Postagens anteriores (altamente recomendável que leiam):
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-parte-1.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-2-perfeicao.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-ideias-e-politica.html
http://www.copaziodesaber.blogspot.com.br/2013/09/evolucionismo-4-nao-acreditem-na-teoria.html
Tudo bem, agora falando sério: (desculpem pelo tamanho do texto)
Vamos supor que tenha uma espécie vivendo "em harmonia" com seu ambiente. Então surge uma nova espécie "invasora" e acaba competindo com a primeira espécie. A segunda se mostra mais apta, crescendo rapidamente enquanto a primeira diminui. Não há juízos de valor, não há justiça ou injustiça. A segunda prevaleceu por melhor agradar a natureza. Nem sempre a primeira espécie será extinta imediatamente. Ela pode se especializar em uma atividade que a outra espécie não consegue fazer, por exemplo pode aproveitar o fato de ser imune a algum veneno nocivo à segunda espécie.
Com o tempo, a primeira espécie se desenvolverá pelo caminho em que tem vantagem, ou será eliminada. Ou poderá vir a ser capaz de competir igualmente com a segunda espécie. Mas não é um processo possível de previsão. A habilidade de mudar e de resistir é difícil de ser prevista.
Talvez o amigo leitor ou a amiga leitora observem a espécie invasora como injusta. Vamos explorar um pouco essa injustiça. Seria injusto se na própria espécie um indivíduo nascesse com uma vantagem que o torne mais apto do que seus semelhantes? Seria injusto, na área das ideias, que a ideia da lâmpada surja quando a ideia da vela é dominante? Seria injusto na política que um político minoritário seja eleito? Seria injusto que a aldeia A presenteasse a aldeia B com a ideia da roda, que desfavoreceria a ideia do cavalo?
Todo momento no mundo da natureza ou no mundo das ideias surgem novidades. E as novidades tentam sobreviver, tentam frutificar. Se elas não são aptas (a ideia de um raio ser elétrons em circulação pode ser
'melhor" do que a ideia do raio como a fúria de Zeus, mas a última foi mais apta em alguns momentos; a ideia de "melhor" não é a mais apropriada) então entram em declínio. Esse declínio, vale lembrar, não é extinção. Ainda usamos velas, mesmo que pouco. Ainda ouvimos o rádio. Ainda andamos.
A partir do momento em que segunda espécie chegou, passando a competir, iniciou um momento de crise (não sei se o termo é usado na biologia, mas me parece apropriado. Falarei abaixo sobre isso). A crise não precisa ser instantânea ou rápida. Pode acontecer lentamente. Na crise uma espécie dominante é questionada e entra em declínio. Suas fragilidades que sempre existiram são expostas.
A crise não leva necessariamente à extinção, mas provoca profundas mudanças. Normalmente há uma queda no número de indivíduos etc. No reino das ideias, haverá um debandar em massa de apoiadores, mas ainda haverá aqueles que preferirão o antigo.
A própria ciência apresenta uma certa evolução no sentido darwiniano. A ciência não progride em linha reta. Vamos lembrar que a ciência (não só a religião) já imaginou que a terra era o centro do universo. Quantas teorias e teses devem ter se baseado nela? Quando se quebrou esse pensamento, a ciência entrou em crise, mas da crise emergiu um novo pensamento, o heliocentrismo. Surgiram teorias sobre o heliocentrismo. Ele entrou em crise e o sol não foi mais o centro do universo, mas ele se movimentaria também.
Thomas Kuhn, em seu livro "A Estrutura das Revoluções Científicas", defende essa ideia de crise. Para ele, a ciência também não é perfeita. Os paradigmas (teorias, conjunto de pensamentos) de um momento irão NECESSARIAMENTE ser superados. Contudo devemos nos lembrar que existe uma certa evolução, mesmo que nunca vamos atingir a perfeição.
Ao contrário das ciências humanas, as ciências naturais têm o hábito de descartar o que foi superado. Podemos até saber que existiu o teocentrismo, mas não sabemos teorias complexas sobre ele. A ciência da natureza repudia seu passado de crises, dando uma ideia ilusória de linha reta. As ciências humanas são terreno para disputas que já foram travadas há milhares de anos, nela as ideias apresentam maior capacidade de se manterem (sempre há um maluco pensando em teorias viajadas, e muitas vezes ele será compreendido amanhã).
As descobertas das ciências naturais, contudo, ainda estão sujeitas à evolução darwiniana no sentido de ideia mais apta (não a mais correta). Na escola aprendemos física de Newton, certo? Essa física já foi superada pela física quântica. Mas por que ainda aprendemos a newtoniana? Pois é a mais apta. Não é no presente muito interessante aprender na metade do ensino fundamental a constante de Planck ou a mudança na massa dos corpos quando se aproximam da velocidade da luz. Também é pouco prático. Para as escolas, agora, a física newtoniana é mais apta. E será certamente substituída no futuro.
"Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha nossa vã filosofia", disse Hamlet, não apenas nossa filosofia no sentido moderno, mas também na natureza, nas ciências naturais, nas demais ciências humanas, no mundo das ideias etc.
Entramos em um túnel caótico, embora com certa ordem, e longo de infinitos passos. Escuro, muito escuro, mas podemos ver uma luz em seu fim, embora inalcançável. Andamos pois, embora tenhamos medo, sabemos que cada passo nos aproxima dessa luz intangível.
Tenham um bom dia.
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