quinta-feira, 24 de julho de 2014

O que fizeram de nós

      Faz mais de um ano que queria escrever sobre esse assunto. Mas sempre me esqueci. Finalmente o universo conspirou para que meu desejo se realizasse. Espero que gostem.

      Estava eu com um grupo de amigos após algumas provas da faculdade. Conversamos uma vasta sorte de assuntos, todavia lembro-me especialmente de uma fala de uma das moças. O tema se referia ao fato de alguns prédios litorâneos estarem inclinados. Obviamente não são todos os grupos que discutem isso, e menos ainda os que discutem as causas. Essa moça em questão começou a explicar maravilhosamente bem como o fenômeno funcionava. Neste momento, percebi que ela estava falando algo de que gostava. Agora, é possível comparar o entusiasmo com o de uma criança que, encantada, conta algum caso.
      Durante esse momento, como que atingida por um choque da realidade, ela encerrou sua fala com "blablablá e afunda". Sua justificativa para tal esmagamento do conteúdo era de que eram "nerdices" (tenho quase certeza de que ela usou esse termo): às pessoas "comuns" não importava saber a precisão dos fatores envolvidos, apenas o efeito, o afundamento dos prédios.
       Nesse momento pensei "o que fizeram de nós?". Grupos mais intelectuais deixam de falar de coisas pelas quais estão apaixonados para não "chatear" os demais. Que maldito incentivo à mediocridade. Poucos grupos aceitariam discussões que envolvessem tais assuntos, e, ao não aceitarem, acabam por sufocar os brotos do que poderia, no futuro, ser uma genialidade.

      Parafraseando Shakespeare, pobre daqueles que sabem, hão de pagar o preço de não serem compreendidos.Os poucos que sabem entram no dilema de ou se isolarem cada vez mais ou cortarem seus talentos. Pouquíssimicos conseguem equilibrá-los com certo sucesso, embora o equilíbrio significa que nenhum dos pontos atingirá seu ápice.

       Essa segregação já se manifesta na própria escola: Poucos grupos falavam de assuntos mais científicos. Na faculdade, continuou essa divisão, seja por herança do ensino anterior, seja por haver uma segregação entre áreas de exatas, biológicas e humanas promovidas pelos próprios alunos: cada estudante se interessa quase exclusivamente por assuntos de sua área (e mesmo dentro de humanas há isso também). Talvez seja hora de repensarmos o culto à especialização em que as pessoas só conseguem entender poucos assuntos.


Tenham um bom dia!


Obs.: Por favor, marquem abaixo as reações sobre o post. Isso é importante para que eu saiba o que estão achando das minhas postagens.

Sintam-se à vontade para comentar, criticar, sugerir.

Aproveitem, e curtam a página do blog no Facebook:
https://www.facebook.com/pages/Cop%C3%A1zio-de-Saber/1412921775615957

Nenhum comentário:

Postar um comentário