domingo, 26 de abril de 2015

Aviso e meu ponto de vista sobre o estudo da matemática

     Inicialmente, quero dizer que vou diminuir a frequência das postagens. Está ficando muito corrido publicar um texto por semana, então vou diminuir para um texto a cada duas ou três semanas.

     De qualquer forma, eis o texto:

     Embora esteja fazendo Direito, sempre gostei muito de exatas, em especial da matemática. Muitas pessoas têm dificuldade nessa matéria, então vou explicar algumas coisas no sentido mais amplo. Dificilmente poderão ser imediatamente aplicadas, pois o que escreverei não são dicas exatamente, mesmo que, no fundo, tenham alguma base prática.
      Costuma-se dizer que a matemática é uma das matérias cujo aprendizado mais requer o domínio de conceitos aprendidos anteriormente. Para aprender operações com frações, é preciso dominar a multiplicação. O cálculo do volume de um cilindro exige o conhecimento da área de um círculo. É claro, é possível utilizar fórmulas, mas saber de cor as fórmulas não leva ao verdadeiro aprendizado da matemática.
      De nada adianta saber várias fórmulas se não se sabe por que ela se aplica. Não digo que é preciso lembrar mentalmente todas as demonstrações, mas é preciso ter noção de como se chega até a fórmula. Pessoalmente, tinha um gosto por aprender o processo sem a fórmula, e em toda questão deduzia a fórmula. Com o tempo, acabava memorizando a própria fórmula e dispensava seu raciocínio.
     A compreensão do processo está ligada a uma aspecto que considero muito intrínseco à matemática: o raciocínio lógico. Como em um jogo de xadrez, é preciso que o matemático veja o problema e os dados que têm, imagine soluções e as submete a um teste. Na matemática, ou os caminhos levam ao nada ou levam à resposta. Há vários caminhos corretos, e todos eles levam à mesma resposta. Chegar a uma resposta diferente implica em ter cometido um erro. Não existe "o" caminho certo, existem caminhos rápidos, e eficientes, mas qualquer caminho que se leve ao resultado é correto.
     O desenvolvimento do raciocínio lógico me levou a brincar de encontrar caminhos alternativos para um mesmo problema. A imaginação de várias formas de resolução indica o domínio nos conceitos utilizados. A imaginação dessas formas não pode se limitar ao conteúdo específico da matéria, mas qualquer solução dentro da matemática pode ser útil: encontrar a área de uma figura pode se dar tanto na geometria plana quanto por equações superiores. No entanto, a imaginação só é possível quando há o domínio que mencionei.
     Kung fu têm várias traduções, usualmente é "trabalho árduo", mas me foi ensinado que é "tempo e habilidade" - só com o tempo e trabalho se desenvolve a habilidade. O kung fu ensina e treina as bases, tipos de golpes, posturas, movimentos dos "pesos do corpo", no entanto, após se dominar os princípios, o aluno espontaneamente passa a criar o kung fu. Primeiro ele aprende a técnica, e só a terá dominada quando conseguir criar a sua própria. O importante não é saber milhares de golpes, mas sim saber os fundamentos dos golpes, e esses fundamentos permitem que o aluno aplique o melhor golpe na situação, ou que desenvolva um golpe de forma autônoma.
     Da mesma forma, um bom ensino da matemática leva a se ensinar processos de raciocínio e fundamentos matemáticos. Isso levaria o aluno a encontrar ele próprio os seus caminhos preferidos. Assim como um enxadrista não pode se limitar a saber táticas e movimentos específicos, mas sim ter uma visão estratégica de como resolver problemas, o matemático deve compreender principalmente os processos e depois as fórmulas.

     Isso tudo se aplica a diversas áreas do conhecimento. No entanto, foi na matemática que vi isso tão claramente. E, ao ver que isso seria o ideal, vejo o quão distante nosso ensino se encontra de passar aos alunos o raciocínio matemático lógico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário