terça-feira, 31 de dezembro de 2013

[economia] Como se definem os preços?

Comunicado:
     Vou colocar "[economia]" no título de algumas postagens para o/a leitor/a saber que terá muita referência à economia. As postagens que tiverem pouca relação com a economia não vou colocar.
     Estou iniciando um processo de colocar links de outras postagens do blog para direcionar as pessoas interessadas a assuntos semelhantes. Boa leitura

     Por que os preços são aqueles que são?
     Antigamente havia questões as quais os estudiosos tinham dificuldade em explicar. O que define os preços? O ferro é mais útil do que o ouro, mas por que é mais caro? Por que a água é mais cara no deserto do que na beira do rio?

    Primeiro, devemos notar que as coisas não têm um preço fixo. Na natureza sem o homem havia só bens. O homem dá um valor subjetivo aos bens (veja observação no final). Segundo esse valor subjetivo, o homem decide como agir. O homem pode achar que no momento é mais importante buscar água para cozinhar do que cortar lenha para a fogueira. Assim, o homem valora mais a água do que a lenha nesse momento.
     O valor que o homem dá a cada bem depende de cada indivíduo. Conforme as vontades individuais mudam, os valores atribuídos aos bens também mudam. Quando um bem é mais valorado, as pessoas estão dispostas a pagarem mais por esse bem. Assim, o preço pode aumentar. Por exemplo, as pessoas de uma cidade gostam muito de comer sorvete. Surge uma notícia de que o sorvete faz mal à saúde. Algumas pessoas passam a não dar um bom valor ao sorvete ou a dar um valor menor. Os vendedores de sorvete querem manter os clientes, então abaixam o preço. Os vendedores não conseguirão fazer com que todas continuem comprando, mas conseguem se manter da venda.
     Note que no exemplo acima o valor que cada indivíduo dá para o sorvete é diferente, não há um único valor.
     Vamos pensar em outros exemplos. Pensemos em uma ilha. Na ilha, grande parte da água potável vem de fora. Ocorre um furação e a ilha perde grande parte da água potável. O próximo navio que levará água demora dias para chegar. Se você fosse um habitante da ilha, pensaria "Oh, a água está ficando escassa, então vou comprar mais para me prevenir, para garantir a minha parte". Ao pensar dessa forma, você está aumentando o valor atribuído à água. A água passou a ser um bem precioso. O vendedor também pensa e também chega á mesma conclusão que você. Ele resolve vender a água mais caro, todos estarão dispostos a pagarem mais caro por ela mesmo. (se é moralmente correto ou não, veja o link que colocarei no final, aqui estou descrevendo o que acontece, não o que deve acontecer) Desse exemplo, observamos que a expectativa do futuro e a quantidade de um produto interferem na valoração.
     (os produtores observam que o produto que vendem está mais caro. Grande parte resolve vender mais. Isso aumenta a quantidade futura)
     Aqui, percebemos que é importante o valor subjetivo que as pessoas atribuem aos bens.

     Vamos retomar o seguinte fato: O ferro é mais útil do que o ouro. Se a maioria de nós fosse escolher entre o mundo continuar tendo ferro ou continuar tendo ouro, provavelmente escolheria pelo ferro - as pessoas atribuem um valor maior ao ferro. Por que, então, o ouro é mais caro do que o ferro?
     Na verdade, a pergunta está mal formulada. A pergunta certa seria: Por que, então, uma determinada quantidade de ouro (1 kg, por exemplo), é mais cara do que certa quantidade de ferro (1 kg, por exemplo)? Agora, a resposta está mais evidente. Quando vamos comprar, não valoramos todo o produto do mundo, mas a quantidade que queremos obter (o benefício marginal do produto). Em minha atual situação, iria desejar 1 kg de ouro ou 1 kg de ferro?
     Aqui, concluímos que o importante é o valor subjetivo marginal (não o total) que as pessoas atribuem aos bens.

     Pretendo abordar mais duas vezes esse assunto. Primeiro, trazendo conceitos de oferta e demanda. Segundo, tratando da relação entre o trabalho e o preço. Não necessariamente nessa ordem


Tenham um bom dia.

Postagem relacionada:
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/10/tempestades-e-preco-do-guarda-chuva.html

Observação
      Ao valorar, o homem não atribui números cardinais, mas ordinais. Não digo "a pizza vale três hamburgers", mas "eu prefiro uma pizza a três hamburgers". Não posso atribuir um valor absoluto para cada preferência, mas uma ordem entre preferências.
     O problema não é a ausência de valores absolutos, cardinais, mas é que a valoração muda. Não há valores fixos. Hoje posso querer comer pastel, amanhã posso querer arroz e feijão. É impossível prever o futuro, os empresários e vendedores não sabem com certeza absoluta quanto devem investir ou por quanto devem vender. As pessoas, contudo, tendem a manter certas valorações, como são muitas pessoas mais ou menos com gostos constantes, é possível fazer previsões sobre o futuro. Nunca essa previsão terá uma fórmula matemática, o futuro é sempre incerto.

domingo, 29 de dezembro de 2013

[economia] Patrão exigente

     Os verdadeiros patrões e chefes (pelo menos grande parte dos chefes de verdade - para não cair na falácia do escocês de verdade - o que é falácia do escocês de verdade? Acesse o link no final) são extremamente exigentes, não se preocupam se os trabalhadores estão com o filho doente, se há mão de obra semi-escrava envolvida. Só querem ter seus anseios satisfeitos.

(antes de iniciar, quero dizer que não concordo em classificar essa postagem como [economia], está mais para [conhecimento de mundo], mas resolvo manter)

     Tenho o hábito de assistir um anime chamado Naruto - não critiquem meu gosto. Infelizmente, não lançaram episódios nessa semana e parece que não lançarão na próxima. Lia os comentários abaixo e vi um que chamou atenção. Dizia que seria um bom presente de Natal se lançassem dois episódios naquele dia.

     Outro dia (essa história não aconteceu de verdade) ia comprar tênis. Após certo tempo, encontrei dois modelos que me agradavam. O primeiro, de marca "X", era conhecido por empregar mão de obra de criancinhas da China (segundo as más línguas). O segundo, de marca "Y", eu não conhecia muito bem. Era incerto se empregava essa abominável mão de obra.
     Após alguns milésimos de segundos de reflexão, percebi que o bolso falava mais alto. Acabei comprando a marca X. Na verdade, não era o bolso, era porque eu já conhecia a marca, pelo cheiro de tênis, pelo formato ortopédico, pelas cores que combinavam com minha personalidade etc. - mas não pelo preço.

     Uma empresa pode ter uma hierarquia de chefes. Chamarei o chefe supremo de a'chefe. O chefe menor será o o'chefe (aproveito para indicar o livro "O Trono do Sol", de S. L. Farrell, me lembra "Game os Thrones", mas menos complexo, mesmo assim, muito bom - quem já leu sabe o motivo pelo qual indiquei). Se o a'chefe é exigente e rígido, o o'chefe acaba tendo que ser assim também com seus subordinados para cumprir as exigências impostas por seu chefe.

     Quem produz um bem ou presta um serviço não o faz para si mesmo, mas para outro. Um produtor de café não planta para o próprio consumo, para o de outrem - uma parte ele pode consumir, mas essa não é a finalidade. Um vendedor não vende a si, mas a outro. Para ser bem sucedido no trabalho, qualquer pessoa ganha pontos se atender a o que lhe é exigido. O produtor de café deve produzir café de qualidade, ser gentil aos compradores etc. Isso tudo para que comprem seu produto.
     Em última instância, é possível concluir que o patrão máximo é o cliente. É o cliente que exige um trabalho bem feito. Se o comprador não gosta do que é vendido ou se é mal atendido, então ele muda de vendedor. O cliente é exigente e egoísta. Ele não se preocupa se o vendedor tem um filho doente - há exceções. Se o cliente é tão exigente, ele transmite esse grau de perfeição pela cadeia produtiva.
     Por sorte, temos leis e direitos que protegem os trabalhadores. As pessoas são más, imagine se não houvesse lei protegendo os produtores de animes da obsessão doentia dos fãs, que exigem não apenas que lancem um episódio no Natal, mas que exigem DOIS episódios.
     Na verdade, considerando que os clientes são os patrões, devemos ampliar as leis trabalhistas e criar leis a favor dos vendedores, que são como subordinados. Deveríamos obrigar os consumidores a continuarem comprando do vendedor que aumenta os preços por causa do filho doente, devemos cobrar uma taxa na compra para ajudar os vendedores ineficientes a não irem à falência. Qualquer um que apresente essa proposta certamente será eleito presidente do mundo!


Tenham um bom dia!

Links:
Falácia do escocês de verdade - http://www.youtube.com/watch?v=JfldV9HOPHs&feature=c4-overview-vl&list=PL7298E65F62E9A957

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mc Donald's, críticas ao capitalismo e decisões

     Esses dias li uma matéria da revista Superinteressante desse mês que falava sobre um artista anônimo que se intitulava Banksy. Ele espalhou obras de arte pela cidade de NY. Uma imagem que me chamou atenção é a seguinte:

     Observem o detalhe:

     Alguns dias depois, pedindo meu lanche no Mc Donald's, comecei a me questionar o motivo pelo qual tanto atacam a rede de lanchonetes.
     Não é apenas por vender comidas não consideradas saudáveis nem por "dar" brinquedinhos de brinde para as crianças. O Mc Donald's é criticado, acredito eu, por ser um símbolo do capitalismo e dos EUA.
     As pessoas têm ódio desses dois elementos e deslocam o ódio ao símbolo de tais itens. Na literatura pode-se pensar em uma metonímia (me corrijam os professores ou especialistas em português - por especialista, entende-se qualquer um com mais conhecimento que eu)
     Me pergunto, contudo, se tal substituição é apropriada. Levantei dois pontos:

1) McDia Feliz
     Um dia por ano o Instituto Ronald Mc Donald's reverte os recursos arrecadados pela venda do famoso Big Mac para instituições que ajudam crianças e adolescentes vítimas do câncer. É um dos eventos de maior abrangência no país para esse objetivo, se não o maior.
2) "Caixinhas de doação"
     Não sei o nome correto para aquelas caixinhas que ficam ao lado do caixa para os clientes depositarem as notas fiscais ou trocados para ajudarem certas instituições (também realizado pelo Instituto Ronald Mc Donald's, deve ajudar também instituições que ajudam crianças com câncer).
     Ok, eu não tenho informações sobre como funciona essa doação. Também não sei se tem grande adesão por parte dos clientes. Mas isso me passou pela cabeça.

     Pode-se pensar "Mas essas campanhas são a obrigação de qualquer rede que venda produtos gordurosos" ou qualquer outro pensamento que siga essa linha. O fato é que, seja obrigação ou não, o Mc Donald's toma essas medidas, ao contrário de muitos outros símbolos do capitalismo e dos EUA. Se o/a leitor/a acha que a rede de lanchonetes está errada, acho que deve admitir que há outras instituições mais erradas que ela. Então, por que tanta crítica?
     Eliminei as comidas gordurosas e os brinquedos, há muitas instituições que cometem esses mesmos "erros", mas não são tão atacados.
     Elimino o sucesso da rede como fonte de inveja, não me parece que as pessoas têm inveja do vendedor de Big Macs (mas será que têm inveja do sucesso do vendedor?)
     Para mim, a crítica se relaciona com a simbologia juntamente com a "onipresença" dessas lanchonetes. Qualquer lugar aonde se vai (ou quase qualquer lugar) há um Mc Donald's. Aqui, é mais fácil criticar o que todos sabem o que é, o que todos já viram, mesmo que não seja a "pior" instituição capitalista norte-americana, é uma das que tem maior presença, daí a crítica.

Conclusão
     Uma conclusão que se pode tirar é que as pessoas agem, criticam, pensam, com base no que sabem ou acreditam, não necessariamente de acordo com a verdade. As pessoas agem de acordo com o que pensam ser mais urgente ou importante - mesmo que não seja de fato. Se existe um mundo real - que me perdoem os solipsistas - as pessoas não agem de acordo com ele, mas de acordo com a forma de interpretá-lo.
     Me parece que as pessoas interpretam o Mc Donald's como símbolo do capitalismo e dos EUA. Acreditam que nada de bom pode vir dessa combinação. Por acreditarem que só produz coisas ruins, passam a procurar erros. Nesses erros, se inclui a incidência maciça de obesidade (a comida produzida por uma lanchonete norte americana capitalista tem que ser ruim) e os brinquedinhos (se a lanchonete "dá" alguma coisa tem que haver algo maquiavélico e cruel na história).
     O fenômeno do parágrafo acima é bem mais complexo do que apresentei, com mais consequências e outras causas, mas não me proponho uma análise profunda sobre o assunto, apenas alguma reflexão vaga sobre o tema.


Tenham um bom dia!
Obs.: vocês podem opinar no último post? eis o link: http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/12/2013-e-pedidos-aosas-leitoresas.html

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

2.013 e pedido(s) aos/às leitores/as

     Vou fazer meu ponto de vista sobre como foi o blog nesse ano. Peço enfaticamente a quem lê as postagens a comentar as impressões, o que gostou, o que quer ver mais ou menos. Não precisa ter lido todas as postagens, se leu uma ou duas, comente sobre o que você gostou e sobre o que falta.

     Para mim, foi uma ótima experiência. Aconselho todo mundo a ter um meio de expressão como esse. A minha ideia inicial tinha sido a criação de um vlog no Youtube, mas a falta de tempo e de perícia me dificultou bastante. Se alguém quiser ter um blog e quiser conversar, estou à disposição - mesmo se o blog foi para me criticar; a troca de ideias é importante.
     Um problema em ter um blog é a sua ligação com ele. Quem escreve deseja ser lido. O ator, por mais simples que seja, tem que encontrar seu desejo de ser o centro das atenções. Mesmo que no início, eu tenha me sentido com medo ou vergonha de publicar algo, o sentimento vai passando. Você começa a se sentir mais seguro. E, com o tempo, é gratificante ver mais pessoas acessando seu blog.
     Percebi que os assuntos vão se diversificando mais do que eu previ. Por exemplo, quando criei o blog, não imaginava que iria falar sobre economia, evolucionismo, direito, política. Imaginei assuntos mais banais, cotidianos, que ninguém fala muito, mas que me passa pela cabeça e é uma visão diferente.

     Também vi que o tamanho dos textos foram crescendo com o tempo. Tenho dúvida se devo tratar um tema superficialmente ou se devo tratar com bastante detalhes. Preferi tratar com precisão o foco, mesmo que fique deficiente em alguns pontos. Esses pontos eu pretendo retomar em outra postagem. O que é melhor para vocês? Textos mais rápidos? Textos mais detalhados?
     Querem ilustrações?
     Que assunto vocês gostam? Querem que eu coloque [algo] antes das postagens para vocês já saberem sobre o que irei falar?
     Querem palavras menos difíceis? Ou o significado para as palavras difíceis entre parêntesis? Querem mais humor? Menos humor?
     Acham que estou publicando pouco? Querem que eu publique em um dia específico da semana para vocês se organizarem?
     Querem mais links de vídeos e textos? Querem que eu siga as normas da ABNT para as fontes bibliográficas?

     As perguntas ficaram meio perdidas no texto. Não precisam responder todas. Quero atender aos desejos da demanda, o blog pode ir mudando conforme sugestões dos leitores.
     Também podem se sentir à vontade para publicarem o que quiserem - com exceção de palavras chulas, o Google não gosta. Gostaram da argumentação? Concordam? Não? Acham que devo retomar o assunto? Comentem à vontade.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Lucio Big

     Desculpem atrapalhar a véspera de Natal, mas hoje fiquei sabendo de notícias absurdas.
     Um vlogeiro (não sei se é assim que escreve), Lucio Big, fez um vídeo em que ensina como verificar as verbas que os políticos receberam em campanha. No vídeo, ele exemplifica com o deputado Ronaldo Caiado - DEM, que recebeu 140 mil de doação para campanha da Govesa. Durante o mandato, o deputado já gastou mais de 200 mil no aluguel de automóvel da mesma empresa. É uma situação que parece um pouco estranha.
     No vídeo, Lucio Big não acusa o deputado, só apresenta indícios de que pode haver corrupção. Em uma situação normal, os políticos sob tais suspeitas vão à mídia se justificar, dizem que o serviço está sendo usado, é eficiente e barato etc.
    O deputado Ronaldo Caiado resolve de imediato processar Lucio Big pelo vídeo. Exige indenização etc.

     Creio que esteja claro para qualquer um que a ação do deputado é um absurdo. Mas vou rapidamente expor argumentos que encontrei.
     Quem paga os deputados? Para quem os deputados trabalham? Quem tem o dever de fiscalizar os políticos? A resposta é: Nós. Como se pode exercer o dever de fiscalizar um político se não há direito de expressão? De que adianta fazer essa fiscalização se a população não pode ficar sabendo do processo, das ações dos políticos. Não é possível votar com sabedoria se há um véu de censura que impede o eleitor de saber, por si ou pelos outros, o que os deputados fazem, das acusações que recebem.
     Acredito que as pessoas devem resolver seus problemas envolvendo o menor número de complicações. O deputado, em vez de se pronunciar na mídia, avaliar a situação com objetividade, resolve abrir um processo. O processo judicial só deveria ser usado em última instância.
    Os políticos são pessoas públicas. A população tem o dever de analisá-los e criticá-los. Eles têm fácil acesso à mídia para se explicarem. Se um político faz algo estranho ou desagradável, deve ser criticado pela população. Eles cuidam do nosso dinheiro e tomam as decisões por nós. Se não puderem ser criticados, então somos escravos - somos obrigados a pagar e não podemos participar de decisões e nem mesmo podemos criticar o que nos é feito.

     Aproveitem a véspera de Natal, tudo de bom para vocês.
Tenham um bom dia


Vídeo em que Lucio Big notifica que está sendo processado
http://www.youtube.com/watch?v=iRjiGBv7CgI&list=UUfQ98EX3oOv6IHBdUNMJq8Q
Vídeo que começou
http://www.youtube.com/watch?v=JeWBFkHu_o0&list=UUfQ98EX3oOv6IHBdUNMJq8Q

Obs.: Iria colocar o nome do deputado como título, mas achei que o nome do vlogeiro seria mais... uma escolha mais inteligente.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Ironia da arte

     Estive refletindo um pouco sobre uma postagem em que uma amiga aconselhava as meninas de 13 anos que tinham gostos duvidosos de música ou que já estavam grávidas a lerem "O Cortiço".
     Em um primeiro momento pensei que eu indicaria algo mais introdutório, como "Os Três Porquinhos".
     Em um segundo momento descobri o vício da arte, que só permite contemplar integralmente o belo quem já é iniciado na arte. Aquele que não lê não consegue contemplar um Shakespeare em sua completude. Quanto mais estudo, mais se consegue aprofundar na beleza de uma obra.
     Exemplo: Uma pessoa que estudou teoria musical, ou toca um instrumento, consegue apreciar muito mais uma música do que outro que somente ouve.
     É claro que tem exceções, mas é estranho você precisar de experiência para contemplar o belo. Um leigo não conseguiria ver a tamanha beleza da arte, então não se apaixonaria por ela em um primeiro olhar. É preciso de dedicação para se alcançar os maiores prazeres. É estranho pensar que algo tão maravilhoso não seja compreendido e amado por todos, mas só por aqueles que se arriscam a tentar. Se é tão bela assim, não deveria ser visível a todos sua completude? Nem sempre é.


Tenham um bom dia

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Testes em animais

     Já que a mídia repercutiu o caso dos Beagles (há muito tempo atrás), vou trazer uma opinião particular sobre o teste em animais (antes tarde do que nunca). Se for oportuno, outro dia eu continuo o assunto.

Talidomida
     Esse nome estranho é de uma substância que se descobriu ter efeitos sedativos, anti-inflamatórios e hipinóticos. Descobriu-se que poderia ajudar a combater o enjoo matinal de mulheres grávidas. Na época em que surgiu, a indústria farmacêutica realizou testes em camundongos e eles não apresentaram efeitos colaterais relevantes. Observe o/a leitor/a que na época os testes em animais eram pouco rígidos e não havia tanta preocupação metodológica com esse estudo.
     A talidomida foi rapidamente comercializada no mundo inteiro, sendo muito indicada para mulheres grávidas (que sofriam de enjoo). Quando os filhos nasceram se revelou um problema inesperado: os filhos das grávidas nasciam com problemas na formação dos membros. Surgiu a geração conhecida como "filhos da talidomida".
     Posteriormente foi revelado que o uso dos roedores não era apropriado. A forma de metabolizar a droga por camundongos era diferente do que ocorria no corpo dos homens. Também se realizou testes com a mesma droga em coelhos e primatas, cuja forma de processar a droga era mais próxima da nossa. Estes testes revelaram que os filhotes das mães que usaram o medicamento apresentaram deformações.
     Se na época houvessem feitos mais testes em animais, a tragédia poderia ter sido evitada.
     Os animais podem ter direitos, mas surge o dilema entre esses direitos e a busca pelo desenvolvimento de novos fármacos (tratamento de doenças, teste de novas substâncias etc.).

Indústria farmacêutica
     Quase todos as substâncias usadas nos medicamentos atuais já foram testados em animais. Só não digo que são todos pois não estou tão por dentro do assunto. De qualquer forma, é extremamente difícil encontrar um medicamento que não tenha testes em animais em suas substâncias.
     É praticamente impossível viver em um mundo que não se beneficiou dos testes em animais.

Atualidades
    Fui, no meio deste ano, em um simpósio sobre a ética no uso de animais. Pensei que iriam discutir se era ou não ético usar os animais em pesquisas. Mas na verdade todos já tinham por pressuposto que o teste em animais era necessário. A discussão era qual a melhor forma de usá-los.
     Antes de falar sobre a melhor forma, teve uma palestra que me deixou muito intrigado. O pesquisador falava da pressão alta. A maioria dos casos de pressão alta tem causa desconhecida. Os remédios atuais só atacam os efeitos. De qualquer forma, o pesquisador estudava as girafas, que têm naturalmente pressão alta, mas não sofrem os efeitos dela.
     Qual a melhor forma de usar os animais?
1 - Evitar que o animal sofra. Em vez de provocar dor nos animais em testes de analgésicos, apenas provocam irritações. Os roedores, por exemplo, sentem-se desconfortáveis com uma temperatura levemente alta (incapaz de provocar danos). Se discute o modo mais eficiente de dar analgésicos aos animais, qual a melhor combinação, a quantidade etc.
2 - Reduzir o número de animais testados - não se busca eliminar o uso de animais, mas reduzir o número utilizado. Pode-se melhorar a qualidade de tratamento dos animais, dando rações boas, evitando estresse, deixando-os em um ambiente tranquilo.
3 - Os testes já feitos devem ser divulgados internacionalmente, para não ser preciso refazer certos experimentos para cada medicamento se muitos componentes já foram testados.
4 - Conhecimento sobre o metabolismo dos animais para que se possa usar a espécie e raça apropriadas, o que diminui o número de animais usados e torna a pesquisa mais aplicável ao ser humano.



mais informações, veja:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2812200804.htm
http://www.youtube.com/watch?v=vWy_hziZYL8 - para quem gosta de vídeos


Tenham um bom dia

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

[direitos] Dia dos direitos humanos e críticas

     Dia 10 de dezembro se comemora o dia dos direitos humanos. A fim de gerar um pouco de discussão, vou apresentar meu ponto de vista sobre os tais "direitos humanos".

Conceito
     Direitos humanos são aqueles necessários para o homem viver com dignidade, não importa se esses direitos são ou não essenciais (de sua essência). O que importa é que tais direitos garantam a vida plena e digna.
     Por exemplo, o direito ao lazer. Para o homem ter uma vida digna, ele necessita de lazer, de diversão, de um passatempo. O direito ao lazer, contudo, não é inerente ao homem. O homem busca o lazer ao poupar seus esforços e organizar seu tempo.
     Me parece que é apropriado considerar o direito humano como algo relativo à sociedade. Os direitos humanos mudam conforme o tempo e o lugar. Por exemplo, os direitos humanos em Paris no início do século é diferente dos direitos humanos do momento em que o ser humano vivia em cavernas. Em Paris, o direito ao saneamento básico e à eletricidade pertencem aos direitos humanos, enquanto não pertencem aos direitos humanos do paleolítico. Quando me referir aos direitos humanos, considerarei aqueles próprios da realidade brasileira.

Críticas
1 - A partir do conceito, como é possível definir com exatidão quais são os direitos humanos? Qual a quantidade de equilíbrio de cada um?
     Sei que o direito à eletricidade é um direito humano, mas qual a quantidade de eletricidade que separa o digno do luxo? Creio que dependa de cada pessoa. Mesmo que exista uma sociedade em que todos tenham vidas iguais, ainda haverá uma demanda diferente por eletricidade por cada um para viver dignamente.
     Por exemplo, quando uma pessoa fica doente. A pessoa doente demanda mais cuidado do que uma saudável. Mesmo que todas as pessoas iguais desse mundo hipotético fiquem doentes ao mesmo tempo, haverá um gasto diferente de energia elétrica. Cada pessoa reage de modo diferente ao invasor microscópico. Uns espirram com mais frequência, outros são mais sensíveis à luz forte, outros sentem um cansaço maior, outros não conseguem levantar da cama.
     As pessoas, também por escolha própria abdicam de certos "direitos humanos" e se dizem mais felizes, por exemplo a figura ideal de um monge isolado em sua abadia que vive sem luxos.

2 - Os direitos humanos trazem em sua ideia a obrigatoriedade de serem garantidos a todos. Pode ser que não na teoria, mas na prática tem se revelado assim.
     As pessoas protestam pelo seu direito à saúde, ao emprego e a diversos direitos. Mas quem deve arcar com o ônus, com os custos, de todos terem o acesso? Já que cada um tem uma demanda diferente, inicialmente penso em cada um arcar com os custo de sua demanda.
     Mas não são todos que podem pagar pela saúde, e nem há oferta de emprego para todos. Atualmente, as pessoas pagam tributos que irão garantir os direitos humanos para todos. Ou seja, as outras pessoas arcam com os custos da demanda do outro.
     Moralmente, parece bom que as pessoas ajudem umas às outras. Mas se a pessoa faz isso por uma obrigação da lei, ainda é moralmente boa? Creio que não. A pessoa deve querer fazer o bem para que sua ação seja moralmente boa.
     De qualquer forma, vamos lembrar que os efeitos sejam bons. A consequência é que todos tenham acesso aos direitos humanos, o que não acontecia antes. Como eu não acho que os fins justifiquem os meios sempre, quero saber qual o meio utilizado para alcançar esse objetivo. O meio é a obrigatoriedade de indivíduos pagarem parte de seu patrimônio, abrir mão de sua propriedade, para beneficiar outras pessoas que muitas vezes ele nem conhece.
     Nesse caso, os fins justificam os meios? Você pode discordar, mas para mim não é legítimo que se obrigue alguém a fazer algo, e também não é legítimo que se confisque parte de seu patrimônio ainda mais se o dono não receberá nada em troca. Para mim, os fins não justificam os meios.

3 - Conflito de direitos
     Ao se dar um nome de "direitos humanos" para muitos direitos diferentes, há uma perda da noção de quais são mais importantes, quais são invioláveis. Todos os direitos são postos no mesmo patamar: o patamar dos direitos humanos.
     Mas e se houver conflito entre dois direitos? Entre o direito de uma pessoa à propriedade de seu sangue e à saúde (que seria prejudicada com a perda de sangue) e o direito de outra à saúde e à vida - a primeira é o único doador próximo o bastante para se realizar uma transfusão a uma vítima de acidente. A primeira pessoa não quer abrir mão de seu sangue. Se há vários direitos humanos em conflito, como decidir qual deve prevalecer?
     É possível alienar à força uma pessoa de seu direito? Mesmo que custe a vida de outrem?
     É necessário pesar os direitos, seja objetivamente, seja subjetivamente. Qualquer que seja a decisão há uma ideologia influenciando.
     Mas acho (aqui entra minha opinião) que dentro dos direitos humanos há aqueles que não mais importantes, aqueles que são inerentes à humanidade. Acima do direito ao trabalho está o direito à liberdade, por exemplo. Deve-se tomar cuidado para o balanceamento em um conflito não virar uma decisão arbitrária que se valorize mais algo que não deva ser valorizado.
     Muitos problemas surgem quando pessoas criticam o governo pedido por seus "direitos humanos", sendo que muitas vezes suas reivindicações acabam prejudicando outras pessoas.

Acho que por enquanto as críticas bastam.

Conclusão
     Os direitos humanos são uma construção humana, e não inerentes ao ser humano. Seja bom ou não classificá-los, é importante ter cuidado ao considerar que eles tenham um valor absoluto e inquestionável. Um problema para mim é quem paga os custos.

Extra
     Nelson Mandela foi um símbolo dos direitos humanos e da luta contra o preconceito. Aconselho o link abaixo para quem não compra a ideia de que ele foi um homem imaculado em toda sua vida. Para os que quiserem continuar pensando assim, não aconselho a acessarem o link.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1758&fb_action_ids=465798660197082&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22465798660197082%22%3A1404172543155385%7D&action_type_map=%7B%22465798660197082%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D


Tenham um bom dia dos direitos humanos

domingo, 8 de dezembro de 2013

100 visualizações em um dia

     Com um pouco de atraso, vi que no último dia de novembro atingimos a marca de 100 visualizações em um dia! Quero agradecer aos leitores amigos que se dão ao trabalho de ler meus textos.
     100 pessoas visitando meu blog em um dia... Acho que é mais gente do que eu conheço (risos)
     Mas, sério, obrigado. Estou sempre aberto para sugestões, críticas etc. Em comemoração, vou apresentar um ponto de vista sobre o nome do blog, "copázio de saber".
     O que é um copázio? É um copo grande. O copo grande não é um "copão", é um copázio.
    Mas o que é o copázio de saber? Para vocês, pode ser o que escrevo aqui (ou pode não ser), mas, para mim, seria o que vocês comentam, a forma que vocês veem o mundo (diferentes ou semelhantes à minha).
     Um blog não vive só de publicações, mas também de todos os comentários de seus leitores.


Tenham um ótimo dia!
Reitero meu muito obrigado.

Alegoria do fogo

     Antigamente, na pré-história, os homens não conheciam o fogo. Mesmo assim, os homens 'sofreviviam' (sofriam + viviam, genial? Não?). Eis que naturalmente, os homens descobriram o fogo. Digo "os homens" no plural pois não foi um único homem. Vários homens em várias regiões descobriram o fogo. Para usarem o fogo, surgiram vários materiais. Esses materiais tinham características comuns e muitas vezes eram a mesma substância, como a madeira.
     O fogo permitiu aos homens aumentarem sua produtividade, diversificar seus trabalhos, aumentar a eficiência de suas ações. Os homens começaram a pensar que a vida não seria possível sem o fogo. Na verdade, é possível, mas a sociedade iria retroagir muitos séculos.
     Em um momento, surgiu uma revolução para o fogo. O fogo passou a ser usado em massa. Locais que antes não conheciam o fogo foram introduzidos à arte. Devido à disseminação, o fogo passou a ser mais importante. Surgiram estudiosos do fogo, inicialmente pessoas que trabalhavam com ele. O ferreiro, por exemplo, descobriu propriedades do fogo comuns a todos os lugares.
     Um estudioso descobriu a pólvora e outros materiais. O mundo nunca mais foi o mesmo. As novas tecnologias permitiram outras descobertas e diversões nunca antes pensadas.
     Um dos estudiosos observou que havia uma grande ocorrência de incêndios. Ela, contudo, não sabia que os incêndios antes eram ainda piores, o estudo do fogo permitiu que se desenvolvessem técnicas e materiais que impedissem o espalhamento do fogo. Mas, assustado pelo incêndio que presenciou, tal homem escreveu obras abolindo o fogo. Culpou o fogo pelos males da sociedade, ensinou as pessoas que eventualmente se queimavam.
     Esse estudioso não estava só, muitos outros pensaram como ele. Cada um pensou em uma solução contra a "sociedade incendiária". Um pensou em combater o fogo ao criar pequenos núcleos populacionais que não usassem o fogo, essas comunidades se espalhariam abolindo o fogo. Outra defendia o terrorismo, destruir qualquer foco de fogo que existisse. Outro previu que as pessoas queimadas iriam se rebelar contra o fogo. O fogo havia levado a grandes tecnologias, mas essas tecnologias possibilitaram que o fogo se tornasse desnecessário.
      Mas foram intelectuais que resolveram fundar um grande império sem fogo. Na tentativa, não conseguiram eliminar o uso do fogo. Um dos líderes da revolução disse que faltava tecnologias para eliminar o fogo, portanto o fogo ainda seria admitido até tais tecnologias serem alcançadas. Esse líder morreu e surgiu outro, mais radical. Tal revolução acabou por trazer fome e miséria à população.
     Inúmeras tentativas de eliminar o fogo foram feitas em diversas partes do planeta, todas levaram à fome e miséria.
     Quando o primeiro grande império foi derrubado, os que gostavam da ideologia ficaram sem rumo. Disseram que aquele império não seguiu os princípios anti-fogo de forma correta, disseram que não fizeram direito a revolução, e outras soluções. Mas mantiveram a ideia central de que o fogo era mau, de que trazia miséria e morte.
     Eis que surgiram mais tecnologias, e o tempo passou. Aqueles que ficaram sem rumo descobriram uma forma de combater o fogo: dizer que o fogo em pequena quantidade poderia ser bom, mas estava sendo usado de forma exagerada, trazendo incêndios, poluição, destruindo o meio ambiente. Outros ainda acreditavam que qualquer fogo era mau.
     Os defensores do fogo acreditavam que o fogo era tão importante que seria impensável uma sociedade sem fogo. As tecnologias não poderiam jamais eliminar o fogo da sociedade.

E essa é a alegoria do fogo.
     Tenham um bom dia!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Férias!

     Antes de tudo, quero me desculpar por não postar com mais frequência nas últimas semanas, estava em semana de provas. Não tinha tempo. De qualquer forma, se arranjasse tempo, meus caríssimos companheiros acadêmicos me linchariam por eu ter tempo enquanto todos estavam estudando.

     Ah, férias! Disse no último dia de aula em uma roda de amigos:
- A grande diferença entre as aulas e as férias era que, nas aulas, a gente estuda o que é obrigado, enquanto, nas férias, estudamos o que queremos.
     Um amigo rapidamente conclui:
- Ou seja, [nas férias não estudamos] nada!

     Imagino agora que espírito é esse que paira sobre todos os cidadão de que as férias não é momento de estudar. Todos dizem que é momento para descansar. Mas não vejo motivo para descansar e estudar o que agrada serem ideias incompatíveis.
     Na verdade, estudar o que gosta é um ótimo lazer.

     Assim, desejo a todos boas férias e bons estudos.