domingo, 22 de março de 2015

Sobre a guerra

      Nas férias passadas li um livro muito bom que se chama "Uma breve história da guerra". Não foi o objetivo do livro resumir várias guerras, mas entender o motivo delas (vou explicar melhor). Dita a fonte que me levou a escrever esta postagem, quero dizer que tudo o que aparecer neste texto será uma leitura minha do tema "guerra". Citarei o autor e dou a ele o crédito por vários de meus argumentos, no entanto não é um resumo o que pretendo aqui fazer.

      Podemos, talvez, dividir a questões políticas e sociais (relativas à sociedade em que vivemos, sentido amplo) em duas linhas: a) as que partem se perguntam o motivo do mal; b) as que se perguntam o motivo do bem. É claro que isso significa que essas ideias partem do pressuposto de que há bondade no homem ou que há maldade no homem. Lembrete: estou dividindo as linhas de pensamento, não as pessoas que as usam. Uma pessoa pode seguir uma linha em um tema e seguir outra linha em outro tema.
      Só para ficarmos em dois exemplos, há duas pessoas que veem uma favela ao lado de um residencial bastante rico. A primeira se pergunta como pode haver pobreza ao lado de tanta riqueza; a segunda se pergunta como pode riqueza surgir entre a pobreza.
      Outro exemplo: duas pessoas estudam a escravidão negra nas Américas. A primeira se pergunta como o ser humano pôde (vou deixar acentuado, a nova regra é prejudicial à minha expressão) realizar tais atos. A segunda se pergunta como pode a humanidade ter superado esse estigma (talvez não totalmente) ou como pode o homem de hoje reprovar de tal forma o que antes foi visto como algo normal por muitas pessoas.
       Sobre a guerra, há duas formas de se iniciar um pensamento: a) os pacifistas se perguntam quais os motivos da guerra, o que leva a guerra a acontecer; b) os "realistas" se perguntam qual o motivo não da guerra, mas da paz. Como pode o homem viver em paz se sua natureza o leva à guerra. O autor do livro mencionado faz a segunda pergunta, na tentativa de, talvez, ao descobrir o motivo da paz, também encontrar o motivo da guerra.

     Pois bem, entendo que a perspectiva do autor pode ser atingida por um meio bastante interessante. Por que os homens agem? A praxeologia determina 3 condições para a ação humana: a) Uma insatisfação; b) A visualização de uma situação de maior satisfação; c) A imaginação de um meio para fazer essa transição.
     Uma guerra nada mais é (opinião minha) do que um meio para algo. Sun Tzu já disse que o objetivo da guerra é a paz. A guerra dificilmente é um fim em si mesmo. É um meio para obter riquezas, um meio para agradar os deuses, um meio para vencer um inimigo imperialista, um meio para dominação. A guerra é um meio muito usado durante a história. As nações desde os primórdios se preparavam para o conflito com outras nações e povos. Usavam-na para obter poder e riquezas. Daí pergunto-me "Como pode hoje vermos com tal repugnância a guerra?".Hoje, a resposta, talvez, esteja nos traumas da segunda guerra, que gerou um pacifismo exagerado em minha opinião.
     Não vejo a guerra como um mal absoluto. É um mal, sim, mas pode ser um mal necessário. A guerra contra o nazismo foi necessária dadas as situações. A guerra pode ocorrer pela liberdade contra a dominação alienígena, ou pelo fim de atos desumanos. A guerra é violência, e a violência se torna legítima em algumas situações.
     Nesta parte quero transmitir a mensagem de que a guerra é algo natural na história da humanidade. Rejeitá-la completamente e absolutamente implica em desconsiderar que o ser humano pode usar da violência. A guerra é um pressuposto. Você pode não desejá-la, mas é preciso estar pronto para ela de forma que evite a dominação e a interferência de inimigos externos.

     Pois bem, como se evitar uma guerra? Retomemos as condições da ação humana: a) existência de insatisfação; b) visualização de uma situação de maior satisfação; c) imaginação de um meio para essa transição. Agora vamos adaptar à guerra.
     a) Se todos os estados do mundo estiverem totalmente satisfeitos, então não haveria guerras. No entanto, pessoalmente não vejo isso como solução. Difícil pensar "vamos buscar a felicidade plena de todas as nações para acabar com a guerra". Esse não é um meio viável. Mesmo nações muito satisfeitas podem iniciar guerras por conta de alguma insatisfação que haveria.
     b) Não basta a insatisfação, é preciso que se visualize que é possível melhorar essa situação. É preciso de um não conformismo. É complicado eliminar isso, pois é naturalmente humano a busca por vencer as insatisfações. A humanidade só pode melhorar pela visualização de um mundo melhor, não obstante os obstáculos, dificuldades e a própria fragilidade humana.
     c) Para uma guerra acontecer, um país tem que visualizar que o melhor meio para obter a melhor satisfação é pela violência contra outros países. A satisfação será obtida com a conquista de recursos de outro povo, ou do próprio povo. Nota: há um custo para isso. A guerra costuma ser cara, sobretudo se subestima as forças do inimigo. Por isso, é preferível guerras rápidas em termos de custos.
     O que neste ponto impede a guerra? Custos elevados para uma guerra decorrentes, por exemplo, de um inimigo com igualdade de forças. Consequências negativas como o pouco apoio popular. Possibilidade de negociações entre as nações. Baixa quantidade de tropas ou armamentos. Possibilidade de um inimigo externo se aproveitar do enfraquecimento da nação durante a guerra.

     Parece-me que a forma de se ter a paz é aumentar os custos da guerra e também os riscos. Uma delas é que as nações estejam preparadas para as guerras. Outra forma é fomentar o diálogo internacional, por exemplo por instituições internacionais. Um meio citado por liberais é por meio de mais relações comerciais (livre mercado). Um país que entre em guerra corta relações comerciais, e isso gera muitos custos.

Por ora, é isso. Bom domingo a todos.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Aviso

Aviso - não haverá texto nesta semana.

sábado, 7 de março de 2015

Meritocracia e resultados

     Antes de discutir o que desejo neste post, quero trazer meu ponto de vista sobre o que é meritocracia. De um modo muito tautológico, meritocracia é o sistema que se baseia no mérito (oh! genial). Mas o que é mérito: O mérito é merecimento, aptidão. São comportamentos que uma pessoa faz que são dignas de elogio, de valor.
     Agora que temos uma ideia mais ou menos definida, vou trazer um exemplo para ilustrar meritocracia e resultados.

     Imagine três irmãos. Todos eles saíram de casa e prometeram à mãe que enviaram uma carta após um mês.
     O primeiro estava, certo dia, conversando com um amigo. Este lhe disse que iria passar pelo correio. O primeiro irmão lhe entrega a carta para que o amigo a deposite no correio. Ocorre, porém, que este amigo se esquece de depositar a carta. O primeiro irmão pensa que estaria tudo certo e nem pergunta ao amigo se ele depositou a carta.
     O segundo irmão também confiou ao amigo a carta. No entanto, o segundo, preocupado, pergunta se o amigo depositou a carta, e este responde que esqueceu. O segundo irmão, então, pega a carta e a deposita no correio. No entanto, o correio entrou em greve. O segundo irmão ouve a notícia da greve, mas não a associa com a carta enviada.
     O terceiro irmão passa pelos mesmos problemas, no entanto, ao saber da greve, ele escreve uma nova carta e a envia à mãe por outro amigo que iria voltar à sua cidade. Contudo, sua carta se molha na viagem, de modo que se torna um pedaço molhado ilegível de papel.

    Qual seria dos irmãos o que tem maior mérito, o que merece receber mais, o mais digno de elogio? Todos são iguais em mérito?
     Observamos que o resultado dos três é o mesmo. Todos falharam em fazer a carta chegar à mãe. No entanto, o terceiro irmão se esforçou mais. Ele tentou fazer o máximo para que a carta chegasse. O primeiro irmão foi o que menos fez, o mais despreocupado. O resultado foi o mesmo, mas me parece que o terceiro tem maior mérito, e o primeiro o menor.
     Daí podemos concluir que a meritocracia não tem relação necessária com os resultados, mas com o esforço individual ou coletivo.

      Conforme as relações econômicas se tornam menos pessoais, ou seja, você compra algo sem saber sobre a vida pessoal de quem está lhe vendendo ou produzindo o bem, há uma tendência a se desconsiderar o mérito e pensar mais em resultados. Em uma relação impessoal, você não quer tanto a conduta proba e diligente do outro, mas sim o resultado. Quando a relação é pessoal, você também quer o resultado, mas o seu desejo por diligência e probidade são maiores.
      Este parágrafo não pretende exatamente defender o capitalismo, é mais uma análise neutra, embora no íntimo tendenciosa. O capitalismo, por conta do aumento da complexidade das relações econômicas e sociais, tem uma tendência a exigir resultados, e não o mérito. A conduta de um "bonus pater familias" (traduzindo não literalmente, é a ideia do tal homem diligente e probo) só interessa na medida em que garante o resultado.

É isso. Tenham um bom dia.