sábado, 22 de novembro de 2014

Corrupção em empresas privadas



     Existe corrupção em empresas privadas? Vi esta semana duas vezes falarem sobre esse tema de uma forma, ao meu ver, equivocada.

     A resposta, obviamente, é sim. Contudo o que se extrai disso é complicado. Vamos analisar em partes.

1) Empresas privadas e estado

     Há várias denúncias de empresas privadas que corrompem o estado. Isso ocorre para se obter diversas vantagens, como manter ou vencer alguma concessão. Nesse caso, a empresa privada sai no lucro (se não ela não faria isso) e, não o estado, mas o corrompido sai no lucro. O estado sai perdendo. Os brasileiros saem perdendo já que o serviço a ser ofertado não será o melhor no custo benefício.
      Muitas dessas situações poderiam ser evitadas se o estado fosse menor. Ao abarcar menos funções e regular menos assuntos, não haveria razão para o estado ser corrompido, já que não teria poder para beneficiar o sujeito. Isso é possível, por exemplo, quando alguém só pode exercer um serviço com a permissão do estado, como por exemplo certos transportes.
     Ao se eliminar burocracias desnecessárias também se evitaria a ocorrência de corrupção. Por exemplo, tirar carteira de motorista (nesse caso há burocracia desnecessária, embora não feita por uma empresa privada). Há pessoas que não fizeram as aulas e dirigem melhor do que eu, que já tenho a carteira. A prova teórica da carteira é uma piada de mal gosto, e vários condutores bons reprovam. Na prova prática, muitas pessoas reprovam não por não saberem dirigir, mas por ficarem estressadas no momento. É claro que pode haver aulas de direção (há pessoas que fazem após terem a carteira, a propósito), o problema é obrigar as pessoas a um procedimento desnecessário. Quem não conhece alguém que só ia por as digitais e nem ficava para as aulas teóricas? Mesmo assim esse sujeito pode ser melhor condutor do que outros que assistiam à aula.

2) Entre empresas privadas.
      Vamos imaginar a seguinte situação: Uma empresa precisa contratar um serviço de instalação de fiação elétrica. Ela vai pesquisar qual o melhor custo-benefício. Outra empresa resolve subornar essa primeira empresa oferecendo de forma escondida 1000 reais. Ora, isso não parece exatamente uma corrupção. A empresa irá simplesmente descontar o dinheiro do que é cobrado e ver se vale a pena.
     Mas a situação fica mais complicada em um caso mais realista: imagine que, em vez da segunda empresa oferecer dinheiro à primeira empresa, ela ofereça dinheiro ao sujeito responsável pela consulta dos preços. Há aí uma corrupção. Contudo, ela costuma ser menos grave do que a corrupção de um agente público, pois quando o estado sofre com a corrupção, todos os cidadãos sofrem.
     O incentivo para evitar a corrupção é maior em empresas privadas do que em empresas públicas. A empresa privada, em busca de lucro, não pode tolerar que seus empregados sejam corrompidos e prejudiquem a empresa. A fiscalização é mais intensa do que no governo, cujos governantes não são diretamente afetados pela corrupção de seus subordinados. O empresário deseja saber como seu dinheiro está sendo gasto. O governante não é atingido no bolso por uma perda de dinheiro público.


     Espero, com esse pequeno texto, ter mostrado que a corrupção envolvendo o estado e não envolvendo o estado têm consequências diferentes. Enquanto a corrupção do governo atinge a todos os cidadãos, a corrupção de empresas atinge sobretudo o dono da empresa cujo funcionário foi corrompido. O empresário irá tomar medidas mais enérgicas para fazer cessar a corrupção. O estado não, já que não tem tantos incentivos para fazê-lo.

Tenham um bom dia!


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