Oba, mais um carnaval.
Novamente veremos cenas de despudor, de bebedeira, de festa sem qualquer preocupação. Desfiles com mulheres seminuas, com pessoas animadas não por qualquer expectativa de um futuro melhor, mas para simplesmente aproveitar o presente.
Dizem alguns que o Brasil só começa após o carnaval. Isso é um injustiça com aqueles que se esforçam em seus trabalhos e empreendimentos (pessoais ou profissionais), mas vamos seguir a noção holística de "Brasil": Meus parabéns, começará 2015. E podemos já citar que homens e mulheres (ou mulheres e homens) estão alcançando a igualdade - na devassidão. Eta, povo festeiro, já começa o "ano" na folia e no divertimento. Será que esquecemos que "primeiro o dever, e depois o prazer"? Ou será que não se pode esquecer de tal lição, uma vez que falta um de seus pressupostos?
Viva! Viva! Um povo em festa por conta de todos os avanços desse nosso amado país. Tão longe já fomos desde o descobrimento do Brasil por um certo navegante - poderia ser outro, caso vivesse naquela época. Tão avançados já estamos em nossa economia, em nossa política, em nossa moralidade, que podemos nos dar o luxo de começar o ano comemorando... Tudo o que temos.
Sorte a nossa que há investimento público no carnaval brasileiro. Todos arcam com os custos de algo que todo brasileiro aproveita. Só poderia ser financiada por todos uma festa que mostra quem os brasileiros são. "Deixa o povo se divertir" - Claro, quem falou de se proibir algo? Estamos até financiando a festa.
Vamos viver o presente, pois não se vive do passado e nem do futuro. "Carpem diem", como já diziam alguns, é preciso aproveitar. Alguns diriam "memento mori" (lembre-se que vais morrer), mas ora, a morte está tão longe para nossos jovens em folia, são tantos que morrem de velhice e tão poucos que morrem nas ruas ou por problemas não previstos nesse país em que vivemos. Até lá há muito o que se fazer.
Ora, mas há coisas boas no carnaval, como o feriado. Quem não gosta de não ter que trabalhar nesses dias? Até seria uma boa ideia não trabalhar nenhum dia. Pois bem, pois bem, podemos ao menos nos contentar com um fato: a música do carnaval nem é tão ruim se comparado ao gosto de tanta gente do Brasil.
Boa noite, caros leitores e caras leitoras.
Juízo!
Não posso deixar de ressaltar o estilo novo que empregou no opúsculo. Um texto que transborda ironia, burilado em grande estilo, de técnica e forma assaz marcantes, mas que, em nenhum momento, obnubila a sagacidade aguda e a intelectualidade pungente do eminente autor... Sinto que estou diante de um novo Gil Vicente: "ridendo castigat mores"
ResponderExcluirNão posso, muito embora, tecer os mesmos elogios naquilo que pertine ao mérito do venerando texto. Mais uma tecitura típica dos falso moralistas que têm uma mente ávida e fértil para criticarem aquilo que não compreendem, e, por outro lado, infértil para se deixarem levar, romper com as correntes utópicas e tocarem a essência daquilo que está além de uma primeira análise distante e insuficiente.
Agradeço os elogios, embora creio que sejam exagerados. Aceito a crítica, no entanto gostaria que levantasse pontos concretos a que se referem. Farei uma tentativa de evitar mal entendidos: de modo algum tive a pretensão de realizar um oposição absoluta ao carnaval ou a qualquer pessoa que goste dessa data. Minha crítica foi a comportamentos específicos que algumas pessoas têm. Parti de vários pressupostos, e não foi minha intenção explicá-los no texto, todavia, se quiser, podemos discuti-los abaixo. Novamente o agradeço, agora tanto pelo elogio quanto pela crítica.
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