quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Crítica ao livro "Deus, um delírio"

    Já havia lido um livro de Richard Dawkins, "O gene egoísta". Se quiserem dar uma lida no que já falei sobre o evolucionismo (como um paradigma), eis o link: http://copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-parte-1.html .
     É um livro bem legal, defende de forma bem interessante a ideia do evolucionismo (não se ainda concordo com a ideia, mas o livro em si é legal).
     Uma amiga me viu lendo o livro de tal autor. Disse que alguns amigos dela leram livro do autor e ficaram chatos (ou já eram, sei lá).
     Enfim, gostei do livro e fiquei curioso quanto ao autor. Resolvi ler o "Deus, um delírio". Tantos lugares falavam (principalmente criticando) que resolvi ler. Terminei a poucos dias e não indico a ninguém.
     No lugar de indicar o livro do Dawkins, vou indicar "Uma história politicamente incorreta da Bíblia". É claro que sou tendencioso em minha indicação. Sou católico e acho que o livro traz uma visão muito interessante e válida.

     Bem, não vou criticar cada vírgula do livro, seria chato e cansativo. Vou apresentar primeiro uma visão geral (e superficial) e depois me aprofundar em uma crítica em especial. 

     O livro é feito por um ateu militante que me parece cego (segundo o autor, apaixonado) pela ideia do evolucionismo.
     O autor defende ideias em favor do ateísmo que são bem falhas, como a ideia de que a culpa de muito e muitos males é da religião, que ela matou tantas pessoas enquanto ninguém mata pelo ateísmo, o que não é verdade. Enfim, se quiserem eu escrevo mais sobre isso.
     O autor critica as provas de existência de Deus. Eu, pessoalmente, acho que algumas dessas provas são realmente bem falhas, mas outras são bem contundentes. Para criticar bem uma ideia, é preciso conhecê-la. Acho que ele não foi muito bom em suas críticas, por exemplo, a crítica à prova que segue causa por causa.
     Mas vejam, eu já imaginava que a existência de Deus só seria concebível por meio da fé, e não por provas lógicas. Contudo, para mim, algumas provas continuam válidas.


     É claro que há (pouquíssimas) passagens no livro que são válidas, como a falácia Beethoven. Mas a visão que ficou para mim é a seguinte: Sabe quando você olha para uma água turva e tenta ver o fundo (e não consegue), bem, é como ele tentando ver a religião. E cai em ideias muito equivocadas e falaciosas.


     Agora, me permitam inserir algumas passagens do texto. As páginas seguem a 15a impressão da Companhia das letras. 

p.362 - "... Essa hostilidade que eu ou outros ateus às vezes expressamos contra a religião limita-se a palavras. Não vou atacar ninguém com bombas, decapitar ninguém, apedrejar ninguém ... por causa de uma discordância teológica." Coloquei reticências por que ele vai citando exemplos que ocupam espaço

p. 389 (após citar uns terroristas islâmicos) "Só a fé religiosa é forte o bastante para motivar uma loucura tão completa em pessoas sãs e decentes."

p. 392 (após dizer que o instrutor de terroristas deveria se matar também - sinceramente não entendo o raciocínio que liga essa frase que abre o parênteses com a frase a seguir) "A mensagem que deve ficar é que devemos pôr a culpa na religião em si, e não no extremismo religioso" [grifo do autor]

     Não sei se nessas passagens ficou claro, mas o final da obra propaga ódio contra qualquer religião. Isso de uma forma tão monocular que não consegue diferenciar a religião do extremismo religioso, e não consegue diferenciar o extremismo islâmico do extremismo cristão e judaico (e de outras religiões). Sabe quando você tem um ponto de luz e projeta sobre a parede a luz de diversos objetos? A sombra de um cubo pode ser a mesma de um cilindro. Isso é o que acontece ao se analisar uma imagem bidimensional de uma imagem tridimensional. A situação análoga é criticar a religião sem diferenciar o extremismo do não extremismo.
      Depois que se dissemina o ódio ("A mensagem que deve ficar é que devemos pôr a culpa nos judeus em si, e não no extremismo judaico"), que é por si uma forma de extremismo, não se pode dizer "essa hostilidade que eu ou outros arianos às vezes expressamos contra o judaísmo limita-se a palavras. Não vou atacar ninguém com bombas, decapitar ninguém, apedrejar ninguém ... por causa de uma discordância racial". (por racial, entenda: étnica, cultura, religiosa, fisiológica etc.)
     Poderão me dizer: "certo, podemos criticar, mas sem incentivar o ódio. Contudo, mesmo se incentivássemos o ódio, nenhum ateu faria coisa semelhante." Não há motivos lógicos para isso fazer sentido (qual a diferença entre o ódio de um religioso do ódio de um ateu?). Basta uma pesquisa na história para concluir que há motivos históricos provando que regimes antirreligiosos fazem coisas piores do que os religiosos.
     O exemplo que gosto de citar é o da China comunista. Mas é mais apropriado citar a Camboja. 48% dos cristãos morreram vítimas do comunismo nesse país por sua religião (segundo a wikipédia). Sim, o comunismo é antirreligioso. Se você é comunista (ou não) e não concorda, apresente as críticas nos comentários.

     Então o discurso de ódio antirreligioso é também perigoso, mesmo que o autor diga que não está incitando a violência, só o ódio.
      O ódio é um sentimento que deve ser combatido, e não é isso que o sr. Dawkins fez em seu livro. E não vejo uma diferença tão grande entre incitar o ódio e a violência. No ódio, a violência é implícita, mas qualquer pessoa identifica essa incitação à violência nos discursos de ódio.


     Espero que tenham gostado, podem postar críticas, conselhos, elogios etc. nos comentários.


Tenham um bom dia!

Links:
Ateísmo de estado - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ate%C3%ADsmo_de_Estado
Sobre o teísmo e o ateísmo, intolerância e moral. (O título é irônico) - http://www.youtube.com/watch?v=3wN91ziQ7LM (se gostou do vídeo vale a pena ver outros vídeos do canal).

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