domingo, 5 de outubro de 2014

Mediocracia ou meritocracia

      Dedicado às pessoas que atacam a meritocracia.

      Há dois pontos em que a meritocracia é atacada: Ela não garante "igualdade de oportunidade" (todas as pessoas devem iniciar a competição em igualdade) e ela não garante "igualdade de resultados" (todas as pessoas devem atingir os mesmos resultados).
      Eu já falei que a meritocracia não precisa da igualdade de oportunidade. As pessoas não precisam partir do mesmo nível em todos os seus atributos (veja o link abaixo). A própria natureza é """injusta""" (com várias aspas) ao dar características diferentes a cada pessoa. Algumas nascem míopes (ou podem vir a desenvolver miopia), algumas nascem com músculos próprios para explosões e não para resistência, algumas nascem mais sensíveis aos estímulos do mundo, algumas nascem propícias a desenvolverem voz mais grossa ou mais fina, algumas nascem com tendência a ter mais ou menos determinado hormônio, algumas pessoas nascem homens e outras, mulheres. Também algumas nascem em famílias ricas, outras em famílias pobres. Algumas nascem em famílias estáveis, outras nascem no meio de um campo de batalha.
      Quem defende a "igualdade de oportunidade" provavelmente sabe que é difícil igualar certas características inatas, como a altura e a sensibilidade perante as sensações do mundo. O que essas pessoas defendem é uma igualdade sobre características "que se possam controlar", como garantir uma educação igual.
      Esse tipo de pensamento não procura eliminar a meritocracia, só busca uma meritocracia "mais justa". Contudo, esse tipo de pensamento não e estável, não é equilibrado. Vamos supor que, com um passe de mágica, todos tenham uma educação igual no sentido de que todos têm acesso gratuito e fático à educação básica, fundamental e média. Mas continuará existindo uma diferença de oportunidade. Então como corrigir essa diferença de oportunidade? Deve ser culpa dos pais: Há pais que fizeram história e ensinam naturalmente os filhos a aprenderem história. Há pais que são professores de matemática, e já ensinaram os filhos desde pequenos a gostarem dos números. Há ainda pais que se envolvem com a política e conseguem ascender os filhos mais rapidamente em seu partido.
      Como saber quando parar? Vamos voltar a uma escola única para todas as pessoas do mundo? Sem influência dos pais ou professores? Não há um ponto de equilíbrio ao se defender a "igualdade de oportunidade". Há apenas um vetor que aponta para a "igualdade de resultados".
      Ao se buscar uma meritocracia "mais justa" não caminhamos para uma meritocracia, mas para uma mediocracia. Enquanto a meritocracia valoriza o mérito, a mediocracia valoriza a mediocridade. Na primeira, os melhores são recompensados. Não pense que na segunda, se seguirá o ritmo do homem médio, mas do pior dos homens. Irá seguir "o ritmo do cavalo mais lento", e não do cavalo médio. Por isso, o termo "mediocracia" implica em se tornar o padrão baixo o padrão a ser seguido.
      Ao dizer "melhores", "pior dos homens" ou "homem médio", não me refiro ao "ser" de cada homem, mas ao desempenho em cada atividade. O melhor é melhor em determinada atividade, não significa que seja melhor em tudo.
      Para que exista uma "igualdade de resultados", é preciso que o resultado seja alcançado tanto pelos ineficientes quanto pelos eficientes. E a única maneira de fazer isso é exigir o resultado ineficiente, e somente o resultado ineficiente.
      A mediocracia leva à pobreza. Não digo que ninguém possa defender a mediocracia. Você pode se quiser. Mas saiba que está defendendo uma sociedade pobre e ineficiente.
     Será então, para mim, a meritocracia um "mal necessário"? Não. A meritocracia é um bem em si. A meritocracia significa valorizar o bom desempenho, valorizar que o ser humano faça aquilo em que é bom. Significa que o esforço individual é importante para a construção de uma sociedade mais rica. Há desigualdade? Sim, mas a desigualdade em si não é negativa. O ser humano só pode melhorar se existir a desigualdade. Sem a desigualdade, não há mudança para melhor.
      Nossas leis são mais pesadas sobre os indivíduos com menor renda ou desempregados, e não sobre os ricos e empregadores. Sem as leis trabalhistas, o sujeito esforçado poderia propor trabalhar de graça para o empregador, a fim de mostrar que pode ajudar muito caso seja empregado. Com nossas leis, contudo, isso não é possível. O empregador teme que se reconheça uma relação trabalhista onde não exista. Também, como expliquei em outro vídeo, o salário mínimo impede que haja emprego para todos, e que se possa promover aquele que trabalha mais e melhor. Há um custo muito grande por trabalhador, e o empregador teme que, ao contratar, esteja gerando mais custo do que benefícios. Sem o salário mínimo, o empregador poderia contratar mais empregados, que receberiam menos do que o salário mínimo, mas isso permitiria que se contratasse mais pessoas dispostas a trabalharem.

       É muito triste observar que o sucesso e coisas que vêm dele estão sendo mal vistas. Talvez sempre haja um grupo de invejosos ou tolos que maldizem quem é bem sucedido (seja por talento ou por sorte), mas esse problema continua. Quem é estudioso pode receber alcunhas como "nerd", "CDF" etc. Quem é filho de pais bem sucedidos é considerado um "filho de burguês" ou mesmo "burguês" como se fosse algo ruim.

Obs.: Não nego que na vida há influência de um fator sorte, no entanto é impossível dizer quanto é sorte e quanto é talento. Não é possível eliminar a sorte sem obstruir mecanismos para o crescimento e harmonia da sociedade. O fator sorte é importante para sabermos que nem todos os bem sucedidos são talentosos, e nem todos os mal sucedidos não têm talento (isso referente à atividade que se propõem realizar), no entanto a habilidade de cada um pode ser em muitos casos (na maioria, talvez) um fator necessário para avançar mais rumo ao sucesso.



Meritocracia ou herança?
http://copaziodesaber.blogspot.com.br/search?q=meritocracia

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