele é incapaz (e jamais será capaz) disso (veja o link na descrição sobre o cálculo econômico). Vamos primeiro pensar o que o estado pode resolver. Desses elementos, distinguir o que é somente nossa obrigação. Se sobrarem elementos, veremos que muitas disputas políticas atuais perderam o sentido.

Tenham um bom dia!

Links:
Cálculo econômico: https://www.youtube.com/playlist?list=PLZQW14lbj0l7QF11KRPRhNsdTy0kHF_a5
Leitura recomendada: "A lei", de Bastiat - http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=17 (estou preparando um vídeo sobre esse livro, em breve posto o link)


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