A liberdade envolve a liberdade de escolher errado? As pessoas não escolhem voluntariamente o que elas sabem ser errado, mas podem fazer se não souberem que o que farão é errado. A liberdade é a liberdade de escolher o errado pensando que é certo? Ou a liberdade tem um limite, uma borda, que impeça o ser livre a escolher o que é tão errado?
Quero citar a parábola do filho pródigo. (pode haver erro de interpretação pela minha parte. Se for assim, peço que comentem, critiquem etc.)
Um pai tinha dois filhos. O mais novo, um dia, resolve pedir ao pai parte de seus bens. O pai repartiu o que tinha em duas partes, e deu uma ao filho mais novo. Este saiu. Em sua viagem, gastou a fortuna do pai e caiu em pobreza. Lembrou-se do pai e resolveu pedir a ele perdão. Não se achava digno de ser chama do de filho, mas queria ao menos um emprego e sabia que seu pai tinha vários empregados. No caminho de volta, o pai o viu e imediatamente veio ao seu encontro, feliz. O filho pediu desculpas e disse ao menos para que lhe desse um emprego. O pai, ao contrário, pediu aos criados que fizessem um novilho, dessem ao filho sandálias, um anel e roupas. O segundo filho se sentiu injustiçado pois sempre obedeceu ao pai. O pai disse que este era um bom filho, e que devia se alegrar pois o irmão havia voltado (morto e ressuscitou, perdido e se encontrou).
Foi um enorme atrevimento e falta de respeito o filho mais novo ter pedido ao pai parte dos bens. Mesmo sabendo que o filho faria algo ruim, o pai deu ao filho o que deveria ser dele.
O pai, certamente poderia ter negado o pedido do filho, mas mesmo assim o atendeu. Pelo que parece, o filho mais novo já era um homem crescido. O filho já podia viver independente do pai e não precisava mais obedecer-lhe. Por que o pai deu ao filho as riquezas se sabia que o filho se perderia?
Talvez, por saber que o filho iria independente de sua vontade, o pai resolveu que o ajudaria como possível - dando a ele parte de seus bens.
O que importa nessa interpretação é que o filho mais novo foi mesmo que isso desrespeitasse o pai. O filho tinha a liberdade de escolher entre servir o pai e partir, entre se perder e se manter, entre viver e morrer. O pai, mesmo sendo pai (com o dever de cuidar dos filhos e educá-los), não podia impedir o filho de fazer a escolha, não podia escolher pelo filho.
Esse é o livre arbítrio, a liberdade de escolha. Ela consiste na possibilidade de escolher entre o certo e o errado, o bem e o mal. Nem Deus força o homem a seguir o que é o bem, o que é a verdade, mesmo ele sendo o Bem e a Verdade. Como pode os homens, com sua inteligência e visão limitados, dizer ao outro o que fazer e o que não fazer?
O livre arbítrio não significa que não exista o certo ou o errado. Não significa que cada decisão implica em consequências. Não significa que não se possa estabelecer consequências para as faltas. O que ela significa é a crença de que cada um tem a liberdade de escolher o que quer para si: o prazer imediato ou o futuro, a estabilidade ou a incerteza, o amor ou o ódio. Mesmo que eu saiba o que é o certo e o errado, não posso obrigar o outro a seguir o certo. Posso aconselhá-lo, nunca forçá-lo.
Tenham um bom dia!
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