Para a ciência da natureza, há a falácia 'ad hominem'. O que ela diz? Se você quer refutar uma teoria ou ideia, não critique o autor (a falácia 'ad hominem' é criticar a pessoa), mas a teoria ou a ideia. Exemplo:
A - Eu defendo o evolucionismo. Acredito que Deus criou tudo, e digo mais: Ele criou tudo exatamente do jeito que as coisas são.
B - Não faça isso. Quem defende o evolucionismo é um cristão fanático que não entende nada de ciência e que não é diferente dos 'caras' que atacaram as torres gêmeas.
Não se prova a veracidade de nada atacando seu autor.
Isso se aplica muito bem à ciência da natureza. Mas há aplicações úteis (embora não definitiva).
Se você estudará história, procurará um historiador que seja conhecido por trazer dados reais, e não invenções de sua cabeça. É claro que é possível que o historiador honesto resolva aproveitar sua fama para disseminar ideias imaginárias. Também é possível que o historiador desonesto resolva agir honestamente. Contudo, é provável que isso não aconteça, principalmente se não há nada para se acreditar que acontecerá. As pessoas costumam agir por inércia, a mudança exige um papel ativo.
Se for estudar moralidade, se quer saber o que é o certo a se fazer, não irá procurar a opinião de um ladrão canalha homicida racista. Esse sujeito pode até, no meio tempo, ter se transformado em um monge pacifista que abraça qualquer companheiro que encontra e que parou de mentir e roubar, mas não é provável que isso aconteça. Você provavelmente procurará a opinião de alguém de honra inquestionável e respeitado por seus atos de bondade. É possível que esse sujeito seja pior do que primeiro, mas é não convém acreditar nisso.
Ainda não convenci? Então há um político que foi já foi eleito dez vezes. Todas as vezes prometeu, não cumpriu, corrompeu e foi corrompido. Sempre dizia que tinha mudado. Ele está se candidatando para a décima primeira vez. Diz que mudou, irá cumprir suas promessas e que não fará negócios escusos. Vale a voto confinar nele?
Quem você contrataria para cuidar do seu filho? Uma babá que já estuprou várias crianças de que cuidava ou uma babá que sempre foi amorosa com os filhos?
Isso que foi dito não se aplica para ideias, mas para se avaliar qual o material que se deve iniciar, o que é mais confiável. As pessoas podem ser hipócritas, com discursos e ideias boas, mas sem qualquer ação para concretizá-las. O discurso de um ladrão sobre como ganhar a vida honestamente pode ser figurativamente fantástica, mas haverá um receio inicial. As pessoas pensam (e devem pensar): Se Fulano sabe tanto sobre esse assunto, por que não segue para a própria vida?
As pessoas têm honra. A honra de uma pessoa é uma marca de como ela agiu no passado. Não é sempre verdadeira e não significa que ela continuará sendo, mas a honra existe e é valorizada.
Não devemos, contudo, confundir a eficácia do argumento "ad hominem" com a moralidade em usá-lo e com o sentido em usá-lo de qualquer jeito.
Por exemplo, se você está discutindo qual livro é melhor, a crítica de que um dos autores já assaltou uma casa não afeta a qualidade da leitura. Nesse caso é uma falácia "ad hominem" "de verdade". A crítica que foi feita ao autor só piora o debate. É um argumento traiçoeiro, apela para argumentos que, embora não se relacionem com a discussão, podem convencer.
Devemos somente usar os argumentos "ad hominem" quando eles importam, e não como uma falácia retórica.
Tenham um bom dia!
Aproveitem para curtir a página no Facebook: https://www.facebook.com/pages/Cop%C3%A1zio-de-Saber/1412921775615957
Nenhum comentário:
Postar um comentário