Era uma vez um senhor que tinha uma fazenda onde plantava melancias. Ele enchia seu caminhão com as melancias e as levava para a cidade, onde as vendia. Estava certo dia esse senhor andando com as melancias quando a carroça passou por cima de uma pedra. Com o choque, as melancias se mexeram um pouco. O senhor não se importou com isso e começou a se lembrar da primeira vez que isso aconteceu.
Ele fez a sua primeira colheita. Pegou as melancias e as ajustou certinho na carroça. Estava indo para a cidade quando BAM a carroça passou por cima de uma pedra. Todas as melancias ficaram fora de lugar, estava tudo desorganizado... O moço (pois nessa época o senhor era jovem) ficou descontente. Todo o seu trabalho em organizar foi por ralo abaixo, se as melancias se mexem com cada buraco, elas vão ficar batendo uma nas outras, podem acabar caindo, ficarão perdidas e sem ordem.. Ele parou a carroça e pôs se a reorganizar as melancias. Oh, agora elas não vão se mexer novamente. Continuou seu caminho e bateu em uma pedra. Novamente as melancias se mexeram. Umas caíram dos montes, outras foram parar no outro lado da carroça. Novamente nosso protagonista reorganizou as melancias, e novamente bateu em algo que fez as melancias se desorganizarem. O progonista ficou com muita raiva e disse "Se vocês não vão ficar como eu quero, então não vou perder tempo com vocês." E continuou seu caminho para a cidade.
Bateu em outro buraco, e as melancias se mexeram. Bateu em outra pedra e as melancias também se mexeram. Contudo, ele começou a notar o seguinte: As melancias estavam se mexendo menos a cada batida, ele pensou. Então continuou seu caminho. Ao chegar na cidade, as melancias se mexiam tão pouco que ele nem se importava mais.
E com isso, o senhor aprendeu a seguinte lição: em vez de se tentar dar ordem ao caos, pode ser melhor simplesmente deixar que as leis da física atuem. Em vez de ele reorganizar as melancias, se deixasse que elas encontrassem um local mais estável com cada batida, elas adotariam uma ordem mais segura do que a que ele criou. Posteriormente passou a pensar que o único jeito de se conseguir organizar a carroça de modo certo seria conhecer o tamanho de cada melancia e as suas formas, realizar cálculos complicadíssimos só para as por em uma posição estável. Era mais fácil deixar que elas assumissem seus lugares.
Ah, e ele viveu feliz para sempre.
Antes de prosseguir com o livre mercado, é preciso explicar o que eu quero dizer por "mercado". Mercado não é uma coisa nem um lugar (não na concepção a que me refiro). Mercado é um processo. É um processo em que os bens são alocados, ou seja, dados a determinadas pessoas. O mercado (alguns usam o termo "cataláxia") refere-se ao conjunto de todas as relações de trocas que os indivíduos fazem de forma a obterem os bens (e serviços) que julgam necessários ou apropriados. Envolve saber quantos bois serão criados, qual o melhor transporte de açúcar da cidade A para a cidade B, quais pessoas deverão ficar com as cadeiras almofadadas produzidas na China. Parece complicado, não?
O mercado é um processo muito complexo e regido por regras próprias. As leis da física atuam na carroça assim como leis econômicas atuam no mercado. Não é por algo ser complexo que ele precisa ser criado por deliberação (thesis, na linguagem Hayekiana). A ordem simplesmente surge da interação entre pessoas no mercado, assim como uma organização estável surge com o andar da carroça.
Muitos intelectuais acham que podem determinar como o mercado funcionará: como produzir, quanto produzir, quem deve produzir e para quem se deve produzir. Isso só é possível para um Deus, que é onisciente. A racionalidade humana não pode controlar o mercado, esse processo do qual falei. A ideia do livre mercado é justamente deixá-lo funcionando livremente e, com humildade, reconhecer que o mercado funciona, e que a razão humana é incapaz de controlá-lo.
Extra: "mão invisível"
A ideia da mão invisível não é nenhum ente sobrenatural que organiza a sociedade como um mestre de fantoches. Falar da mão invisível em uma economia é a mesma coisa que dizer "As melancias da carroça vão se ajeitando como se uma mão invisível estivesse realizando esses ajustes."
Links úteis:
http://copaziodesaber.blogspot.com.br/2014/05/video-calculo-economico-parte-1.html - primeiro vídeo em que explico o cálculo econômico.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1487 "Por que os intelectuais odeiam o capitalismo"
Tenham um bom dia!
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