Já que a mídia repercutiu o caso dos Beagles (há muito tempo atrás), vou trazer uma opinião particular sobre o teste em animais (antes tarde do que nunca). Se for oportuno, outro dia eu continuo o assunto.
Talidomida
Esse nome estranho é de uma substância que se descobriu ter efeitos sedativos, anti-inflamatórios e hipinóticos. Descobriu-se que poderia ajudar a combater o enjoo matinal de mulheres grávidas. Na época em que surgiu, a indústria farmacêutica realizou testes em camundongos e eles não apresentaram efeitos colaterais relevantes. Observe o/a leitor/a que na época os testes em animais eram pouco rígidos e não havia tanta preocupação metodológica com esse estudo.
A talidomida foi rapidamente comercializada no mundo inteiro, sendo muito indicada para mulheres grávidas (que sofriam de enjoo). Quando os filhos nasceram se revelou um problema inesperado: os filhos das grávidas nasciam com problemas na formação dos membros. Surgiu a geração conhecida como "filhos da talidomida".
Posteriormente foi revelado que o uso dos roedores não era apropriado. A forma de metabolizar a droga por camundongos era diferente do que ocorria no corpo dos homens. Também se realizou testes com a mesma droga em coelhos e primatas, cuja forma de processar a droga era mais próxima da nossa. Estes testes revelaram que os filhotes das mães que usaram o medicamento apresentaram deformações.
Se na época houvessem feitos mais testes em animais, a tragédia poderia ter sido evitada.
Os animais podem ter direitos, mas surge o dilema entre esses direitos e a busca pelo desenvolvimento de novos fármacos (tratamento de doenças, teste de novas substâncias etc.).
Indústria farmacêutica
Quase todos as substâncias usadas nos medicamentos atuais já foram testados em animais. Só não digo que são todos pois não estou tão por dentro do assunto. De qualquer forma, é extremamente difícil encontrar um medicamento que não tenha testes em animais em suas substâncias.
É praticamente impossível viver em um mundo que não se beneficiou dos testes em animais.
Atualidades
Fui, no meio deste ano, em um simpósio sobre a ética no uso de animais. Pensei que iriam discutir se era ou não ético usar os animais em pesquisas. Mas na verdade todos já tinham por pressuposto que o teste em animais era necessário. A discussão era qual a melhor forma de usá-los.
Antes de falar sobre a melhor forma, teve uma palestra que me deixou muito intrigado. O pesquisador falava da pressão alta. A maioria dos casos de pressão alta tem causa desconhecida. Os remédios atuais só atacam os efeitos. De qualquer forma, o pesquisador estudava as girafas, que têm naturalmente pressão alta, mas não sofrem os efeitos dela.
Qual a melhor forma de usar os animais?
1 - Evitar que o animal sofra. Em vez de provocar dor nos animais em testes de analgésicos, apenas provocam irritações. Os roedores, por exemplo, sentem-se desconfortáveis com uma temperatura levemente alta (incapaz de provocar danos). Se discute o modo mais eficiente de dar analgésicos aos animais, qual a melhor combinação, a quantidade etc.
2 - Reduzir o número de animais testados - não se busca eliminar o uso de animais, mas reduzir o número utilizado. Pode-se melhorar a qualidade de tratamento dos animais, dando rações boas, evitando estresse, deixando-os em um ambiente tranquilo.
3 - Os testes já feitos devem ser divulgados internacionalmente, para não ser preciso refazer certos experimentos para cada medicamento se muitos componentes já foram testados.
4 - Conhecimento sobre o metabolismo dos animais para que se possa usar a espécie e raça apropriadas, o que diminui o número de animais usados e torna a pesquisa mais aplicável ao ser humano.
mais informações, veja:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2812200804.htm
http://www.youtube.com/watch?v=vWy_hziZYL8 - para quem gosta de vídeos
Tenham um bom dia
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