Cotas raciais (e outras medidas como bonificação), sou a favor ou contra?
Desta vez irei me guiar por algumas perguntas para sistematizar o conteúdo.
1 - Qual o objetivo de se adotar cotas raciais?
Qual é o problema que a política de cotas iria combater? A discriminação racial. É indiscutível até onde sei que existe racismo na sociedade. O preconceito que se pretende combater é na cor da pele, no fenótipo. Não se quer combater a pobreza com essa política, se quer combater o racismo.
2 - Sou a favor ou contra?
Sou a favor. Para mim é uma solução (ou um acelerador, mais abaixo explico) para a discriminação, não é um simples paliativo. Se for bem feito, haverá mais profissionais das etnias que hoje são discriminados. No futuro, os cidadãos veriam que há profissionais de todas as etnias (se não igualmente distribuído, pelo menos em maior número do que hoje). Isso evidenciaria à sociedade que a etnia não está associada com a pobreza ou preguiça ou ineficiência em relação de causa e consequência.
Tudo bem que depois de certo tempo o racismo poderia tender a diminuir, mas as cotas poderiam agir como um catalisador, um acelerador. O objetivo não é durar para sempre, mas somente até corrigir o problema ou pelo menos reduzi-lo consideravelmente. Mas é igualmente importante que os grupos façam as campanhas e a conscientização da população (de preferência sem apelar para o politicamente correto e para falácias).
3 - Quem deve determinar a porcentagem da cota ou a bonificação?
A própria instituição deve determinar a porcentagem.
Teve uma pesquisa na UnB avaliando as notas dos estudantes cotistas em comparação com os que entraram normalmente. Os cotistas tiveram notas melhores. Tudo bem que notas não significam bons profissionais, mas é uma forma de avaliar desempenho e indica que existe a possibilidade de paridade entre alunos das diversas etnias.
Ocorre que vi também uma pesquisa da adoção de cotas na UFMG, se não me engano. Nesse caso, os alunos que entraram pelas cotas e os que não entraram pelas cotas tiveram médias semelhantes, não foi possível dizer quem se saiu melhor.
Não se pode esperar que a mesma porcentagem tenha o mesmo efeito na USP, na UFMG, na UnB e na UFPR. Os ambientes de cada faculdade são diferentes. Quem deve determinar as cotas deve ser cada unidade, e não uma decisão de Brasília.
4 - Nesse caso, de cada unidade poder determinar a cota, o que iria incentivar as faculdades a adotarem porcentagens altas?
A faculdade deveria (não sei se irá mesmo) buscar os alunos que se tornarão os melhores profissionais. Lembra-se do exemplo da UnB? A cota pode ser um meio para se obter bons alunos.
Se as faculdades, por motivos políticos, não quiserem, há algumas soluções:
a) Paciência, cada um com suas escolhas.
b) Uma cota mínima obrigatória
c) Incentivos monetários, para cada aluno ou porcentagem, dar uma bonificação para a faculdade.
5 - Tudo bem, mas como determinar quem é de cada etnia?
Essa, para mim, é a questão mais difícil. Creio, contudo, que cada faculdade (elas podem até se unir para facilitar o processo) deva determinar seu método. Seja pela cor da pele, pela descendência, por uma comissão avaliadora, por algum documento.
A cor da pele pode ser um pouco problemática como critério de avaliação. Em cada lugar pode ser diferente quais as tonalidades que um negro pode ter.
A descendência pode ser eventualmente complicada também, como no caso de adoção sem que se conheça os pais.
Os documentos, seja quais forem, caem nas mesmas dificuldades.
A comissão pode parecer meio cruel se for feita para avaliar os concorrentes. Mas ela pode ser feita antes do vestibular. Poderia ter muito custo, o que pode complicar. Pode ainda ser feita com apenas os melhores na prova (se forem 100 vagas, sendo 25 para negros, poderia chamar os 50 primeiros que se dizem negros.)
Essa é uma questão bastante complicada ao meu ver.
Obrigado, tenham um bom dia!
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