Nascemos iguais? Podemos crescer iguais? Morremos iguais?
No nascimento, recebemos a vida. A vida iguala, de certa forma, a todos. Contudo, há, já no nascimento, e mesmo antes, diferenças entre as pessoas. Algumas pessoas nascem maiores e mais pesadas do que outras. Algumas nascem mais sensíveis aos estímulos do mundo. Outras já nascem sem qualquer sentimento - os psicopatas. Algumas pessoas nascem homens, outras nascem mulheres. Algumas nascem destras, e outras, canhotas. Isso sem falar, é claro, de diferenças visíveis, como a cor dos cabelos, a cor da pele etc.
Não nego aqui que o ambiente e a educação são os grandes professores e mestres dos homens, contudo tais mestres só ensinam os alunos quando estes já possuem suas peculiaridades. Embora diferentes, o dom da vida é tão grandioso perante tais atributos que deixa as pessoas muito parecidas.
Os grandes mestres ensinam cada um a suportar e aprimorar suas habilidades. Alguns têm o corpo próprio para nadar rápido, e aí poderá fazer sucesso. Alguns nascem sensíveis e se tornam introvertidos (leiam o livro "O poder dos quietos" para entender). E assim por diante.
Mesmo se todos recebessem o mesmo ensino e a mesma cultura, iriam se desenvolver de modos diferentes. Duas pessoas idênticas em tudo, mas cercados por pessoas com dons diferentes, seguiriam caminhos diferentes.
O fato de uma pessoa ser forte não significa que ela trabalhará com sua força. Isso depende de seus outros dons e da concorrência com outras pessoas.
Uma profissão pode exigir diversos tipos de pessoas. Um chefe pode ser extrovertido para manter a equipe unida. Mas também pode ser introvertido para abstrair-se do mundo em busca de uma solução para os problemas.
Com tantas variáveis no jogo, as pessoas costumam olhar para trás e pensar que havia outro caminho melhor para si. Os homens erram, ninguém acerta tudo. Pelo menos você teve a oportunidade de escolha, você investiu naquilo que acreditava.
Ninguém consegue organizar todas as idiossincrasias dos homens de forma a todos se encontrarem em seus melhores postos. Quem acredita que pode fazer isso ou é um deus ou é um louco. Quando as pessoas escolhem seus próprios caminhos, normalmente vão para uma situação pelo menos satisfatória. Quando um ditador diz onde cada um deve ir, é comum que todos se sintam tristes (exceto se sofrerem uma lavagem cerebral).
O mito da igualdade some nesse momento. Em uma multidão todos podem parecer iguais, mas suas vidas são únicas. Seus pensamentos e sentimentos, suas famílias, seus cuidados e suas paixões.
Será a morte aquela que iguala todos os homens? Ela não distingue, como a vida, entre o rico e o pobre, o negro e o branco, o homem e a mulher, o divertido do chato, o bom do mau.
Mas nem todos morrem da mesma forma, ainda assim. Alguns morrem dormindo, outros são torturados, outros se suicidam. Alguns morrem pensando na família, outros em sua terra natal, outros em seu passado. Se realmente, antes de morrer, a vida passa antes da pessoa morrer, cada morte é única pois cada vida é única. Quando se tira do corpo os sonhos e os medos, as conquistas e as lágrimas, cada alma contém uma particularidade perante todas as outras que já existiram.
A morte iguala a todos, mas o processo pelo qual faz isso é diferente para cada um.
Se cada um é único, podemos criar leis universais, válidas para todos? Podemos não considerar essas peculiaridades de cada um?
A resposta é "yes, we can" - sim, nós podemos.
Vamos nos lembrar da natureza. As leis da física e da química, as leis da economia e da matemática, são iguais para todas as pessoas. Não é por isso que a lei da gravidade é injusta.
As pessoas se adaptam ao seu ambiente.
O direito não conseguirá jamais definir todas as situações do mundo (o que não o impede de tentar). Contudo, ele consegue definir os pilares essenciais para a convivência humana. O direito pode buscar algo entre a liberdade e a igualdade. A igualdade plena, assim como a liberdade plena, jamais serão alcançados. Mas a liberdade é aquilo que torna todos iguais, não obstante suas diferenças. "Iguais", aqui, tem um conceito bastante específico. Não é a igualdade de tudo, mas a igualdade na capacidade de escolher, mesmo que as escolhas sejam diferentes.
Obs.: não disse que devemos criar leis universais, e nem que não devemos buscar a igualdade pura ou a liberdade pura nas leis. Disse que é possível haver leis universais sem que elas sejam injustas. Disse que não existe a liberdade pura ou a igualdade pura, mas não que não se pode tentar se aproximar o máximo de um desses pontos.
Tenham um bom dia!
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