sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Qual é o problema com o bolsa família? Uma sistematização do raciocínio

      Talvez pense o leitor ou a leitora, ao ver o título, que irei criticar aqui a bolsa família, expor os motivos pelos quais não concordaria com esta política. Esta, todavia, não é a realidade. Meu objetivo um pouco mais imparcial. Quero simplesmente dizer o motivo que me parece mais importante para as pessoas que são contrárias a essa medida. Não vou inserir tanto a minha opinião pessoal e outros motivos. Mesmo assim, a linguagem seguirá o meu raciocínio.

A igualdade

      Pegue duas crianças com pouco mais de um ano e meio. Mostre a elas duas balas. Dê as duas balas a uma delas (e nada à outra, consequentemente). Espere ouvir o choro.
      Uma ideia de igualdade é naturalmente desenvolvida pelas crianças, elas sabem que não se deve criar desigualdade quando ela não é necessária. Uma outra prova disso é a seguinte brincadeira: quando estiver com seus amigos, digamos uns 4 amigos, e tiverem que escolher entre comer um lanche e comer uma pizza, por exemplo, proponha que farão uma votação em que o voto do amigo 1 vala 1, o seu vala 2, o do seu amigo 2 vala 2; do seu amigo 3 vala 3 e do seu amigo 4 vala 5.

       A partir de certa idade, as crianças passam a aceitar algumas desigualdades se houver um motivo que justifique. Por exemplo, se duas crianças tiverem que que arrumar o quarto, uma delas arruma e a outra não, peça para uma terceira criança dizer se é justo dar uma bala para cada. A criança dirá que não é justo. Dê uma bala para cada uma das crianças e a terceira criança achará isso injusto.
      Dê duas balas para a que trabalhou, conforme essa noção primária de justiça. Depois, tire uma das balas e dê à outra. Certamente a criança que antes tinha 2 balas irá reclamar e dirá que é injusto.

Programas de redistribuição

      Como muitas pessoas contrárias ao programa o veem? (não estou dizendo se concordo ou não com essa visão - pelo menos não por enquanto)
      A pessoa trabalha e recebe seu salário. Depois, o governo o obriga a pagar tributos, pegue esses tributos e dá para uma pessoa que não trabalha ou que ganha pouco.
     O raciocínio do parágrafo acima parece ferir noções básicas de justiça - por serem básicas, podem ser incompletas, é claro.
      A crítica a quem critica quem critica os programas de redistribuição é que não é suficiente alegar que a bolsa família equivale a pouco dinheiro. Não importa a quantia. O raciocínio que realizei ignora o valor que é coletado e distribuído. É claro que se pode alegar que a quantia estaria dentro de uma margem de razoabilidade, mas creio que não é eficiente alegar isso. Creio que muitas pessoas, mesmo que seja 1 real o dinheiro que o estado as coagem a pagar para programas de redistribuição, não concordarão absolutamente com essa política.
     Observe: até aqui, não trouxe julgamentos de valor. Não disse se algo é certo ou errado. Estou partindo do pressuposto de saber qual o pensamento de várias pessoas que são contrárias ao programa, e critiquei uma das formas de se tentar convencê-las.

Conclusão

     Se meu raciocínio estiver correto, então vou dividir o argumento de quem é contra em partes:
a) A distribuição inicial é justa, ou pelo menos justificável. As pessoas devem receber conforme seus esforços, e não conforme suas necessidades.
b) O governo não deve obrigar, coagir, as pessoas a pagarem tributos para dar o dinheiro a outras pessoas.
      O ideal em um debate contra alguém que pensa conforme apresentei o raciocínio é discutir esses dois pontos. Creio que qualquer um dos dois argumentos é suficiente para que alguém seja contrário ao programa.

      Terminarei assim, sem uma resposta definitiva? Felizmente ou não, é assim que terminarei. Deixo uma estrutura de pensamento que pode ser contestada e criticada, e digo que o valor pago não é tão importante quanto pode parecer.


Tenham um bom dia!


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