Postagens anteriores: (altamente recomendável ler antes)
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Richard Dawkins, no seu livro "O gene egoísta", o qual já mencionei outrora, traz uma nova aplicação para a teoria da evolução: para as ideias.
Ideias vivem surgindo quase ao acaso na cabeça das pessoas. As ideias, se forem boas, crescem como uma árvore nos pensamentos de seu gerador. A ideia, a partir de certo tempo, passa a dar frutos: a pessoa fala de sua ideia, escreve textos, desenvolve os pensamentos. Outras pessoas recebem essa ideia e, se ela for realmente boa, passa a crescer nessas pessoas, que também passarão a disseminar a ideia.
A ideia, que o autor chama de "meme" (mesmo radical que "memória"), tem um caráter egoísta: se espalhar o máximo que puder. O meme pode se associar com outros que sejam compatíveis entre si se isso permitir que se disseminem mais rápido. Como em uma epidemia, as ideias boas surgem e dominam.
As ideias, como os genes, tem um certo controle (porém não absoluto) sobre o comportamento dos indivíduos. Quem tem determinados tipos tende a agir de determinada forma. Os memes competem entre si: muitas vezes existem dois memes antagônicos, e um só pode existir se o outro desaparecer. Então desse diálogo surge a ideia mais apta (não a melhor, mas, quanto mais diálogo, mais irá tender para o melhor)
Quis apenas passar uma ideia geral da ideia dos memes. Mais informações no livro que indiquei.
Agora, vou entrar no ambiente sempre muito controverso da política.
Vou dividir, por minha própria conta e risco, a política em dois momentos: a ideia e a ação. A ideia costuma anteceder a ação, nela se verifica a aplicabilidade, os precedentes, as consequências de uma nova política a ser implementada. A ação é a própria aplicação. Uma vez aplicada, o êxito ou o fracasso podem interferir em outro momento em que a ideia dessa política seja debatida.
Assim como os genes, as melhores políticas costumam se sobressair e a se repetirem. E, também, um fracasso não significa o fim. O gene que perdeu continua no jogo, sempre em busca de algo que lhe dê vantagem. O fracasso de uma política não significa a morte de sua ideia, apenas seu enfraquecimento. Ainda haverá pessoas que a defendam e que procurarão entender porque não deu certo. E com base nisso, reformarão a ideia e a levarão novamente para o coliseu das ideias.
A política é um espaço para discussão, não para dogmas incontestáveis. Nela, os perdedores se levantam e podem vencer. Nela, não há vencedor que nunca se sinta ameaçado. É o debate de ideias que possibilita a evolução das mesmas. Tudo pode ser contestado, sempre há obstáculos que servirão como filtro para as ideias menos desenvolvidas (desenvolvidas no sentido de lapidadas pelas mentes pensantes), sempre deve haver uma luta ideológica pelo melhor. E não há nenhuma vergonha em se admitir que a luta é ideológica.
Um aviso: Tenham receio daqueles que querem apresentar uma solução tão perfeita quanto a natureza, tão incontestável quanto uma boa política adotada. É muito provável que essa solução seja infalível: Infalível como os planos do Cebolinha.
Iria parar por aqui, mas acho válido enfatizar: Um pé atrás com fórmulas mágicas perfeitas (principalmente os que não admitem nenhum erro e, por consequência, nenhum meio de correção). Nem a natureza se diz tão sólida. De Marx: "tudo que é sólido desmancha no ar". De Shakespeare: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha nossa vã filosofia".
Espero que tenham gostado, há mais um texto sobre evolucionismo. Aceito críticas, sugestões etc.
Tenham um bom dia!
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