terça-feira, 31 de dezembro de 2013

[economia] Como se definem os preços?

Comunicado:
     Vou colocar "[economia]" no título de algumas postagens para o/a leitor/a saber que terá muita referência à economia. As postagens que tiverem pouca relação com a economia não vou colocar.
     Estou iniciando um processo de colocar links de outras postagens do blog para direcionar as pessoas interessadas a assuntos semelhantes. Boa leitura

     Por que os preços são aqueles que são?
     Antigamente havia questões as quais os estudiosos tinham dificuldade em explicar. O que define os preços? O ferro é mais útil do que o ouro, mas por que é mais caro? Por que a água é mais cara no deserto do que na beira do rio?

    Primeiro, devemos notar que as coisas não têm um preço fixo. Na natureza sem o homem havia só bens. O homem dá um valor subjetivo aos bens (veja observação no final). Segundo esse valor subjetivo, o homem decide como agir. O homem pode achar que no momento é mais importante buscar água para cozinhar do que cortar lenha para a fogueira. Assim, o homem valora mais a água do que a lenha nesse momento.
     O valor que o homem dá a cada bem depende de cada indivíduo. Conforme as vontades individuais mudam, os valores atribuídos aos bens também mudam. Quando um bem é mais valorado, as pessoas estão dispostas a pagarem mais por esse bem. Assim, o preço pode aumentar. Por exemplo, as pessoas de uma cidade gostam muito de comer sorvete. Surge uma notícia de que o sorvete faz mal à saúde. Algumas pessoas passam a não dar um bom valor ao sorvete ou a dar um valor menor. Os vendedores de sorvete querem manter os clientes, então abaixam o preço. Os vendedores não conseguirão fazer com que todas continuem comprando, mas conseguem se manter da venda.
     Note que no exemplo acima o valor que cada indivíduo dá para o sorvete é diferente, não há um único valor.
     Vamos pensar em outros exemplos. Pensemos em uma ilha. Na ilha, grande parte da água potável vem de fora. Ocorre um furação e a ilha perde grande parte da água potável. O próximo navio que levará água demora dias para chegar. Se você fosse um habitante da ilha, pensaria "Oh, a água está ficando escassa, então vou comprar mais para me prevenir, para garantir a minha parte". Ao pensar dessa forma, você está aumentando o valor atribuído à água. A água passou a ser um bem precioso. O vendedor também pensa e também chega á mesma conclusão que você. Ele resolve vender a água mais caro, todos estarão dispostos a pagarem mais caro por ela mesmo. (se é moralmente correto ou não, veja o link que colocarei no final, aqui estou descrevendo o que acontece, não o que deve acontecer) Desse exemplo, observamos que a expectativa do futuro e a quantidade de um produto interferem na valoração.
     (os produtores observam que o produto que vendem está mais caro. Grande parte resolve vender mais. Isso aumenta a quantidade futura)
     Aqui, percebemos que é importante o valor subjetivo que as pessoas atribuem aos bens.

     Vamos retomar o seguinte fato: O ferro é mais útil do que o ouro. Se a maioria de nós fosse escolher entre o mundo continuar tendo ferro ou continuar tendo ouro, provavelmente escolheria pelo ferro - as pessoas atribuem um valor maior ao ferro. Por que, então, o ouro é mais caro do que o ferro?
     Na verdade, a pergunta está mal formulada. A pergunta certa seria: Por que, então, uma determinada quantidade de ouro (1 kg, por exemplo), é mais cara do que certa quantidade de ferro (1 kg, por exemplo)? Agora, a resposta está mais evidente. Quando vamos comprar, não valoramos todo o produto do mundo, mas a quantidade que queremos obter (o benefício marginal do produto). Em minha atual situação, iria desejar 1 kg de ouro ou 1 kg de ferro?
     Aqui, concluímos que o importante é o valor subjetivo marginal (não o total) que as pessoas atribuem aos bens.

     Pretendo abordar mais duas vezes esse assunto. Primeiro, trazendo conceitos de oferta e demanda. Segundo, tratando da relação entre o trabalho e o preço. Não necessariamente nessa ordem


Tenham um bom dia.

Postagem relacionada:
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/10/tempestades-e-preco-do-guarda-chuva.html

Observação
      Ao valorar, o homem não atribui números cardinais, mas ordinais. Não digo "a pizza vale três hamburgers", mas "eu prefiro uma pizza a três hamburgers". Não posso atribuir um valor absoluto para cada preferência, mas uma ordem entre preferências.
     O problema não é a ausência de valores absolutos, cardinais, mas é que a valoração muda. Não há valores fixos. Hoje posso querer comer pastel, amanhã posso querer arroz e feijão. É impossível prever o futuro, os empresários e vendedores não sabem com certeza absoluta quanto devem investir ou por quanto devem vender. As pessoas, contudo, tendem a manter certas valorações, como são muitas pessoas mais ou menos com gostos constantes, é possível fazer previsões sobre o futuro. Nunca essa previsão terá uma fórmula matemática, o futuro é sempre incerto.

domingo, 29 de dezembro de 2013

[economia] Patrão exigente

     Os verdadeiros patrões e chefes (pelo menos grande parte dos chefes de verdade - para não cair na falácia do escocês de verdade - o que é falácia do escocês de verdade? Acesse o link no final) são extremamente exigentes, não se preocupam se os trabalhadores estão com o filho doente, se há mão de obra semi-escrava envolvida. Só querem ter seus anseios satisfeitos.

(antes de iniciar, quero dizer que não concordo em classificar essa postagem como [economia], está mais para [conhecimento de mundo], mas resolvo manter)

     Tenho o hábito de assistir um anime chamado Naruto - não critiquem meu gosto. Infelizmente, não lançaram episódios nessa semana e parece que não lançarão na próxima. Lia os comentários abaixo e vi um que chamou atenção. Dizia que seria um bom presente de Natal se lançassem dois episódios naquele dia.

     Outro dia (essa história não aconteceu de verdade) ia comprar tênis. Após certo tempo, encontrei dois modelos que me agradavam. O primeiro, de marca "X", era conhecido por empregar mão de obra de criancinhas da China (segundo as más línguas). O segundo, de marca "Y", eu não conhecia muito bem. Era incerto se empregava essa abominável mão de obra.
     Após alguns milésimos de segundos de reflexão, percebi que o bolso falava mais alto. Acabei comprando a marca X. Na verdade, não era o bolso, era porque eu já conhecia a marca, pelo cheiro de tênis, pelo formato ortopédico, pelas cores que combinavam com minha personalidade etc. - mas não pelo preço.

     Uma empresa pode ter uma hierarquia de chefes. Chamarei o chefe supremo de a'chefe. O chefe menor será o o'chefe (aproveito para indicar o livro "O Trono do Sol", de S. L. Farrell, me lembra "Game os Thrones", mas menos complexo, mesmo assim, muito bom - quem já leu sabe o motivo pelo qual indiquei). Se o a'chefe é exigente e rígido, o o'chefe acaba tendo que ser assim também com seus subordinados para cumprir as exigências impostas por seu chefe.

     Quem produz um bem ou presta um serviço não o faz para si mesmo, mas para outro. Um produtor de café não planta para o próprio consumo, para o de outrem - uma parte ele pode consumir, mas essa não é a finalidade. Um vendedor não vende a si, mas a outro. Para ser bem sucedido no trabalho, qualquer pessoa ganha pontos se atender a o que lhe é exigido. O produtor de café deve produzir café de qualidade, ser gentil aos compradores etc. Isso tudo para que comprem seu produto.
     Em última instância, é possível concluir que o patrão máximo é o cliente. É o cliente que exige um trabalho bem feito. Se o comprador não gosta do que é vendido ou se é mal atendido, então ele muda de vendedor. O cliente é exigente e egoísta. Ele não se preocupa se o vendedor tem um filho doente - há exceções. Se o cliente é tão exigente, ele transmite esse grau de perfeição pela cadeia produtiva.
     Por sorte, temos leis e direitos que protegem os trabalhadores. As pessoas são más, imagine se não houvesse lei protegendo os produtores de animes da obsessão doentia dos fãs, que exigem não apenas que lancem um episódio no Natal, mas que exigem DOIS episódios.
     Na verdade, considerando que os clientes são os patrões, devemos ampliar as leis trabalhistas e criar leis a favor dos vendedores, que são como subordinados. Deveríamos obrigar os consumidores a continuarem comprando do vendedor que aumenta os preços por causa do filho doente, devemos cobrar uma taxa na compra para ajudar os vendedores ineficientes a não irem à falência. Qualquer um que apresente essa proposta certamente será eleito presidente do mundo!


Tenham um bom dia!

Links:
Falácia do escocês de verdade - http://www.youtube.com/watch?v=JfldV9HOPHs&feature=c4-overview-vl&list=PL7298E65F62E9A957

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mc Donald's, críticas ao capitalismo e decisões

     Esses dias li uma matéria da revista Superinteressante desse mês que falava sobre um artista anônimo que se intitulava Banksy. Ele espalhou obras de arte pela cidade de NY. Uma imagem que me chamou atenção é a seguinte:

     Observem o detalhe:

     Alguns dias depois, pedindo meu lanche no Mc Donald's, comecei a me questionar o motivo pelo qual tanto atacam a rede de lanchonetes.
     Não é apenas por vender comidas não consideradas saudáveis nem por "dar" brinquedinhos de brinde para as crianças. O Mc Donald's é criticado, acredito eu, por ser um símbolo do capitalismo e dos EUA.
     As pessoas têm ódio desses dois elementos e deslocam o ódio ao símbolo de tais itens. Na literatura pode-se pensar em uma metonímia (me corrijam os professores ou especialistas em português - por especialista, entende-se qualquer um com mais conhecimento que eu)
     Me pergunto, contudo, se tal substituição é apropriada. Levantei dois pontos:

1) McDia Feliz
     Um dia por ano o Instituto Ronald Mc Donald's reverte os recursos arrecadados pela venda do famoso Big Mac para instituições que ajudam crianças e adolescentes vítimas do câncer. É um dos eventos de maior abrangência no país para esse objetivo, se não o maior.
2) "Caixinhas de doação"
     Não sei o nome correto para aquelas caixinhas que ficam ao lado do caixa para os clientes depositarem as notas fiscais ou trocados para ajudarem certas instituições (também realizado pelo Instituto Ronald Mc Donald's, deve ajudar também instituições que ajudam crianças com câncer).
     Ok, eu não tenho informações sobre como funciona essa doação. Também não sei se tem grande adesão por parte dos clientes. Mas isso me passou pela cabeça.

     Pode-se pensar "Mas essas campanhas são a obrigação de qualquer rede que venda produtos gordurosos" ou qualquer outro pensamento que siga essa linha. O fato é que, seja obrigação ou não, o Mc Donald's toma essas medidas, ao contrário de muitos outros símbolos do capitalismo e dos EUA. Se o/a leitor/a acha que a rede de lanchonetes está errada, acho que deve admitir que há outras instituições mais erradas que ela. Então, por que tanta crítica?
     Eliminei as comidas gordurosas e os brinquedos, há muitas instituições que cometem esses mesmos "erros", mas não são tão atacados.
     Elimino o sucesso da rede como fonte de inveja, não me parece que as pessoas têm inveja do vendedor de Big Macs (mas será que têm inveja do sucesso do vendedor?)
     Para mim, a crítica se relaciona com a simbologia juntamente com a "onipresença" dessas lanchonetes. Qualquer lugar aonde se vai (ou quase qualquer lugar) há um Mc Donald's. Aqui, é mais fácil criticar o que todos sabem o que é, o que todos já viram, mesmo que não seja a "pior" instituição capitalista norte-americana, é uma das que tem maior presença, daí a crítica.

Conclusão
     Uma conclusão que se pode tirar é que as pessoas agem, criticam, pensam, com base no que sabem ou acreditam, não necessariamente de acordo com a verdade. As pessoas agem de acordo com o que pensam ser mais urgente ou importante - mesmo que não seja de fato. Se existe um mundo real - que me perdoem os solipsistas - as pessoas não agem de acordo com ele, mas de acordo com a forma de interpretá-lo.
     Me parece que as pessoas interpretam o Mc Donald's como símbolo do capitalismo e dos EUA. Acreditam que nada de bom pode vir dessa combinação. Por acreditarem que só produz coisas ruins, passam a procurar erros. Nesses erros, se inclui a incidência maciça de obesidade (a comida produzida por uma lanchonete norte americana capitalista tem que ser ruim) e os brinquedinhos (se a lanchonete "dá" alguma coisa tem que haver algo maquiavélico e cruel na história).
     O fenômeno do parágrafo acima é bem mais complexo do que apresentei, com mais consequências e outras causas, mas não me proponho uma análise profunda sobre o assunto, apenas alguma reflexão vaga sobre o tema.


Tenham um bom dia!
Obs.: vocês podem opinar no último post? eis o link: http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/12/2013-e-pedidos-aosas-leitoresas.html

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

2.013 e pedido(s) aos/às leitores/as

     Vou fazer meu ponto de vista sobre como foi o blog nesse ano. Peço enfaticamente a quem lê as postagens a comentar as impressões, o que gostou, o que quer ver mais ou menos. Não precisa ter lido todas as postagens, se leu uma ou duas, comente sobre o que você gostou e sobre o que falta.

     Para mim, foi uma ótima experiência. Aconselho todo mundo a ter um meio de expressão como esse. A minha ideia inicial tinha sido a criação de um vlog no Youtube, mas a falta de tempo e de perícia me dificultou bastante. Se alguém quiser ter um blog e quiser conversar, estou à disposição - mesmo se o blog foi para me criticar; a troca de ideias é importante.
     Um problema em ter um blog é a sua ligação com ele. Quem escreve deseja ser lido. O ator, por mais simples que seja, tem que encontrar seu desejo de ser o centro das atenções. Mesmo que no início, eu tenha me sentido com medo ou vergonha de publicar algo, o sentimento vai passando. Você começa a se sentir mais seguro. E, com o tempo, é gratificante ver mais pessoas acessando seu blog.
     Percebi que os assuntos vão se diversificando mais do que eu previ. Por exemplo, quando criei o blog, não imaginava que iria falar sobre economia, evolucionismo, direito, política. Imaginei assuntos mais banais, cotidianos, que ninguém fala muito, mas que me passa pela cabeça e é uma visão diferente.

     Também vi que o tamanho dos textos foram crescendo com o tempo. Tenho dúvida se devo tratar um tema superficialmente ou se devo tratar com bastante detalhes. Preferi tratar com precisão o foco, mesmo que fique deficiente em alguns pontos. Esses pontos eu pretendo retomar em outra postagem. O que é melhor para vocês? Textos mais rápidos? Textos mais detalhados?
     Querem ilustrações?
     Que assunto vocês gostam? Querem que eu coloque [algo] antes das postagens para vocês já saberem sobre o que irei falar?
     Querem palavras menos difíceis? Ou o significado para as palavras difíceis entre parêntesis? Querem mais humor? Menos humor?
     Acham que estou publicando pouco? Querem que eu publique em um dia específico da semana para vocês se organizarem?
     Querem mais links de vídeos e textos? Querem que eu siga as normas da ABNT para as fontes bibliográficas?

     As perguntas ficaram meio perdidas no texto. Não precisam responder todas. Quero atender aos desejos da demanda, o blog pode ir mudando conforme sugestões dos leitores.
     Também podem se sentir à vontade para publicarem o que quiserem - com exceção de palavras chulas, o Google não gosta. Gostaram da argumentação? Concordam? Não? Acham que devo retomar o assunto? Comentem à vontade.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Lucio Big

     Desculpem atrapalhar a véspera de Natal, mas hoje fiquei sabendo de notícias absurdas.
     Um vlogeiro (não sei se é assim que escreve), Lucio Big, fez um vídeo em que ensina como verificar as verbas que os políticos receberam em campanha. No vídeo, ele exemplifica com o deputado Ronaldo Caiado - DEM, que recebeu 140 mil de doação para campanha da Govesa. Durante o mandato, o deputado já gastou mais de 200 mil no aluguel de automóvel da mesma empresa. É uma situação que parece um pouco estranha.
     No vídeo, Lucio Big não acusa o deputado, só apresenta indícios de que pode haver corrupção. Em uma situação normal, os políticos sob tais suspeitas vão à mídia se justificar, dizem que o serviço está sendo usado, é eficiente e barato etc.
    O deputado Ronaldo Caiado resolve de imediato processar Lucio Big pelo vídeo. Exige indenização etc.

     Creio que esteja claro para qualquer um que a ação do deputado é um absurdo. Mas vou rapidamente expor argumentos que encontrei.
     Quem paga os deputados? Para quem os deputados trabalham? Quem tem o dever de fiscalizar os políticos? A resposta é: Nós. Como se pode exercer o dever de fiscalizar um político se não há direito de expressão? De que adianta fazer essa fiscalização se a população não pode ficar sabendo do processo, das ações dos políticos. Não é possível votar com sabedoria se há um véu de censura que impede o eleitor de saber, por si ou pelos outros, o que os deputados fazem, das acusações que recebem.
     Acredito que as pessoas devem resolver seus problemas envolvendo o menor número de complicações. O deputado, em vez de se pronunciar na mídia, avaliar a situação com objetividade, resolve abrir um processo. O processo judicial só deveria ser usado em última instância.
    Os políticos são pessoas públicas. A população tem o dever de analisá-los e criticá-los. Eles têm fácil acesso à mídia para se explicarem. Se um político faz algo estranho ou desagradável, deve ser criticado pela população. Eles cuidam do nosso dinheiro e tomam as decisões por nós. Se não puderem ser criticados, então somos escravos - somos obrigados a pagar e não podemos participar de decisões e nem mesmo podemos criticar o que nos é feito.

     Aproveitem a véspera de Natal, tudo de bom para vocês.
Tenham um bom dia


Vídeo em que Lucio Big notifica que está sendo processado
http://www.youtube.com/watch?v=iRjiGBv7CgI&list=UUfQ98EX3oOv6IHBdUNMJq8Q
Vídeo que começou
http://www.youtube.com/watch?v=JeWBFkHu_o0&list=UUfQ98EX3oOv6IHBdUNMJq8Q

Obs.: Iria colocar o nome do deputado como título, mas achei que o nome do vlogeiro seria mais... uma escolha mais inteligente.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Ironia da arte

     Estive refletindo um pouco sobre uma postagem em que uma amiga aconselhava as meninas de 13 anos que tinham gostos duvidosos de música ou que já estavam grávidas a lerem "O Cortiço".
     Em um primeiro momento pensei que eu indicaria algo mais introdutório, como "Os Três Porquinhos".
     Em um segundo momento descobri o vício da arte, que só permite contemplar integralmente o belo quem já é iniciado na arte. Aquele que não lê não consegue contemplar um Shakespeare em sua completude. Quanto mais estudo, mais se consegue aprofundar na beleza de uma obra.
     Exemplo: Uma pessoa que estudou teoria musical, ou toca um instrumento, consegue apreciar muito mais uma música do que outro que somente ouve.
     É claro que tem exceções, mas é estranho você precisar de experiência para contemplar o belo. Um leigo não conseguiria ver a tamanha beleza da arte, então não se apaixonaria por ela em um primeiro olhar. É preciso de dedicação para se alcançar os maiores prazeres. É estranho pensar que algo tão maravilhoso não seja compreendido e amado por todos, mas só por aqueles que se arriscam a tentar. Se é tão bela assim, não deveria ser visível a todos sua completude? Nem sempre é.


Tenham um bom dia

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Testes em animais

     Já que a mídia repercutiu o caso dos Beagles (há muito tempo atrás), vou trazer uma opinião particular sobre o teste em animais (antes tarde do que nunca). Se for oportuno, outro dia eu continuo o assunto.

Talidomida
     Esse nome estranho é de uma substância que se descobriu ter efeitos sedativos, anti-inflamatórios e hipinóticos. Descobriu-se que poderia ajudar a combater o enjoo matinal de mulheres grávidas. Na época em que surgiu, a indústria farmacêutica realizou testes em camundongos e eles não apresentaram efeitos colaterais relevantes. Observe o/a leitor/a que na época os testes em animais eram pouco rígidos e não havia tanta preocupação metodológica com esse estudo.
     A talidomida foi rapidamente comercializada no mundo inteiro, sendo muito indicada para mulheres grávidas (que sofriam de enjoo). Quando os filhos nasceram se revelou um problema inesperado: os filhos das grávidas nasciam com problemas na formação dos membros. Surgiu a geração conhecida como "filhos da talidomida".
     Posteriormente foi revelado que o uso dos roedores não era apropriado. A forma de metabolizar a droga por camundongos era diferente do que ocorria no corpo dos homens. Também se realizou testes com a mesma droga em coelhos e primatas, cuja forma de processar a droga era mais próxima da nossa. Estes testes revelaram que os filhotes das mães que usaram o medicamento apresentaram deformações.
     Se na época houvessem feitos mais testes em animais, a tragédia poderia ter sido evitada.
     Os animais podem ter direitos, mas surge o dilema entre esses direitos e a busca pelo desenvolvimento de novos fármacos (tratamento de doenças, teste de novas substâncias etc.).

Indústria farmacêutica
     Quase todos as substâncias usadas nos medicamentos atuais já foram testados em animais. Só não digo que são todos pois não estou tão por dentro do assunto. De qualquer forma, é extremamente difícil encontrar um medicamento que não tenha testes em animais em suas substâncias.
     É praticamente impossível viver em um mundo que não se beneficiou dos testes em animais.

Atualidades
    Fui, no meio deste ano, em um simpósio sobre a ética no uso de animais. Pensei que iriam discutir se era ou não ético usar os animais em pesquisas. Mas na verdade todos já tinham por pressuposto que o teste em animais era necessário. A discussão era qual a melhor forma de usá-los.
     Antes de falar sobre a melhor forma, teve uma palestra que me deixou muito intrigado. O pesquisador falava da pressão alta. A maioria dos casos de pressão alta tem causa desconhecida. Os remédios atuais só atacam os efeitos. De qualquer forma, o pesquisador estudava as girafas, que têm naturalmente pressão alta, mas não sofrem os efeitos dela.
     Qual a melhor forma de usar os animais?
1 - Evitar que o animal sofra. Em vez de provocar dor nos animais em testes de analgésicos, apenas provocam irritações. Os roedores, por exemplo, sentem-se desconfortáveis com uma temperatura levemente alta (incapaz de provocar danos). Se discute o modo mais eficiente de dar analgésicos aos animais, qual a melhor combinação, a quantidade etc.
2 - Reduzir o número de animais testados - não se busca eliminar o uso de animais, mas reduzir o número utilizado. Pode-se melhorar a qualidade de tratamento dos animais, dando rações boas, evitando estresse, deixando-os em um ambiente tranquilo.
3 - Os testes já feitos devem ser divulgados internacionalmente, para não ser preciso refazer certos experimentos para cada medicamento se muitos componentes já foram testados.
4 - Conhecimento sobre o metabolismo dos animais para que se possa usar a espécie e raça apropriadas, o que diminui o número de animais usados e torna a pesquisa mais aplicável ao ser humano.



mais informações, veja:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2812200804.htm
http://www.youtube.com/watch?v=vWy_hziZYL8 - para quem gosta de vídeos


Tenham um bom dia

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

[direitos] Dia dos direitos humanos e críticas

     Dia 10 de dezembro se comemora o dia dos direitos humanos. A fim de gerar um pouco de discussão, vou apresentar meu ponto de vista sobre os tais "direitos humanos".

Conceito
     Direitos humanos são aqueles necessários para o homem viver com dignidade, não importa se esses direitos são ou não essenciais (de sua essência). O que importa é que tais direitos garantam a vida plena e digna.
     Por exemplo, o direito ao lazer. Para o homem ter uma vida digna, ele necessita de lazer, de diversão, de um passatempo. O direito ao lazer, contudo, não é inerente ao homem. O homem busca o lazer ao poupar seus esforços e organizar seu tempo.
     Me parece que é apropriado considerar o direito humano como algo relativo à sociedade. Os direitos humanos mudam conforme o tempo e o lugar. Por exemplo, os direitos humanos em Paris no início do século é diferente dos direitos humanos do momento em que o ser humano vivia em cavernas. Em Paris, o direito ao saneamento básico e à eletricidade pertencem aos direitos humanos, enquanto não pertencem aos direitos humanos do paleolítico. Quando me referir aos direitos humanos, considerarei aqueles próprios da realidade brasileira.

Críticas
1 - A partir do conceito, como é possível definir com exatidão quais são os direitos humanos? Qual a quantidade de equilíbrio de cada um?
     Sei que o direito à eletricidade é um direito humano, mas qual a quantidade de eletricidade que separa o digno do luxo? Creio que dependa de cada pessoa. Mesmo que exista uma sociedade em que todos tenham vidas iguais, ainda haverá uma demanda diferente por eletricidade por cada um para viver dignamente.
     Por exemplo, quando uma pessoa fica doente. A pessoa doente demanda mais cuidado do que uma saudável. Mesmo que todas as pessoas iguais desse mundo hipotético fiquem doentes ao mesmo tempo, haverá um gasto diferente de energia elétrica. Cada pessoa reage de modo diferente ao invasor microscópico. Uns espirram com mais frequência, outros são mais sensíveis à luz forte, outros sentem um cansaço maior, outros não conseguem levantar da cama.
     As pessoas, também por escolha própria abdicam de certos "direitos humanos" e se dizem mais felizes, por exemplo a figura ideal de um monge isolado em sua abadia que vive sem luxos.

2 - Os direitos humanos trazem em sua ideia a obrigatoriedade de serem garantidos a todos. Pode ser que não na teoria, mas na prática tem se revelado assim.
     As pessoas protestam pelo seu direito à saúde, ao emprego e a diversos direitos. Mas quem deve arcar com o ônus, com os custos, de todos terem o acesso? Já que cada um tem uma demanda diferente, inicialmente penso em cada um arcar com os custo de sua demanda.
     Mas não são todos que podem pagar pela saúde, e nem há oferta de emprego para todos. Atualmente, as pessoas pagam tributos que irão garantir os direitos humanos para todos. Ou seja, as outras pessoas arcam com os custos da demanda do outro.
     Moralmente, parece bom que as pessoas ajudem umas às outras. Mas se a pessoa faz isso por uma obrigação da lei, ainda é moralmente boa? Creio que não. A pessoa deve querer fazer o bem para que sua ação seja moralmente boa.
     De qualquer forma, vamos lembrar que os efeitos sejam bons. A consequência é que todos tenham acesso aos direitos humanos, o que não acontecia antes. Como eu não acho que os fins justifiquem os meios sempre, quero saber qual o meio utilizado para alcançar esse objetivo. O meio é a obrigatoriedade de indivíduos pagarem parte de seu patrimônio, abrir mão de sua propriedade, para beneficiar outras pessoas que muitas vezes ele nem conhece.
     Nesse caso, os fins justificam os meios? Você pode discordar, mas para mim não é legítimo que se obrigue alguém a fazer algo, e também não é legítimo que se confisque parte de seu patrimônio ainda mais se o dono não receberá nada em troca. Para mim, os fins não justificam os meios.

3 - Conflito de direitos
     Ao se dar um nome de "direitos humanos" para muitos direitos diferentes, há uma perda da noção de quais são mais importantes, quais são invioláveis. Todos os direitos são postos no mesmo patamar: o patamar dos direitos humanos.
     Mas e se houver conflito entre dois direitos? Entre o direito de uma pessoa à propriedade de seu sangue e à saúde (que seria prejudicada com a perda de sangue) e o direito de outra à saúde e à vida - a primeira é o único doador próximo o bastante para se realizar uma transfusão a uma vítima de acidente. A primeira pessoa não quer abrir mão de seu sangue. Se há vários direitos humanos em conflito, como decidir qual deve prevalecer?
     É possível alienar à força uma pessoa de seu direito? Mesmo que custe a vida de outrem?
     É necessário pesar os direitos, seja objetivamente, seja subjetivamente. Qualquer que seja a decisão há uma ideologia influenciando.
     Mas acho (aqui entra minha opinião) que dentro dos direitos humanos há aqueles que não mais importantes, aqueles que são inerentes à humanidade. Acima do direito ao trabalho está o direito à liberdade, por exemplo. Deve-se tomar cuidado para o balanceamento em um conflito não virar uma decisão arbitrária que se valorize mais algo que não deva ser valorizado.
     Muitos problemas surgem quando pessoas criticam o governo pedido por seus "direitos humanos", sendo que muitas vezes suas reivindicações acabam prejudicando outras pessoas.

Acho que por enquanto as críticas bastam.

Conclusão
     Os direitos humanos são uma construção humana, e não inerentes ao ser humano. Seja bom ou não classificá-los, é importante ter cuidado ao considerar que eles tenham um valor absoluto e inquestionável. Um problema para mim é quem paga os custos.

Extra
     Nelson Mandela foi um símbolo dos direitos humanos e da luta contra o preconceito. Aconselho o link abaixo para quem não compra a ideia de que ele foi um homem imaculado em toda sua vida. Para os que quiserem continuar pensando assim, não aconselho a acessarem o link.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1758&fb_action_ids=465798660197082&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22465798660197082%22%3A1404172543155385%7D&action_type_map=%7B%22465798660197082%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D


Tenham um bom dia dos direitos humanos

domingo, 8 de dezembro de 2013

100 visualizações em um dia

     Com um pouco de atraso, vi que no último dia de novembro atingimos a marca de 100 visualizações em um dia! Quero agradecer aos leitores amigos que se dão ao trabalho de ler meus textos.
     100 pessoas visitando meu blog em um dia... Acho que é mais gente do que eu conheço (risos)
     Mas, sério, obrigado. Estou sempre aberto para sugestões, críticas etc. Em comemoração, vou apresentar um ponto de vista sobre o nome do blog, "copázio de saber".
     O que é um copázio? É um copo grande. O copo grande não é um "copão", é um copázio.
    Mas o que é o copázio de saber? Para vocês, pode ser o que escrevo aqui (ou pode não ser), mas, para mim, seria o que vocês comentam, a forma que vocês veem o mundo (diferentes ou semelhantes à minha).
     Um blog não vive só de publicações, mas também de todos os comentários de seus leitores.


Tenham um ótimo dia!
Reitero meu muito obrigado.

Alegoria do fogo

     Antigamente, na pré-história, os homens não conheciam o fogo. Mesmo assim, os homens 'sofreviviam' (sofriam + viviam, genial? Não?). Eis que naturalmente, os homens descobriram o fogo. Digo "os homens" no plural pois não foi um único homem. Vários homens em várias regiões descobriram o fogo. Para usarem o fogo, surgiram vários materiais. Esses materiais tinham características comuns e muitas vezes eram a mesma substância, como a madeira.
     O fogo permitiu aos homens aumentarem sua produtividade, diversificar seus trabalhos, aumentar a eficiência de suas ações. Os homens começaram a pensar que a vida não seria possível sem o fogo. Na verdade, é possível, mas a sociedade iria retroagir muitos séculos.
     Em um momento, surgiu uma revolução para o fogo. O fogo passou a ser usado em massa. Locais que antes não conheciam o fogo foram introduzidos à arte. Devido à disseminação, o fogo passou a ser mais importante. Surgiram estudiosos do fogo, inicialmente pessoas que trabalhavam com ele. O ferreiro, por exemplo, descobriu propriedades do fogo comuns a todos os lugares.
     Um estudioso descobriu a pólvora e outros materiais. O mundo nunca mais foi o mesmo. As novas tecnologias permitiram outras descobertas e diversões nunca antes pensadas.
     Um dos estudiosos observou que havia uma grande ocorrência de incêndios. Ela, contudo, não sabia que os incêndios antes eram ainda piores, o estudo do fogo permitiu que se desenvolvessem técnicas e materiais que impedissem o espalhamento do fogo. Mas, assustado pelo incêndio que presenciou, tal homem escreveu obras abolindo o fogo. Culpou o fogo pelos males da sociedade, ensinou as pessoas que eventualmente se queimavam.
     Esse estudioso não estava só, muitos outros pensaram como ele. Cada um pensou em uma solução contra a "sociedade incendiária". Um pensou em combater o fogo ao criar pequenos núcleos populacionais que não usassem o fogo, essas comunidades se espalhariam abolindo o fogo. Outra defendia o terrorismo, destruir qualquer foco de fogo que existisse. Outro previu que as pessoas queimadas iriam se rebelar contra o fogo. O fogo havia levado a grandes tecnologias, mas essas tecnologias possibilitaram que o fogo se tornasse desnecessário.
      Mas foram intelectuais que resolveram fundar um grande império sem fogo. Na tentativa, não conseguiram eliminar o uso do fogo. Um dos líderes da revolução disse que faltava tecnologias para eliminar o fogo, portanto o fogo ainda seria admitido até tais tecnologias serem alcançadas. Esse líder morreu e surgiu outro, mais radical. Tal revolução acabou por trazer fome e miséria à população.
     Inúmeras tentativas de eliminar o fogo foram feitas em diversas partes do planeta, todas levaram à fome e miséria.
     Quando o primeiro grande império foi derrubado, os que gostavam da ideologia ficaram sem rumo. Disseram que aquele império não seguiu os princípios anti-fogo de forma correta, disseram que não fizeram direito a revolução, e outras soluções. Mas mantiveram a ideia central de que o fogo era mau, de que trazia miséria e morte.
     Eis que surgiram mais tecnologias, e o tempo passou. Aqueles que ficaram sem rumo descobriram uma forma de combater o fogo: dizer que o fogo em pequena quantidade poderia ser bom, mas estava sendo usado de forma exagerada, trazendo incêndios, poluição, destruindo o meio ambiente. Outros ainda acreditavam que qualquer fogo era mau.
     Os defensores do fogo acreditavam que o fogo era tão importante que seria impensável uma sociedade sem fogo. As tecnologias não poderiam jamais eliminar o fogo da sociedade.

E essa é a alegoria do fogo.
     Tenham um bom dia!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Férias!

     Antes de tudo, quero me desculpar por não postar com mais frequência nas últimas semanas, estava em semana de provas. Não tinha tempo. De qualquer forma, se arranjasse tempo, meus caríssimos companheiros acadêmicos me linchariam por eu ter tempo enquanto todos estavam estudando.

     Ah, férias! Disse no último dia de aula em uma roda de amigos:
- A grande diferença entre as aulas e as férias era que, nas aulas, a gente estuda o que é obrigado, enquanto, nas férias, estudamos o que queremos.
     Um amigo rapidamente conclui:
- Ou seja, [nas férias não estudamos] nada!

     Imagino agora que espírito é esse que paira sobre todos os cidadão de que as férias não é momento de estudar. Todos dizem que é momento para descansar. Mas não vejo motivo para descansar e estudar o que agrada serem ideias incompatíveis.
     Na verdade, estudar o que gosta é um ótimo lazer.

     Assim, desejo a todos boas férias e bons estudos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Conservadorismo e preconceito

     É extremamente comum associarmos a direita conservadora com o preconceito contra negros, homossexuais, mulheres. Mas será mesmo?
     Vou primeiro analisar o que é o conservadorismo.
     A corrente conservadora possui por pilares: a família (em oposição ao Leviathan), o direito natural moral (existe uma moral inerente aos homens) e a propriedade. Para memorizarmos, "Deus, família e propriedade". Vale lembrar a influência católica no pilar do direito natural.
     Agora, vou analisar alguns preconceitos muito ligados ao conservadorismo.
1. Preconceito contra os homossexuais
     Devido à influência da Igreja, os conservadores não costumam ver com naturalidade qualquer manifestação afetiva ou sexual que não a heterossexual. Mesmo assim, a heterossexualidade só é permitida nos lugares apropriados.
     Contudo, isso não significa necessariamente que o conservador seja uma pessoa que deseje exterminar os homossexuais ou considerá-los sub-humanos. Não há relação necessária. O conservador é contrário à ação, não necessariamente à pessoa.
     Mas se o problema é a religião, então vamos considerar que há religiosos que pensam: "Pode haver o casamento gay para o Estado, mas não dentro da Igreja, que tem seus próprios dogmas e pensamentos." O problema é ver todos os conservadores da mesma forma.
     Mas, para mim, não basta saber se um pensamento favorece ou não o preconceito. Tudo bem, uma coisa pode ser ruim, mas se trocarmos essa coisa, será pior?
     O comunismo perseguiu e matou homossexuais. E isso ocorreu na URSS, na China comunista, em Cuba comunista.
     Tudo bem, não vamos colocar os socialistas e progressistas de hoje no mesmo saco. Mas se vamos fazer isso, me parece justo não fazer o mesmo com as diversas correntes conservadoras.
2. Preconceito contra as mulheres
     O conservadorismo vê as mulheres como diferentes dos homens. Mas isso não implica em superioridade e nem em inferioridade. Os conservadores defendem que os homens têm um papel na sociedade e as mulheres outro.
     Não vou entrar no mérito da Igreja Católica e as mulheres nem da biologia e as diferenças entre homens e mulheres (se quiserem, depois eu falo algo sobre isso).
     Há o preconceito - a diferença entre homens e mulheres. Mas não significa superioridade. Contudo, pode indicar pelo menos um controle patriarcal sobre a vida das mulheres.
3. Preconceito contra os negros
     O máximo de ligação que pode surgir no conservadorismo atrelado à suas ideologias é a velha história de que os africanos descendem de Caim, um filho mau e amaldiçoado. Há problemas históricos e geográficos, que não vou discutir agora.
     Mas não há relação necessária entre o conservadorismo e o preconceito. Vê-se que muitas pessoas tidas como conservadoras são racistas. Mas isso não ocorre pela ideologia conservadora. Por exemplo, deem uma rápida pesquisada sobre a opinião de Che Guevara sobre os negros.
Conclusão
     Só quero lembrar que a conclusão é minha, e eu posso estar errado em quase todos os meus posicionamentos.
     Concluo que não há muitas ligações entre o conservadorismo e o preconceito. O que merece destaque é o caso das mulheres, em que há um preconceito no sentido de haver um estereótipo de como a mulher deve ser e o que ela não deve fazer (vale lembrar que também há o estereótipo de como o homem deve ser também). Isso não indica uma conotação de superioridade ou inferioridade.
     Cabe críticas e comentários.


Tenham uma boa noite

sábado, 2 de novembro de 2013

[direitos] Direito à saúde

     Vamos voltar a falar sobre os direitos?

     Vamos pensar no direito à saúde.
     Imagino que exista dois direitos à saúde.

Primeiro direito à saúde
     Quando uma pessoa faz algo contra a sua saúde, é legítimo em qualquer tipo de civilização, ao meu ver, que a pessoa se defenda. Esse direito à saúde está profundamente ligado ao direito à vida e ao direito à propriedade do próprio corpo. Parece claro que esse direito à saúde é um direito natural, inato.

Segundo direito à saúde
     Se o primeiro direito à saúde é uma espécie de barreira, uma limitação para a ação do outro, o segundo direito à saúde é um direito em que se exige de outro a sua saúde. Creio que esse segundo direito à saúde é o propriamente chamado de "direito à saúde".
     Um exemplo fácil de entender é quando um paciente paga o médico para que lhe cure uma doença. O paciente, dentro das habilidades do médico, tem direito à saúde. Esse direito o cliente só pode exigir do médico e de ninguém mais.
     Esse direito surge quando os dois lados concordam com a "troca". O segundo direito à saúde é positivo, é posto, convencionado. Não surge naturalmente entre os indivíduos.
     A Constituição, art. 6°, diz que a saúde é um direito. Pode-se pensar esse direito como uma troca entre determinadas ações (tributos, por exemplo) pelo direito à saúde. Mas atualmente, reflete um comprometimento do Leviatã (vulgo Estado) em cuidar das pessoas. O Leviatã pretende combater a doença e as outras mazelas sociais, independente de qualquer diferenciação de classe, etnia, nacionalidade. Um motivo nobre, mas a discussão se deve ou não, se pode ou não, fica para outro dia.

Obs.: a partir de agora, se eu me referir a "direito à saúde", estarei me relacionando a esse segundo


Tenham uma boa noite.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cotas raciais

     Cotas raciais (e outras medidas como bonificação), sou a favor ou contra?
     Desta vez irei me guiar por algumas perguntas para sistematizar o conteúdo.
1 - Qual o objetivo de se adotar cotas raciais?
     Qual é o problema que a política de cotas iria combater? A discriminação racial. É indiscutível até onde sei que existe racismo na sociedade. O preconceito que se pretende combater é na cor da pele, no fenótipo. Não se quer combater a pobreza com essa política, se quer combater o racismo.
2 - Sou a favor ou contra?
     Sou a favor. Para mim é uma solução (ou um acelerador, mais abaixo explico) para a discriminação, não é um simples paliativo. Se for bem feito, haverá mais profissionais das etnias que hoje são discriminados. No futuro, os cidadãos veriam que há profissionais de todas as etnias (se não igualmente distribuído, pelo menos em maior número do que hoje). Isso evidenciaria à sociedade que a etnia não está associada com a pobreza ou preguiça ou ineficiência em relação de causa e consequência.
     Tudo bem que depois de certo tempo o racismo poderia tender a diminuir, mas as cotas poderiam agir como um catalisador, um acelerador. O objetivo não é durar para sempre, mas somente até corrigir o problema ou pelo menos reduzi-lo consideravelmente. Mas é igualmente importante que os grupos façam as campanhas e a conscientização da população (de preferência sem apelar para o politicamente correto e para falácias).
3 -  Quem deve determinar a porcentagem da cota ou a bonificação?
     A própria instituição deve determinar a porcentagem.
     Teve uma pesquisa na UnB avaliando as notas dos estudantes cotistas em comparação com os que entraram normalmente. Os cotistas tiveram notas melhores. Tudo bem que notas não significam bons profissionais, mas é uma forma de avaliar desempenho e indica que existe a possibilidade de paridade entre alunos das diversas etnias.
     Ocorre que vi também uma pesquisa da adoção de cotas na UFMG, se não me engano. Nesse caso, os alunos que entraram pelas cotas e os que não entraram pelas cotas tiveram médias semelhantes, não foi possível dizer quem se saiu melhor.
     Não se pode esperar que a mesma porcentagem tenha o mesmo efeito na USP, na UFMG, na UnB e na UFPR. Os ambientes de cada faculdade são diferentes. Quem deve determinar as cotas deve ser cada unidade, e não uma decisão de Brasília.
4 - Nesse caso, de cada unidade poder determinar a cota, o que iria incentivar as faculdades a adotarem porcentagens altas?
     A faculdade deveria (não sei se irá mesmo) buscar os alunos que se tornarão os melhores profissionais. Lembra-se do exemplo da UnB? A cota pode ser um meio para se obter bons alunos.
     Se as faculdades, por motivos políticos, não quiserem, há algumas soluções:
a) Paciência, cada um com suas escolhas.
b) Uma cota mínima obrigatória
c) Incentivos monetários, para cada aluno ou porcentagem, dar uma bonificação para a faculdade.
5 - Tudo bem, mas como determinar quem é de cada etnia?
     Essa, para mim, é a questão mais difícil. Creio, contudo, que cada faculdade (elas podem até se unir para facilitar o processo) deva determinar seu método. Seja pela cor da pele, pela descendência, por uma comissão avaliadora, por algum documento.
     A cor da pele pode ser um pouco problemática como critério de avaliação. Em cada lugar pode ser diferente quais as tonalidades que um negro pode ter.
     A descendência pode ser eventualmente complicada também, como no caso de adoção sem que se conheça os pais.
     Os documentos, seja quais forem, caem nas mesmas dificuldades.
     A comissão pode parecer meio cruel se for feita para avaliar os concorrentes. Mas ela pode ser feita antes do vestibular. Poderia ter muito custo, o que pode complicar. Pode ainda ser feita com apenas os melhores na prova (se forem 100 vagas, sendo 25 para negros, poderia chamar os 50 primeiros que se dizem negros.)
     Essa é uma questão bastante complicada ao meu ver.


Obrigado, tenham um bom dia!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

[direitos] Direito à propriedade

     Pretendo iniciar uma discussão sobre alguns direitos que as pessoas têm (ou supostamente têm). Inicio com o direito à propriedade. As postagens com esse conteúdo terão "[direitos]" antes do título. Boa leitura.

Propriedade é um direito? Que tipo de direito é?
     Antes de tudo, vou separar, sob meu próprio risco, os direitos em dois tipos: os naturais e os positivos.
     Os direitos naturais seriam aqueles que já nascem com a pessoa e são essenciais para ela em qualquer lugar ou momento. Por exemplo, o direito à vida e o direito à liberdade. Uma pessoa, qualquer que seja a situação, tem esses direitos. Assim, os direitos naturais têm força universal, são válidos sempre.
     Já os positivos são os direitos postos. Eles não são naturais do homem, mas são estabelecidos. Por exemplo, o direito ao voto. As pessoas só têm direito ao voto quando foi estabelecido esse direito. Por conseguinte, os direitos positivos só são válidos onde alguém os estabeleceu.
     Há vários direitos que as pessoas não sabem como classificar, estão divididas entre um ou outro. O direito à honra, por exemplo. Mas isso fica para outro dia.
     O direito é quase um bem inalienável. Ninguém pode atentar contra esse bem de forma justa ou legítima. Ninguém pode ir contra a sua vida, sua liberdade ou o seu direito de voto. Só o próprio sujeito legitimamente pode abrir mão desse direito. No caso dos direitos positivos, como o ter ou não o direito não depende de você, ele pode ser tirado. Mas não pode ser tirado por qualquer um, só por uma entidade competente e de forma justa. É claro que tirar um desses direitos gera muita briga - quem aceitaria passivamente que lhe tomem um direito?

     Bem, com o tema um pouco delimitado, vamos pensar na propriedade.
     A propriedade hoje em dia é certamente um direito. Ninguém pode pegar o que é meu de forma legítima. Mas a propriedade é um direito natural ou positivo? Ou será que é os dois?
     Algumas pessoas, e eu me incluo nelas, acham que o direito à propriedade se inicia no próprio corpo. Eu tenho direito sobre o meu corpo. Qualquer pessoa que atente contra ele sem minha permissão está agindo de forma ilegítima. Assim ninguém pode me obrigar a doar meu sangue ou meus rins. Esse tecido e esse órgão me pertencem e ninguém pode tirar. O Estado, se criar uma lei obrigando as pessoas a doarem sangue, está agindo de forma ilegítima. Nesse sentido, o direito à propriedade do próprio corpo atua como um campo de força contra ação do Estado. Meu direito só pode ser violado com minha permissão.
     O problema surge quando há um conflito de interesses. O direito ao próprio corpo da mulher contra o direito do feto. O direito ao próprio sangue contra o direito à vida de um paciente que perdeu muito sangue em um tratamento. Os que são contrário ao aborto e também os que são favoráveis à doação obrigatória de sangue podem dizer que o direito à vida se sobrepõe ao direito ao próprio corpo, mas não que não existe direito ao próprio corpo.
     Então a priori, o direito à propriedade se parece um direito natural, pelo menos quando restrito ao próprio corpo.

     Mas o direito à propriedade não diz respeito ao próprio corpo, mas a objetos exteriores. Esse direito é natural ao homem ou é criado, estabelecido?
     Para refletir essa questão, vamos imaginar um regime totalmente contrário à propriedade privada, o comunismo. Imaginemos que é no dia houve distribuição de pães. Vamos supor que existam pães para muita gente, tantos pães que irá sobrar pães após a distribuição.
     Uma pessoa pega o seu pão sem nenhuma dificuldade. Ela é uma pessoa trabalhadora, reconhecida por seu esforço. Também há um modelo muito eficiente de distribuição que permite que qualquer um em questão de segundos consiga seu pão. Há tantos pães que as pessoas podem pegar vários, já que irá sobrar, definitivamente.
     Essa pessoa vai comer seu pão quando outra aparece e subtrai da primeira o pão. A questão que levanto aqui é se houve ou não violação do direito à propriedade. Se houve a violação significa que havia direito à propriedade. Se não houvesse direito à propriedade, não haveria como ser violado.
     Me parece que houve essa violação. Mesmo que haja pães em excesso, quando a pessoa recebe seu pão, este se torna daquela. Ninguém poderia legitimamente tirar dela (não vamos imaginar que houve má distribuição e que essa pessoa ficou com mais do que lhe cabia, no caso em questão houve excesso de pães).
     Algum comunista poderia dizer que a situação não é de um comunismo de verdade. Mas me pergunto se é possível uma sociedade em que não haja propriedade individual.
     Imaginemos outra situação. A pessoa vive em "sua" casa e resolve plantar um pé de pimenta. Após vários anos de dedicação regando e adubando a planta, finalmente surgem as primeiras pimentas. A pessoa fica feliz e resolver usá-las no almoço do próximo dia. Ocorre que no dia seguinte já não há pimentas. Outras pessoas ficaram sabendo que havia pimenta lá e colhem para temperarem seus próprios pratos. Não houve injustiça nesse caso?
     Nessa parte minha opinião de que o direito à propriedade é um direito natural foi fortalecida.
     O fato de o direito à propriedade ser um direito natural não impede as pessoas de, livremente, ajudarem umas às outras, nem as impedem de realizarem pactos de distribuição para ajudar quem está em necessidade.


     Não irei abordar aqui a forma de se adquirir a propriedade. Meu objetivo é apenas pensar se o direito à propriedade é natural ou positivo.
     Acho que é muito interessante a discussão sobre a propriedade intelectual, mas fica para outro dia. Estou demorando muito nesse texto.
     Obs.: A existência de direitos naturais é controversa, não são todos que concordam que ela exista.
     Aceito opiniões diferentes, perguntas, comentários.


Tenham um bom dia!!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Tempestades e preço do guarda-chuva

     Muitas vezes sabemos de momentos em que o preço de um produto sobe quando mais precisamos. Nesses momentos, culpamos os capitalistas maus que desejam lucrar sobre nossas necessidades.
     Vamos ilustrar a situação com o senhor Azul. O senhor azul sempre se esquece de pegar o guarda-chuva quando sai, mesmo que sua esposa lhe avise. Digamos que o senhor azul esteja caminhando quando começa a chover. Ele pensa: "Que azar, começou a chover. Ainda bem que acabei de passar por uma loja que vende guarda-chuva por 5 zenys" (Zeny é a moeda fictícia do jogo Ragnarok).
     Azul caminha até a loja e se surpreende com o preço. O guarda-chuva agora está custando 9 zenys, um absurdo. Ele pergunta se o preço está certo. Está. Azul fica irritado, mas mesmo assim compra o guarda-chuva já que ele não gosta de ficar molhado. Volta para casa prometendo a si mesmo que da próxima vez irá levar consigo o guarda chuva.

     O sr. Dourado é um político muito atento às demandas populares. Ele, assim como muitas outras pessoas, acha um absurdo gigantesco esse aumento de preços dos oportunistas. Dourado consegue aprovar uma lei que torna crime o aumento de preço de guarda-chuvas quando está chovendo.

     Azul vai mais uma vez caminhar. Ele esquece de novo de levar o guarda-chuva. Choveu. Azul vai para a loja comprar guarda-chuva. O preço é o mesmo, então ele compra. Dessa vez não faz uma anotação mental para levar guarda-chuva da próxima vez.
     Além de Azul, havia outras pessoas que caminhavam. Algumas dessas achavam que comprar o guarda-chuva durante a chuva era desperdício de dinheiro. O dinheiro gasto não valia a pena. Então continuavam caminhando sem se importar com a chuva.
     O dono da loja aumentou o número de vendas, mas diminuiu o total ganho com a venda (já que vendeu mais barato).

      Também saiu para caminhar o Verde, um idoso que ficou sabendo que caminhar fazia bem para sua saúde. Desatento, ele esqueceu o guarda-chuva. Quando começou a chover, se preocupou. Resolve comprar um guarda-chuva na loja que acabou de passar. Verde sabe de sua condição e se dispõe a pagar mesmo um preço alto em nome de sua saúde, que não é a mesma de quando era jovem. Chegando na loja, não há guarda-chuva. Verde diz que pagaria mesmo um preço maior, mas o estoque já acabou. Verde acaba "pegando" pneumonia e morre.

     O aumento do preço permite uma distribuição dos recursos de acordo com a necessidade de cada um. Quanto mais se quer uma coisa, mas se está disposto a pagar. Quando Dourado abaixa o preço por lei, as pessoas que não estão tão necessitadas compram, o que diminui o estoque para aqueles que mais precisam.
     Há duas críticas que penso nessa história:
1 - Há pessoas mais necessitadas do que outras, mas que não têm dinheiro.
R - Sim. Mas diminuir o preço do guarda-chuva não vai resolver esse problema. Na verdade, os mais pobres podem até ganhar dinheiro vendendo guarda chuva mais barato do que as lojas quando começa a chover. Eles compram esperando que o preço aumente. As pessoas devem buscar suprir suas necessidades, e não usar seus obstáculos como justificativa para opor-se ao mundo. (para mais informações, http://copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/08/trocas-e-soma-zero.html)

2 - O vendedor pode ter mais guarda-chuvas para suprir a demanda.
R - Poderia. Mas se pensarmos do ponto de vista do meio ambiente, não é melhor diminuir a produção de produtos que não precisariam ser produzidos? Azul, Verde e cia tinham guarda-chuvas em casa, mas se esqueceram de levar. Comprar mais nesses casos não é um problema que deveria ser combatido? O aumento de preço é uma forma.
     Vai, outra resposta é que se o vendedor não aumentar o preço, o fabricante irá. Imagine vários vendedores comprando mais estoque. O aumento da demanda levará ao aumento do preço. O fabricante aumentará o preço para lucrar mais. Se congelar o preço do guarda-chuva do fabricante, chegará um momento em que não irá compensar produzir mais guarda-chuva sem aumentar o preço.


     Tenham um bom dia!!

domingo, 6 de outubro de 2013

Trabalho e recompensa

     Com frequência ouvimos os pais dizerem aos filhos: "primeiro o dever, depois o prazer" ou coisas do tipo. Vamos explorar um pouco essa ideia?
     Seria apenas um meio para o filho fazer as tarefas? Se você não fizer as tarefas não vai jogar vídeo game. Ou será que existe algo mais profundo?

     Creio ser natural que primeiro se trabalhe e depois se desfrute o fruto do trabalho. Primeiro deve-se plantar e colher, depois comer. Antes deve-se subir na árvore, apanhar a fruta, fazer o suco. Só depois se pode beber o suco. Há naturalmente um mecanismo de incentivos: você só vai obter a carne assada se antes caçar e acender a fogueira. Se não fizer nada, não vai ter seu jantar.
     Parece-me, após pensar isso, que é de suma importância ensinar às crianças a importância do trabalho. Ao analisarmos profundamente, o trabalho não é uma obrigação, é uma necessidade. A questão que surge é como melhor relacionar o trabalho demandado e a recompensa. Deve haver um equilíbrio, um trabalho mais difícil exige uma recompensa maior. Sem essa relação, não há estímulo para as pessoas se esforçarem mais (exceto, talvez, o próprio prazer de realizar a coisa).
     O dever exigido e a recompensa não precisar ser ligados por uma relação natural, necessária. Os pais podem criar a relação: Se meu filho ler um livro por mês, poderá sair com os amigos no mês seguinte. (só um exemplo para ilustrar, não vou discutir agora se leitura é só um fim ou pode ser um meio).

     Mas pode surgir a questão: Mas o trabalho não é necessariamente a fonte das coisas que temos. Outra pessoa pode nos dar.
     Sim, os pais podem dar dinheiro para os filhos. As pessoas podem obter empréstimos nos bancos etc. O dinheiro que guardo no banco gera mais dinheiro sem esforço.
     Os pais podem dar dinheiro para os filhos. Os pais trabalham para obter esse dinheiro. Os filhos devem saber que o dinheiro não é infinito, devem entender que há limites e devem buscar a própria independência. Os pais não podem simplesmente dar dinheiro para os filhos sem qualquer condição ou sem avaliar o que o filho faz.
     As pessoas podem obter empréstimos nos bancos sem qualquer trabalho. Mas, ao fazerem isso, criam uma "recompensa negativa". Os trabalhos futuros não poderão ter seus frutos 100% aproveitados, uma parte será usada para quitar a dívida inicial. Há uma mudança temporal de trabalho e recompensa (como quando um funcionário pede o adiantamento do salário). Mas há um condicionamento. As pessoas só emprestam dinheiro se esperarem que o outro trabalhe. Se o outro não trabalhar, então não vale a pena emprestar dinheiro. Se o outro gasta o dinheiro emprestado e depois pede mais, o banco irá recear em emprestar de novo. O empréstimo só funciona se a pessoa que pede emprestado trabalhar. Vez ou outra não dá certo, mas o esperado e o desejado é que dê.
     O dinheiro guardado no banco gera mais dinheiro sem esforço. Nesse caso você está investindo seu dinheiro. Você investe sem dinheiro em alguém que irá trabalhar. Essa pessoa trabalha e lhe dá parte do dinheiro em troca da sua ajuda inicial. Você está usando seu excedente para permitir que os outros façam um trabalho mais lucrativo em troca de alguns lucros que serão ganhos. Não entra exatamente como um trabalho, mas como um sacrifício individual que é muito semelhante ao trabalho: Você não consome tudo o que produz, guarda um pouco. Você não aproveita tudo agora para aproveitar mais depois.

     Bem, é isso, aceito dúvidas, críticas e comentários.


     Tenham um bom dia!

sábado, 5 de outubro de 2013

Política e responsabilidade

     Brabâncio, com raiva de Iago disse: "Sois um vilão"
     Iago, muito esperto, responde: "E vós... Um senador"
     Assim escreveu o poeta a imagem negativa dos políticos de forma magistral. O poeta é Shakespeare e a obra é Otelo.
     Vemos a política como um ninho de homens maus, egoístas, maquiavélicos. Assim olhamos a política com desinteresse e apatia. Exigimos mudanças, mas sabemos que não vão ocorrer. E nós mesmos não buscamos a mudança, já que para mudar é preciso sujar as mãos. Vemos um ciclo vicioso em que queremos mudança, mas não a fazemos.
     Mas estamos em uma ilusão. A política não vem necessariamente de cima para baixo, das prefeituras para a sociedade. A própria população se torna inerte ao se afastar da política ao mesmo tempo em que acha que só a política pode gerar mudança.
     Se descobrirmos que cada indivíduo pode gerar a mudança por si, então compreenderemos que podemos ser políticos sem a política institucional. Podemos participar de campanhas de doação de agasalho, comida, literalmente doar nosso sangue. Podemos participar de manifestações. Tudo isso emana da ação individual, tudo isso cada um pode fazer sem necessidade de senadores e deputados. A própria conversa é uma ação, podemos convencer amigos a ajudarem em uma campanha de arrecadação de leite.
   
     Os pais têm a responsabilidade de cuidar de seus filhos, certo? Em alguns momentos, os pais podem delegar essa responsabilidade. Mas não é correto eles abandonarem os filhos aos cuidados dos outros. Mesmo que o outro possa cuidar do filho melhor do que os pais, a responsabilidade é dos pais, eles devem ter o papel ativo na vida dos filhos
     De quem é, a priori, a responsabilidade de ajudar o próximo? Vejo três respostas:
1. Não existe essa responsabilidade - não irei abordar essa posição dessa vez.
2. A responsabilidade é de cada indivíduo.
3. A responsabilidade é da sociedade.
     Ora, se a responsabilidade é da sociedade, aquela só existe se esta existir. Portanto, os indivíduos sozinhos não têm responsabilidade. Só quando se unem passa a existir esse dever. Me parece que essa resposta joga a obrigação para uma ficção, para algo que não existe. É uma forma de se isentar de seu próprio dever. Não estou pensando do ponto de vista jurídico, mas da moral.
     Se uma pessoa que você não conhece desmaia da sua frente, você tem o dever de fazer alguma coisa, moralmente falando? Creio que sim, mesmo que vocês não se conheçam e mesmo que não façam parte de uma mesma sociedade. Assim, concluo que o indivíduo tem a responsabilidade de ajudar o próximo.
     Se nós somos temos esse dever, até que ponto é justo transferirmos ele para os políticos, para os representantes da sociedade? Transferir algo que é nossa obrigação para outro não é lavar as mãos, por mais que o outro possa fazer melhor do que nós? É claro que algumas coisas inevitavelmente teremos que transferir ao outro, não somos oniscientes e onipresentes. Mas não é correto fazer isso para se isentar de qualquer culpa. Os pais são responsáveis pelos filhos e devem ter um papel ativo na vida deles.

     Então mesmo se acharmos que os políticos são corruptos, ainda assim temos o dever de ajudar o próximo. Se cada um fizer uma pequena coisa, não será mais grandioso do que se os políticos fizerem uma grande coisa? Pensar que para mudar algo é preciso ser grande é um equívoco. Podemos mudar de baixo para cima, da população para as instituições políticas. Podemos alterar a base para modificara estrutura. E daí a importância das ideias.


     Tenham um bom dia!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Desapropriação de terras ociosas e "ad hoc"

     Uma terra ociosa pode ser desapropriada em benefício dos mais pobres? Muitas pessoas respondem simplesmente que sim. Mas vamos analisar os argumentos?
     Dizem que o terreno tem um papel social. Quando está ocioso não está cumprindo esse papel. Não gera emprego, não gera produção, não gera riqueza. Tudo bem que paga impostos, mas a função da propriedade é mais do que simplesmente pagar impostos. O terreno ocioso deverá ser desapropriado e dado a uma pessoa pobre sem emprego. De preferência, o ex-proprietário não deve receber nada, para que não torne o processo muito custoso para o governo, o que permite ao mesmo realizar uma ampla reforma agrária. Assim, o maior gasto do governo será com capital físico, como tratores, sementes, enxadas, para auxiliar o novo proprietário.
     Ok, vamos supor que isso faça sentido. Resumindo, o argumento é que uma propriedade ociosa pode ser desapropriada para que uma pessoa pobre sem emprego possa recebê-la e trabalhar. Vamos expandir um pouquinho esse argumento:
     Lá em casa temos no guarda-roupa algumas blusas velhas que deixamos de lado quando compramos blusas novas. (costumamos doar algumas, mas é sempre bom ter algumas de reserva). Creio ser de conhecimento geral que há muitas pessoas pelo Brasil passando frio. É legítimo o governo expropriar-nos de nossos agasalhos contra nossa vontade? Seja pagando nada, seja pagando quanto ele acha que vale? Me parece que não, mesmo que não a usemos. Se você, leitor/a, achar que sim, poste nos comentários.
     Tudo bem, vamos para outro caso. Ainda em casa, temos algumas facas de cozinha. Tem uma ou outra que a gente nem usa pois está sem fio. O governo poderia desapropriar essa faca para dá-la para um trabalhador que iria usá-la (digamos um cozinheiro de escola pública) de forma legítima? Também creio que não, mesmo que não usemos a faca e nem tenhamos expectativa de usá-la.
     Pode argumentar que são bens de menor valor, o governo tem coisas mais caras para desapropriar.
     Grande parte da população guarda um pouco do dinheiro nos bancos. É mais seguro do que guardar em casa, rende alguns juros e nós podemos usar cartões, o que diminui nossas perdas se tivermos a carteira roubada. Acontece que algumas pessoas acabam guardando uma quantia considerável no banco para o caso de alguma necessidade, caso surja alguma possibilidade de investimento etc. O governo pode tirar nosso dinheiro de forma legítima? Algumas pessoas podem se lembrar de um fato histórico recente em que ocorreu isso (pesquise no Google se quiser saber mais). Será legítima? Creio que não. Mesmo que nós não estejamos usando esse dinheiro, mesmo que não tenhamos a expectativa de usá-los imediatamente, mesmo que o dinheiro possa ajudar muitas pessoas. Você pode dizer que nós não estamos investindo o dinheiro, mas o banco está. O dinheiro não está parado. Mas e se eu não confiar nos bancos devido às crises que vêm ocorrendo e resolver esconder debaixo de meu colchão? (é mais macio, para mim é mais seguro, e estou sempre perto vigiando). Nessa situação posso ter meu dinheiro expropriado legitimamente? Creio que não.
     O mesmo se aplica para livros que as pessoas leem uma vez e deixam guardado na biblioteca de casa, para cadernos que tiveram só as primeiras páginas usadas, para sapatos, carros de um colecionador etc.
     Um argumento que é usado em uma situação X deveria ser usado em uma situação análoga Y. Se não puder, é um caso de "ad hoc", é um argumento que o enunciador usou só para essa situação, e não se aplica para as demais. Dizemos que é tipo de falácia, é um argumento de mentirinha.

     Vamos para outro argumento? Temos o dever moral de ajudar os pobres.
     Tudo bem, temos esse dever moral. Mas significa que somos forçados a fazê-lo? O governo pode nos obrigar a agir em benefício do próximo? O governo pode nos condenar por sermos cruéis, enganadores e caluniadores. Mas será que pode nos culpar por não ajudar os pobres? Já não basta pagar impostos? E outra, se você acha que devemos ajudar os pobres, por que não eliminar o desperdício em vez de roubar dos ricos? ("ad hoc"?)Grande parte da comida do Brasil vai para o lixo. http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/8/26/no-brasil-do-desperdicio-comida-vai-parar-no-lixo
     Não é melhor concentrar os esforços em otimizar a distribuição de alimentos? Sei lá, permitir que o as prefeituras comprem comidas que seriam descartadas parece-me melhor do que desapropriar um terreno de um investidor.

     Não é para dar comida aos pobres, mas ensiná-los a trabalhar? Portanto, vamos desapropriar terrenos ociosos! Não se segue o raciocínio de desapropriar terrenos ociosos. Trabalhar na terra não é a única forma de emprego. Só peço que não aumente a burocracia para aumentar empregos, já é um inferno fazer coisas muito simples. Já sei! Faça que nem a China e crie cidades fantasma. Não pensei muito no assunto, mas é melhor do que dar emprego para cavar buraco e depois para tapar buraco.

     Todas as pessoas devem ter o mínimo para viverem? E o que eu tenho a ver com isso? Dessa premissa (vamos admitir que todos concordem com ela) não se segue que o terreno do investido seja desapropriado. Já pagamos impostos que esperados que sejam usados para garantir esse mínimo. Cheira a "ad hoc"

     Pelo menos, o terreno ocioso tem uma função: o dono paga impostos para o governo desperdiçar.

     Concluindo, tem muitos argumentos "ad hoc" e muitos argumentos cuja conclusão não segue a premissa ("non sequitur"). E vale dizer que o investidor tem um papel social em seu processo: Imagine o primeiro proprietário, ele precisa de dinheiro imediatamente para alguma coisa (viajar, comprar um carro ou uma casa para o filho que está entrando na faculdade, saldar dívidas etc.). Ele sabe que o terreno vai ser valorizado, mas ele precisa do dinheiro AGORA. Vem um investidor e se propõe a comprar o terreno, já que o investidor pode esperar sem pressa até o melhor momento para vender. O primeiro proprietário resolve vender e todos saem felizes. Pelo menos até o governo frustrar a expectativa do novo proprietário.

     Só para não dizerem que defendo totalmente a propriedade, eu penso que a desapropriação pode ocorrer quando a propriedade está sendo sucateada, sendo local de proliferação de mosquitos e outros animais daninhos. Nesse caso oferece risco para o vizinho. Aí se pode pensar em desapropriação (após algumas notificações e multas). Ah, posso outro dia pensar no caso de o proprietário não pagar os impostos. Mas fica para outro dia.
     Críticas nos comentários. (ainda estou construindo meu pensamento sobre o tema, pode ser que tenha situações em que desapropriar seja bom, posso ter emitido algum pensamento equivocado, posso simplesmente ter esquecido de algum fato importantíssimo. Discutir faz bem para as ideias)


     Tenham um bom dia!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

"-ismos" e "-dades"

     Muitos defensores de movimentos a favor dos homossexuais dizem que não deve-se usar o termo "homossexualismo", pois o "-ismo" se relaciona com doença. O mais correto seria dizer "homossexualidade".
     Exemplo de doenças com "ismo": alcoolismo, sadismo, etc (me falta exemplos)
     Exemplo de palavras que não se relacionam com doença com "ismo": comunismo, capitalismo, cristianismo, racionalismo, humanismo, jornalismo, expressionismo, impressionismo, Lucas-é-super-legal-ismo.
     (tudo bem, o último eu inventei... Não que não seja verdade)

     Agora vamos explorar o seguinte fato: é preferível "homossexualidade" a "homossexualismo".
     Será preferível "comunidade" a "comunismo", ou "capitalidade" (?) a "capitalismo", ou "cristandade" a "cristianismo"?
     Bem, em algumas situações até que sim, mas não por o termo ser mais bonito, mas por os termos trazerem significados diferentes.
     Cristandade é uma comunidade de cristãos (me corrijam se estiver errado). Cristianismo defende a cristandade.
     Comunidade é um grupo de pessoas com cultura semelhante. Comunismo defende a ideia de comunidade.
     Racionalidade é a capacidade de exercer a própria razão. Racionalismo é uma doutrina que prega a racionalidade.

     O leitor/ a leitora atento/a perceberá que o sufixo -ismo é diferente do sufixo -dade. Também terá notado que -ismo não se liga necessariamente a doenças, mas a modos de pensar, expressar, acreditar.
     Por qual motivo teriam os defensores da homossexualidade diriam que -ismo se liga a doença? Eis o motivo: homossexualismo já foi catalogado como doença. Haveria uma conotação negativa nesse termo devido ao seu histórico.
     Mas se você prefere ignorar o politicamente correto e usar o gramaticalmente lógico, pense o seguinte: Homossexualidade é a "condição do homossexual", refere-se ao ser homossexual. Homossexualismo é a doutrina que defende a homossexualidade, em contraposição à heterossexualidade. Assim, parece que na maioria dos casos "homossexualidade" é o termo mais indicado.
     Se você prefere o politicamente correto, qual dos dois usar? Nenhum. Use "homoafetividade", é mais bonito (embora ninguém diga que também exista "heteroafetividade").

     Mas não é esse o objetivo, é uma ilustração. O meu objetivo é falar de individualismo x individualidade.
     Diz-se na escola que a individualidade se refere às especificidades das pessoas, suas características únicas e pessoais. Seria uma coisa boa.
     Diz-se ainda nas escolas que o individualismo é o egoísmo, o egocentrismo. É uma coisa ruim.
     Mas... Não é bem assim. Individualidade é realmente a diferença entre os indivíduos. O individualismo nada mais é do que a defesa da individualidade. O individualismo se opõe ao pensamento comunista e socialista. Estes valorizam mais a comunidade ou a sociedade ao invés do indivíduo.
     A mera valorização do indivíduo não é por si só ruim. Assim como a mera valorização da comunidade não é por si só boa. Exemplos: a valorização das habilidades de cada pessoa em um trabalho em grupo é bom. A valorização da sociedade romana em detrimento dos cristãos atirados aos leões no coliseu.
     Em meu post sobre direita e esquerda, se disse que a direita é individualista, quer dizer que valoriza o indivíduo, não há necessariamente uma carga negativa nessa valorização.

     Espero ter me expressado bem. Se acharam-me tendencioso, falacioso ou algo assim, comentem, critiquem. Se quiserem mais explicações, aprofundamento em temas ou opiniões se sintam a vontade para pedir.

     Para finalizar, uma frase do poeta: "Se uma rosa não se chamasse rosa, teria certamente o mesmo perfume" - Romeu e Julieta - W. Shakespeare (não que essa frase favoreça meu ponto de vista, mas o assunto me fez lembrá-la).


     Tenham um bom dia.

"Quem cola não sai da escola"

     Nos dizemos contrários a comportamentos errados, criticamos o "jeitinho brasileiro", a corrupção dos grandes, mas vivemos em contradição.
     Pessoas comuns tentam corromper agentes públicos, com "investimento" no funcionário público ou buscando amizades de pessoas influentes. Mas essa não o cerne de minha crítica.
     Quem já não ouviu o provérbio muito difundido nos meios educacionais: "quem cola não sai da escola"? Ao meu ver, esse provérbio não faz o menor sentido e ainda apresenta um ideal doentio que infelizmente faz jus à educação sucateada (ou não, dependendo do caso).
     Quem defende essa frase infeliz poderia dizer que é uma crítica ao estudo de uma matéria inútil, ou uma crítica ao modo do professor, ou uma crítica à sociedade que só diz para estudar, ignorando os momentos de lazer. Ou simplesmente diz que é burro.
     Primeiro, a matéria não é inútil, nada é inútil. E se você não concorda, não é colando que vai torná-la útil. Segundo, criticar o professor é, na maioria dos casos, ver no outro um problema seu. Se você não consegue assumir sua concentração, não culpe o professor. Nas minorias das vezes que o problema é realmente o professor, colar não ajuda a tornar o professor melhor. Terceiro, o mundo não concilia estudo e lazer, mas quem deve conciliar isso é você. É muito fácil dizer que é impossível. Você tem que fazer escolhas, o mundo não é um mar de rosas.
      Concluo que colar não resolve nenhum problema, e além disso, acrescento, tirar nota boa é uma injustiça; e uma forma de fugir do dever de estudar, enganando a si mesmo. Aceito críticas. Se for apropriado, faço outra postagem sobre isso.

      Tem mais uma coisa que eu quero falar. É sobre as "frasezinhas" engraçadinhas dos professores nas provas do tipo: "pode colar, desde que eu não veja" ou "a cola é proibida, exceto se o professor não ver". Vai, pode parecer engraçado a priori. Mas que recado a pessoa incumbida de ensinar os futuros cidadãos está passando? Algo do tipo: Você pode ser malandro, desde que não seja pego. Você pode ser um criminoso traidor, desde que ninguém saiba. Mesmo que não seja responsabilidade do professor transmitir moralidade e educação para as crianças (o que seria tarefa dos pais, da família), ainda o professor agiria contra todos se não buscar prevenir essa falta de moralidade.
     Sei lá, para mim, nota é consequência, e não objetivo. Se você pensa contrário, se acha que os fins justificam os meios, então acho que precisa rever sua moralidade.

     Desculpem, caros leitores, pelo desabafo e pelas críticas um tanto generalizantes e intolerantes. Se magoei alguém, me desculpe, o objetivo não é atingir a pessoa, mas a forma de pensar e de agir. Inevitavelmente alguns podem se ferir, se for o caso, melhore a autoestima. Se discordam com o que disse ou concordam, comentem, divulguem.
     Obrigado pela paciência,


     Tenham um bom dia.

domingo, 22 de setembro de 2013

CUIDADO CRIANÇAS!



      Muitos ônibus têm uma faixa na parte exterior dizendo "CUIDADO CRIANÇAS!".
     Me parece que o objetivo é avisar os outros condutores de que devem tomar cuidado redobrado por o ônibus estar transportando crianças, que têm tantos anos a mais para viver, tão jovens e inocentes.
     A questão é que vários dos condutores de ônibus tomam medidas arriscadas, imprudentes.
     É válida a ideia de alertar os amigos condutores, mas em alguns casos a faixa faz mais sentido a faixa estar dentro do ônibus, alertando o condutor, do que fora, alertando os demais veículos.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Evolucionismo 5 - crises

Postagens anteriores (altamente recomendável que leiam):
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-parte-1.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-2-perfeicao.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-ideias-e-politica.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-4-nao-acreditem-na-teoria.html

     Tudo bem, agora falando sério: (desculpem pelo tamanho do texto)
     Vamos supor que tenha uma espécie vivendo "em harmonia" com seu ambiente. Então surge uma nova espécie "invasora" e acaba competindo com a primeira espécie. A segunda se mostra mais apta, crescendo rapidamente enquanto a primeira diminui. Não há juízos de valor, não há justiça ou injustiça. A segunda prevaleceu por melhor agradar a natureza. Nem sempre a primeira espécie será extinta imediatamente. Ela pode se especializar em uma atividade que a outra espécie não consegue fazer, por exemplo pode aproveitar o fato de ser imune a algum veneno nocivo à segunda espécie.
     Com o tempo, a primeira espécie se desenvolverá pelo caminho em que tem vantagem, ou será eliminada. Ou poderá vir a ser capaz de competir igualmente com a segunda espécie. Mas não é um processo possível de previsão. A habilidade de mudar e de resistir é difícil de ser prevista.

     Talvez o amigo leitor ou a amiga leitora observem a espécie invasora como injusta. Vamos explorar um pouco essa injustiça. Seria injusto se na própria espécie um indivíduo nascesse com uma vantagem que o torne mais apto do que seus semelhantes? Seria injusto, na área das ideias, que a ideia da lâmpada surja quando a ideia da vela é dominante? Seria injusto na política que um político minoritário seja eleito? Seria injusto que a aldeia A presenteasse a aldeia B com a ideia da roda, que desfavoreceria a ideia do cavalo?
     Todo momento no mundo da natureza ou no mundo das ideias surgem novidades. E as novidades tentam sobreviver, tentam frutificar. Se elas não são aptas (a ideia de um raio ser elétrons em circulação pode ser
'melhor" do que a ideia do raio como a fúria de Zeus, mas a última foi mais apta em alguns momentos; a ideia de "melhor" não é a mais apropriada) então entram em declínio. Esse declínio, vale lembrar, não é extinção. Ainda usamos velas, mesmo que pouco. Ainda ouvimos o rádio. Ainda andamos.

     A partir do momento em que segunda espécie chegou, passando a competir, iniciou um momento de crise (não sei se o termo é usado na biologia, mas me parece apropriado. Falarei abaixo sobre isso). A crise não precisa ser instantânea ou rápida. Pode acontecer lentamente. Na crise uma espécie dominante é questionada e entra em declínio. Suas fragilidades que sempre existiram são expostas.
     A crise não leva necessariamente à extinção, mas provoca profundas mudanças. Normalmente há uma queda no número de indivíduos etc. No reino das ideias, haverá um debandar em massa de apoiadores, mas ainda haverá aqueles que preferirão o antigo.
     A própria ciência apresenta uma certa evolução no sentido darwiniano. A ciência não progride em linha reta. Vamos lembrar que a ciência (não só a religião) já imaginou que a terra era o centro do universo. Quantas teorias e teses devem ter se baseado nela? Quando se quebrou esse pensamento, a ciência entrou em crise, mas da crise emergiu um novo pensamento, o heliocentrismo. Surgiram teorias sobre o heliocentrismo. Ele entrou em crise e o sol não foi mais o centro do universo, mas ele se movimentaria também.
     Thomas Kuhn, em seu livro "A Estrutura das Revoluções Científicas", defende essa ideia de crise. Para ele, a ciência também não é perfeita. Os paradigmas (teorias, conjunto de pensamentos) de um momento irão NECESSARIAMENTE ser superados. Contudo devemos nos lembrar que existe uma certa evolução, mesmo que nunca vamos atingir a perfeição.

     Ao contrário das ciências humanas, as ciências naturais têm o hábito de descartar o que foi superado. Podemos até saber que existiu o teocentrismo, mas não sabemos teorias complexas sobre ele. A ciência da natureza repudia seu passado de crises, dando uma ideia ilusória de linha reta. As ciências humanas são terreno para disputas que já foram travadas há milhares de anos, nela as ideias apresentam maior capacidade de se manterem (sempre há um maluco pensando em teorias viajadas, e muitas vezes ele será compreendido amanhã).
     As descobertas das ciências naturais, contudo, ainda estão sujeitas à evolução darwiniana no sentido de ideia mais apta (não a mais correta). Na escola aprendemos física de Newton, certo? Essa física já foi superada pela física quântica. Mas por que ainda aprendemos a newtoniana? Pois é a mais apta. Não é no presente muito interessante aprender na metade do ensino fundamental a constante de Planck ou a mudança na massa dos corpos quando se aproximam da velocidade da luz. Também é pouco prático. Para as escolas, agora, a física newtoniana é mais apta. E será certamente substituída no futuro.

     "Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha nossa vã filosofia", disse Hamlet, não apenas nossa filosofia no sentido moderno, mas também na natureza, nas ciências naturais, nas demais ciências humanas, no mundo das ideias etc.
     Entramos em um túnel caótico, embora com certa ordem, e longo de infinitos passos. Escuro, muito escuro, mas podemos ver uma luz em seu fim, embora inalcançável. Andamos pois, embora tenhamos medo, sabemos que cada passo nos aproxima dessa luz intangível.


Tenham um bom dia.