terça-feira, 3 de setembro de 2013

Somos maus? Podemos ser bons?

     Imagine que uma pessoa comum descubra uma forma de se tornar um fantasma, com o poder de ficar invisível, imaterial e flutuar quando quiser. Suponha que ele pode escolher esses três status de forma independente (por exemplo, pode ficar só invisível, ou pode ficar imaterial e flutuar, ou pode ficar invisível e flutuar etc.)
     Na sua opinião, essa pessoa iria usar esse poder de forma boa ou má? Ou simplesmente não se tornaria mal nem bom? Pense por um momento. As pessoas têm amigos e inimigos, têm desejos bons e desejos ruins, têm frustrações e felicidades. Lembre-se que a pessoa terá esse poder por muito tempo. Ela irá continuar boa ou má durante todo esse tempo? O que você faria?
     Mesmo que haja uma pessoa ou outra que não façam nada, a maioria provavelmente tenderia para ações egoístas.
     Mas isso não prova que o ser humano é mal. Vamos procurar alternativas:
1. O ser humano é bom, mas o poder o corrompeu.
2. A questão não é o poder exatamente, mas o poder ser anônimo.
3. As pessoas não são boas nem más, isso é uma construção social. Em uma sociedade ideal, todos podem ser bons.
     Vou trabalhar o terceiro argumento. Mesmo que os valores possam ser ensinados, mesmo que se possa aprender o sentimento de coletividade, quando uma dessas pessoas recebesse o poder, ela iria ignorar suas tentações e respeitar o que lhe foi ensinado? Existem paixões biológicas do homem, que não surgem do ensino, mas da própria natureza. Essa pessoa que foi bem educada não estaria isenta do desejo de abusar do poder.
     Talvez ela não abuse tanto quanto poderia, ou talvez ela tenha uma resistência maior à tentação.

     Agora vamos ser um pouco menos pessimistas. Existe um pré-determinismo que faz com que se saiba qual pessoa não se corromperá? Mesmo se supormos que a corrupção seja inevitável, é possível saber quem irá resistir mais e quem irá abusar menos? No fundo, as pessoas têm um determinismo biológico/cultural ou será que há um poder de decisão que ultrapassa qualquer vocação (vocação como sinônimo de "chamado")?
     Há de fato um livre-arbítrio? A decisão de um homem ou de uma mulher pode competir contra a natureza e a sociedade?
     Eu penso que não há determinismo para os indivíduos. Penso que existe um poder de escolha. Também penso que, mesmo que as pessoas errem, elas conseguem se arrepender e conseguem aprender com a culpa e com o passado.
     Talvez sejamos maus, mas podemos ser bons.


Tenham um bom dia

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