sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vestibulares

Oba! Resultados do vestibular. Quero dizer, Nããão, resultados do vestibular - o que você preferir.

     Muitas pessoas que passaram em provas, concursos e vestibulares acabam dizendo para si ou para os outros que Deus é o responsável e negam o próprio papel de estudante, seja por humildade, seja por baixa auto estima.
     O que significa você passar no vestibular (aqui, me refiro a outras provas e métodos de avaliação)? Significa que a instituição que avalia por meio dessa prova considera que você está apto para ingressar no curso ao qual você concorreu - não que você realmente esteja, mas os testes avaliam que sim.
     Se você assume a total responsabilidade de sua vitória, significa que o seu nível de conhecimento e esforço foram avaliados como suficientes para o curso.
     Se você assume que a divina providência foi a responsável, significa que Deus, por algum motivo, aprova sua participação no curso. Abaixo vou desconsiderar a intervenção divina, não que não acredite nela, mas para que se possa seguir a linha de raciocínio.
     Os cursos de prestígio e importância são naturalmente mais concorridos. Mesmo que a prova seja fácil, você não está competindo contra a prova, mas contra outros candidatos. Se a prova for fácil e concorrida, muitas pessoas irão gabaritar. Por um golpe de azar ou distração, a pessoa pode errar uma soma, por exemplo, e ser eliminada - mesmo sendo melhor do que as outras. Para evitar essa situação, os cursos concorridos aplicam provas mais difíceis. Nelas, um pequeno desvio não pesa tanto.
     Tais cursos concorridos também costumam exigir mais dos alunos. Para ter sucesso neles, não basta gabaritar uma prova fácil, então é preciso de uma prova difícil que avalie conteúdos que exigem maior nível de características como inteligência, dedicação, aprofundamento.
     Acredito - e posso estar enganado - que exista uma relação, mesmo que tênue e com exceções, entre um curso concorrido e a dificuldade da prova. A instituição escolhe o método que melhor avalie as características desejadas.
     Por exemplo, instituições como a USP, Santa Casa, ITA e outros têm métodos de seleção rigorosos.
     Tudo bem que as instituições não conseguem avaliar os melhores, todos os métodos empregados podem deixar entrar um aluno menos desejável que outro aluno que não entrou. Isso acontece. A questão é: Pode uma instituição escolher um método que não acredita ser o mais apropriado?
     Um caso é a instituição permitir a entrada de um aluno cujos pais realizaram uma "doação" à instituição. O aluno pode não ser o melhor, mas a doação pode ajudar a instituição a aprimorar sua biblioteca. Há um peso entre valores e utilidades.
     Outro caso é a instituição receber incentivos ou punições que a façam seguir um método que já se sabe ser ineficiente. A situação se parece um pouco com a anterior no seguinte sentido: A instituição recebe dinheiro (ou não recebe uma punição) caso permita a entrada de aluno/s ruins. Aparentemente a moralidade nessa situação é mais fraca do que no primeiro caso, mas afeta todos os alunos que entram. Os alunos ingressantes podem simplesmente não ter as qualidades necessárias para o curso.
 
     Minha opinião é que as instituições devem ser livres para escolherem a melhor forma de ingresso sem terem que pesar "doações", incentivos fiscais ou com punições caso não adotem determinada forma de avaliação. Formas de avaliação falhas produzirão resultados falhos.
      Só para explicitar um pouco mais: Instituições respeitadas têm avaliações respeitadas para os ingressantes. Há algo muito errado quando a avaliação de entrada é obscura, falha, repleta de denúncias de vazamento da prova, sem métodos de correção explicitados claramente antes da avaliação e que cobra conteúdos de ensino fundamental quando se é preciso de um conhecimento de ensino médio. Esse problema pode ocorrer vez ou outra, mas quando um grande número de instituições apresentam esse defeito simultaneamente, há algo errado. Hamlet disse "Há algo de podre no reino da Dinamarca", mas se pode interpretar "Dinamarca" como outro lugar...

Obs.: Antes que me critiquem por usar os termos "características" e "qualidades" necessárias para determinado curso, pensem que um aluno de engenharia tem que saber matemática e física em um mínimo. Isso só é possível com dedicação, estudo e prática. Saber matemática e saber física são características e qualidades para o meu ponto de vista.


Tenham um bom dia!
Parabéns a todos os candidatos que foram aprovados no vestibular. Que a avaliação tenha sido justa e apropriada. Que Deus esteja com vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário