sábado, 28 de fevereiro de 2015

[Vídeo] Resumo do livro Direito, Legislação e Liberdade pt 1

Título autoexplicativo.
Mais complexo do que o livro "O caminho da Servidão", também de Hayek

https://www.youtube.com/watch?v=bHwKU9EDoRI

domingo, 22 de fevereiro de 2015

[vído] Resumo do livro "O caminho da servidão"

Segue o link do resumo do livro "O Caminho da Servidão", de F. A. Hayek.

https://www.youtube.com/watch?v=TeKdRsxu_3I


Bom vídeo e boa semana a todos.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Carnaval

     Oba, mais um carnaval.
     Novamente veremos cenas de despudor, de bebedeira, de festa sem qualquer preocupação. Desfiles com mulheres seminuas, com pessoas animadas não por qualquer expectativa de um futuro melhor, mas para simplesmente aproveitar o presente.
     Dizem alguns que o Brasil só começa após o carnaval. Isso é um injustiça com aqueles que se esforçam em seus trabalhos e empreendimentos (pessoais ou profissionais), mas vamos seguir a noção holística de "Brasil": Meus parabéns, começará 2015. E podemos já citar que homens e mulheres (ou mulheres e homens) estão alcançando a igualdade - na devassidão. Eta, povo festeiro, já começa o "ano" na folia e no divertimento. Será que esquecemos que "primeiro o dever, e depois o prazer"? Ou será que não se pode esquecer de tal lição, uma vez que falta um de seus pressupostos?
      Viva! Viva! Um povo em festa por conta de todos os avanços desse nosso amado país. Tão longe já fomos desde o descobrimento do Brasil por um certo navegante - poderia ser outro, caso vivesse naquela época. Tão avançados já estamos em nossa economia, em nossa política, em nossa moralidade, que podemos nos dar o luxo de começar o ano comemorando... Tudo o que temos.
      Sorte a nossa que há investimento público no carnaval brasileiro. Todos arcam com os custos de algo que todo brasileiro aproveita. Só poderia ser financiada por todos uma festa que mostra quem os brasileiros são. "Deixa o povo se divertir" - Claro, quem falou de se proibir algo? Estamos até financiando a festa.
        Vamos viver o presente, pois não se vive do passado e nem do futuro. "Carpem diem", como já diziam alguns, é preciso aproveitar. Alguns diriam "memento mori" (lembre-se que vais morrer), mas ora, a morte está tão longe para nossos jovens em folia, são tantos que morrem de velhice e tão poucos que morrem nas ruas ou por problemas não previstos nesse país em que vivemos. Até lá há muito o que se fazer.
        Ora, mas há coisas boas no carnaval, como o feriado. Quem não gosta de não ter que trabalhar nesses dias? Até seria uma boa ideia não trabalhar nenhum dia. Pois bem, pois bem, podemos ao menos nos contentar com um fato: a música do carnaval nem é tão ruim se comparado ao gosto de tanta gente do Brasil.


Boa noite, caros leitores e caras leitoras.
Juízo!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Igualdade em "O mercador de Veneza"

     Em "O mercador de Veneza", o poeta dá a Shylock apresenta duas passagens belíssimas, abaixo transcritas:

"Os judeus não têm olhos? Os judeus não têm mãos, órgãos, dimensões, sentidos, inclinações, paixões? Não ingerem os mesmos alimentos, não se ferem com as armas, não estão sujeitos às mesmas doenças, não se curam com os mesmos remédios, não se aquecem e refrescam com o mesmo verão e o mesmo inverno que aquecem e refrescam os cristãos? Se nos espetardes, não sangramos? Se nos fizerdes cócegas, não rimos? Se nos derdes veneno, não morremos? E se nos ofenderdes, não devemos vingar-nos? Se em tudo o mais somos iguais a vós, teremos de ser iguais também a esse respeito. "

"Decerto haveis de perguntar-me a causa de eu preferir um peso de carniça a ter de volta os ricos três mil durados. E então? Se um rato a casa me estragasse, e para envenená-lo eu resolvesse gastar dez mil ducados? ... Há muita gente que não suporta ouvir grunhir um porco; outros, ao ver um gato, ficam loucos; e outros, ainda, que ao fanhoso canto da cornamusa a urina não retêm. É que a impressão, senhora dos instintos, vos faz odiar ou amar, como apetece. Para voltarmos ao que perguntastes, vos direi que assim como não podemos apresentar razão satisfatória da antipatia de um pelo grunhido do porco, da daquela pela vista de um gato necessário e inofensivo, da do outro pela inflada cornamusa, sendo força cedermos ao opróbrio inevitável de ofendermos, quando nos virmos ofendidos: de igual modo, não sei de outra razão, nem saber quero, se não for o ódio inato e a repugnância que Antônio me desperta e que me leva a persistir assim numa demanda tão onerosa."

     Talvez seja melhor resumir o que quero chamar atenção. Shylock emprestou dinheiro a Antônio, e este não lhe pagou no prazo devido. As leis permitem que ele exija uma libra de carne o mais próximo possível do coração. Antônio, posteriormente tem o dinheiro, mas Shylock quer a carne. Por Shylock ser um judeu, há muita oposição a ele (e também por exigir a própria pena quando ela não se faz necessária)
     Shylock, em sua defesa, apresenta duas abordagens muito interessantes:  Primeiramente, as pessoas são iguais: não pode ser discriminado por ser judeu. Em segundo lugar, as pessoas são diferentes, por isso não precisa justificar sua preferência por "um peso de carcaça".
     Shylock entrou em contradição? Afinal, os homens são ou não diferentes?

     As pessoas são diferentes no sentido de que possuem valores, princípios, desejos e paixões diferentes. Se pessoas são diferentes, elam podem ser tratadas se modo diferente. Muito cuidado aqui. As leis devem ser voltadas para um número indeterminado de pessoas, devem tentar englobar todas as pessoas sujeitas à legislação como um todo. A situação ideal das leis é que todas se apliquem a todos sem qualquer distinção "a priori". Por exemplo, o crime de roubo é uma lei que pode se aplicar a qualquer cidadão. Os efeitos, como a prisão, irão recair sobre quem praticou o crime, o que significa que podem se aplicar a qualquer um. Assim, embora os homens sejam diferentes em diversas coisas, eles devem ser iguais perante a lei, por serem todos seres humanos.

     Na lógica, há diversas diferenças entre entes. Quando a diferença se refere às particularidades mais únicas de cada um, há uma diferença individual. Quando a diferença se refere a particularidades não tão únicas, mas mesmo assim bastante exclusivas há uma diferença específica. Os seres humanos são individualmente diferentes: cada indivíduo é diferente entre si. No entanto, não há diferenças específicas entre os seres humanos por eles justamente pertencerem a uma mesma espécie.
     As leis se aplicam aos homens por eles serem homens (ou, em alguns casos por serem homens de uma determinada nacionalidade), e as leis não devem se aplicar a grupos menores do que esses sob o risco de ferir a isonomia (iso = igual; nomia = regra). As leis, portanto, trabalhariam com diferenças específicas.
     As paixões, desejos, pensamentos, sensações..., embora guardem uma certa congruência entre os homens, são essencialmente individualmente diferentes, pois cada indivíduo as sente de forma diferente, embora análoga. Essa diferença individual é o que explica por que cada pessoa pode escolher de forma diferente perante mesmas opções.

     Talvez Shylock pudesse dizer: Certamente somos todos diferentes, pois cada indivíduo possui gostos, paixões e ódios diferentes. Apenas isso explicaria por que meu amigo se casaria com uma mulher que eu jamais iria querer perto de mim, ou por que outro amigo se casou sendo que ele não vale nem um pence. Isso explica por que alguns preferem um relógio redondo e outros, um quadrado. Também é certo, contudo, que somos todos homens, uma vez que cada um de nós, de uma forma ou de outra, sentiu os amores e os temores, passou o frio e a fome, tentou encontrar seu lugar no mundo e tento descobrir os motivos para todas as desventuras por que passaram. As leis, cegas para os gostos humanos, recaem sobre todos os cidadãos dessa Veneza independente de odiarem a mim ou de odiarem a Antônio, independente de o ladrão preferir relógios redondos ou quadrados. Assim, não entendo o motivo para tamanha oposição ao meu pedido para que se cumpram as leis. Não sou eu um homem como todos? Se ousarem dizer que não posso exigir o que a lei me garante, então violarão o código no qual vocês vivem e não passarão de feras, que ouvem somente às leis da força bruta, e não ao igual tratamento de todos perante as leis humanas.notas


Tenham uma boa tarde!

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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Entendendo o livre mercado com uma carroça de melancia

     Talvez vocês conheçam o ditado popular "Quando a carroça anda é que as melancias se ajeitam". Permitam-me contar uma historinha cuja original eu li há um tempo e que vou criar a minha variante.

     Era uma vez um senhor que tinha uma fazenda onde plantava melancias. Ele enchia seu caminhão com as melancias e as levava para a cidade, onde as vendia. Estava certo dia esse senhor andando com as melancias quando a carroça passou por cima de uma pedra. Com o choque, as melancias se mexeram um pouco. O senhor não se importou com isso e começou a se lembrar da primeira vez que isso aconteceu.
     Ele fez a sua primeira colheita. Pegou as melancias e as ajustou certinho na carroça. Estava indo para a cidade quando BAM a carroça passou por cima de uma pedra. Todas as melancias ficaram fora de lugar, estava tudo desorganizado... O moço (pois nessa época o senhor era jovem) ficou descontente. Todo o seu trabalho em organizar foi por ralo abaixo, se as melancias se mexem com cada buraco, elas vão ficar batendo uma nas outras, podem acabar caindo, ficarão perdidas e sem ordem.. Ele parou a carroça e pôs se a reorganizar as melancias. Oh, agora elas não vão se mexer novamente. Continuou seu caminho e bateu em uma pedra. Novamente as melancias se mexeram. Umas caíram dos montes, outras foram parar no outro lado da carroça. Novamente nosso protagonista reorganizou as melancias, e novamente bateu em algo que fez as melancias se desorganizarem. O progonista ficou com muita raiva e disse "Se vocês não vão ficar como eu quero, então não vou perder tempo com vocês." E continuou seu caminho para a cidade.
     Bateu em outro buraco, e as melancias se mexeram. Bateu em outra pedra e as melancias também se mexeram. Contudo, ele começou a notar o seguinte: As melancias estavam se mexendo menos a cada batida, ele pensou. Então continuou seu caminho. Ao chegar na cidade, as melancias se mexiam tão pouco que ele nem se importava mais.
     E com isso, o senhor aprendeu a seguinte lição: em vez de se tentar dar ordem ao caos, pode ser melhor simplesmente deixar que as leis da física atuem. Em vez de ele reorganizar as melancias, se deixasse que elas encontrassem um local mais estável com cada batida, elas adotariam uma ordem mais segura do que a que ele criou. Posteriormente passou a pensar que o único jeito de se conseguir organizar a carroça de modo certo seria conhecer o tamanho de cada melancia e as suas formas, realizar cálculos complicadíssimos só para as por em uma posição estável. Era mais fácil deixar que elas assumissem seus lugares.
     Ah, e ele viveu feliz para sempre.


     Antes de prosseguir com o livre mercado, é preciso explicar o que eu quero dizer por "mercado". Mercado não é uma coisa nem um lugar (não na concepção a que me refiro). Mercado é um processo. É um processo em que os bens são alocados, ou seja, dados a determinadas pessoas. O mercado (alguns usam o termo "cataláxia") refere-se ao conjunto de todas as relações de trocas que os indivíduos fazem de forma a obterem os bens (e serviços) que julgam necessários ou apropriados. Envolve saber quantos bois serão criados, qual o melhor transporte de açúcar da cidade A para a cidade B, quais pessoas deverão ficar com as cadeiras almofadadas produzidas na China. Parece complicado, não?
     O mercado é um processo muito complexo e regido por regras próprias. As leis da física atuam na carroça assim como leis econômicas atuam no mercado. Não é por algo ser complexo que ele precisa ser criado por deliberação (thesis, na linguagem Hayekiana). A ordem simplesmente surge da interação entre pessoas no mercado, assim como uma organização estável surge com o andar da carroça.
     Muitos intelectuais acham que podem determinar como o mercado funcionará: como produzir, quanto produzir, quem deve produzir e para quem se deve produzir. Isso só é possível para um Deus, que é onisciente. A racionalidade humana não pode controlar o mercado, esse processo do qual falei. A ideia do livre mercado é justamente deixá-lo funcionando livremente e, com humildade, reconhecer que o mercado funciona, e que a razão humana é incapaz de controlá-lo.

     Extra: "mão invisível"

     A ideia da mão invisível não é nenhum ente sobrenatural que organiza a sociedade como um mestre de fantoches. Falar da mão invisível em uma economia é a mesma coisa que dizer "As melancias da carroça vão se ajeitando como se uma mão invisível estivesse realizando esses ajustes."


Links úteis:
http://copaziodesaber.blogspot.com.br/2014/05/video-calculo-economico-parte-1.html - primeiro vídeo em que explico o cálculo econômico.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1487 "Por que os intelectuais odeiam o capitalismo"


Tenham um bom dia!


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